quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A teia da globalização



Partindo do renascimento como um marco genitor do capitalismo e sua mundialização, a racionalização do mundo passou a um novo modo de organização da cultura ocidental. Figuras como Newton e Descartes formularam leis que contribuíram à matemática, engenharia e mecânica. Modificando o modo de produção industrial e por sua vez na organização social, anteriormente servil. Passamos pelo o iluminismo, Revolução industrial, diversos momentos históricos que configuraram um novo mundo industrializado, capitalizado nas relações.

Após o modelo fordista e toda a configuração da indústria mecânica que reinou até a década 70. Passamos à terceira revolução industrial, após a crise do petróleo, marcada pelo início era da microinformática. Novos aparatos técnico-científicos especializados são presentes desde então, modificando as relações e a produção. A robótica reduziu uma quantidade surpreendente de trabalhadores a um número restrito e especializado, modificando também, os meios de comunicação, reconstruíram a idéia de espaço na cabeça das pessoas. “Todo” lugar é acessível e consumível.

A globalização (nome surgido na década de 80) não significa exclusivamente aquela idéia de morte da cultura a dar lugar ao modo estadunidense de ser: Consumista, ouvir rock n roll, usar jeans, comer um Mac e ver um filme de Hollywood como aponta o Vicentini. A globalização junto à microeletrônica e a internet mudaram a lógica de mercado e informação. De que forma? Vejamos da seguinte forma. Pegamos um indivíduo, por exemplo, damos a ele a possibilidade de percorrer todo o mundo em poucos Clicks. Ter sua língua traduzida por um sistema e um poder de compra em que sua moeda local é automaticamente convertida à moeda de outro país.

A terceira revolução industrial, mundo pós moderno, globalização, ou seja lá como chamamos a configuração desse marco histórico do qual estamos inseridos. Estamos em um adensamento espacial, somos bombardeados por informações constantes. Vindas de diversos lugares e conectadas à infinitas informações de paginas e arquivos, não é a toa que falamos de web ou rede associada à microeletrônica. Ela modificou a forma das relações sociais de comunicação, seja no Massenger, Skype, Facebook, Twiiter, etc. Temos uma organização do trabalho pautada na informática em sua maior parte. Seja no caixa do supermercado à softwares financeiros, Biotecnologia, indústria Química, Geoprocessamento e por ai vai.

Antes que algum “ crítico” venha me apedrejar. Refiro-me nesses casos anteriores, aos indivíduos que estão inseridos. Àqueles que não estão inseridos, o Milton Santos 2000 no seu “Por uma outra Globalização” se refere a outra face gerada pelas consequências da microinformática e tecnologia conseqüentes do capitalismo: Desemprego, fome, exclusão, já que essa lógica “ocidentalizada” exige uma especialização por sua vez, não adquiridas por todos, reforçou-se a precarização do trabalho a uma nova eficiência fragmentada e selecionada de trabalhadores (Paul Singer). Esse é um braço para outro discurso.

Então, meu objetivo nesse breve texto foi trazer um pouco das implicações desse meio técnico presente na globalização, veículo da informação àqueles que estão inseridos nela. Transformando a noção o espaço global às telas. Não temos uma homogeneização da cultura, mas um veículo de disseminação de culturas através de aparelhos que possuem multi funcionalidades, seja ao trabalho, consumo ou lazer. Não podemos mais dizer microcomputadores ou laptops isoladamente relacionados à internet de altas velocidades, mas diversos aparelhos que se transformam constantemente, adquirindo a novas funcionalidades condensadas a serem adquiridas e destinadas enfim, ao conforto.


Notas:

Parte das informações foram extraídas da entrevista com Willian Vicentini (Professor de geografia da USP e autor de inúmeros livros didáticos) na REVISTA FILOSOFIA. NUMERO 19. Editora: Escala educacional.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Editora Record, 2000.

Fonte da Imagem: www.forumpcs.com.br

6 comentários:

  1. A bem da verdade, meu caro Miguel, nunca tivemos uma cultura homogeneizada. A terceira revolução Industrial continua a saga do acesso desigual as tecnologias e a cultura, as elites e as instituições permanecem com seu discurso ideológico, via mídias, de educação para todos, de cultura a gente vê por aqui e por aí vai. Por outro lado, é bom que existam culturas, pois assim veremos sempre discursos e práticas diversificadas.

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  2. Meu caro Miguel,
    a globalização me faz sentir-me redondo, boludo ou inchado. Um belo texto e muito esclarecedor.

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  3. miguel!

    como diz roosevelt, é u mtexto bastante esclarecedor. Vai desde o renascimento até os dias de hj. Se foi breve, talvez sim, mas vc foi bastante denso e muito cuidadoso quanto as particularidades ao relembrar Milton Santos e na sua proposta de uma "outra globalização". Uma globalização quem sabe de uma alternativa sobre várias alternativas que amordaça a condição do sujeito q lhe impõe nas forças imperativas do poder. Um poder que é também estabelecido pelo consumo que está para todos, mas que obrigatoriamente, por questão de oportunidade, nem todos podem consumir. Apenas poucos.
    Curioso que mesmo que o progresso tenha utilizado todos os requintes para dá facilidades ao indivíduo encontramos em constante progressão a exclusão social, os bolsões de pobreza nos pólos industriais, marginalização, segregação e a violência urbana. Feliz foi a crença do norte- americano White quando diz q a industrialização reverteria a diferença social. Triste é o resultado atual : muito distante de suas premonições.

    Um grande beijo!

    muito bom texto

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  4. Caro Alysson,

    Essa idéia de homogeneização coloco porque muitos tem essa imagem que o mundo tá virando uma coisa só em termos de simbólo, quando na verdade existe uma polarização que mistura a logica segregadora economica dominante aos meios locais que não cedem a uma totalidade, impõe ao seu território mas ao mesmo tempo não se exclui dessa lógica global. Os seja, as culturas estão sendo modificadas por um pólo de força global que hierarquiza e exclui, mas não se perde ao total.
    A intenção foi desmistificar essa ideia do homogeneo mesmo.


    Grande abraço

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  5. Querida Maíra,


    Concordo, rolou e ainda está por ai a ideia difundida pelos meios de comunicação que a intenção da Globalização é superar os problemas sociais. Enxergamos justamente o contrario dessa ideia que se utiliza de meios tecnologicos para difusão de uma ideologia que explora, exclui, fragmenta e desarticula as pessoas no proprio territorio, distancia cada vez mais aqueles que exercem poder sobre os locais menores e impossibilitados de dar uma resposta e muitas vezes até enxergar sua inserção a exclusão.


    beijão

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  6. é, pior miguel. se ollharmos para o percurso da história enxergamos uma "regularidade" nesse comportamento social em que o poder prevalece na distição de classe e exclusão da maioria em termos populacional e da minoria em termos da diferença.

    bjao

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