segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Boneca de Hans Bellmer II





Corpo belo,

lascivo
e escuso.







* Hans Bellmer
La Poupée , 1935. Vintage gelatin silver print
9 3/8 x 9 1/4 inches (23.9 x 23.6 cm)
(BELL 21)


* Caros leitores e amigos do Torto,
Peço desculpas pelo meu atraso motivado por falha técnica. Um beijão para todos!

15 comentários:

  1. Maira,

    Sinceramente, eu prefiro a Barbie, uma vez que ela reflete nossas verdadeiras opções estéticas. É óbvio que uma boneca dessa da foto não representa porra de nenhum Ideal de beleza preconizado pelo Ocidente.

    Por isso que apesar de alguns stress, eu me amarro no torto, pois pelo menos eu o vejo dizer o seguinte: requestiono todas as verdades legitimadas socialmente por saber que elas são falhas por serem humanas, mas admito que muito do que eu critico do social eu quero e me usufruo para o meu conforto. É melhor pensar assim pois ai evitamos partir para um olhar hipócrita.

    Para mim, uma coisa sou eu admitir que o lado grotesco é algo que deve ser pensado e jamais descartado por também fazer parte da natureza humana; outra coisa sou eu dizer que o que eu fui educado a entender como feio é belo.

    Por exemplo: estão duas pessoas metidas a "abertas" em meio a uma praia e ao se depararem com uma garota ou garoto convencionalmente classificado de gostoso e um garoto e garota gorda como essa boneca, qual garoto ou garota que eles com maior probabilidade iriam escolher? O gordo e a gorda? kkkkkkkk

    Claro que em se tratando de humano, existem váriaveis, mas em geral eu tenho a plena certeza de que essa boneca serve muito mais para autoafirmações aborrecentes metidas a vanguardistas do que necessariamente um esclarecimento critico e uma prática consciente acerca dos padrões estéticos.

    Por isso que as vezes odeio esse tipo de proposta estética metida a "cabeça pra frente" mas que não passa de posturas artificiais e forçadas ao tentar colocar o feio no patamar do belo.

    Para mim, uma bosta continuará sendo o residuo, o podre, o escroto e um reflexo do que comemos. Jamais a beleza de uma bosta nos servirá para nos causar apetite, mesmo por que inevitavelmente associamos a bosta a uma bosta, ou seja, a algo nojento e repugnante.

    Acredito que é bom colocarmos as coisas de forma sincera. Por isso que eu prefiro a Barbie.

    ResponderExcluir
  2. axei feia essa boneca
    Alan

    ResponderExcluir
  3. Minha cara Maíra,
    Mais uma vez vc arraza. De fato seu texto é muito pequeno, mas aliado a foto Bellmer ele está como uma legenda, uma pista do que o artista quis dizer com sua boneca despropocional. Vi claramente a infância do autor, sua relação edipiana com a mãe e também, o abuso do mundo mascuçino e feminino impondo padrões universais de estética. A boneca é para chocar, acho que intenção foi essa. Um beijão.

    ResponderExcluir
  4. oi roosevelt!

    só para esclarecer: o pequeno texto, foi minha inveção, não extrair nenhuma insinuação. Muito mais q a intenção entre o belo e o feio, creio q a proposta do Bellmer contempla o desejo humana nas maiores diferenças. Vê a partir disso, uma energia, em termos psicanalíticos, uma pulsão amorfa ou melhor tendo uma diferente forma da qual nos conhecemos. Creio eu, que ele se aproxima muito do sistema sadiano quando se retrata ao corpo em sua obra. Assim como Sade, o corpo é para ser levado aos seus limites, às trangressões. Sua extrema sexualização não converte ao corpo pornográfico, mas erotizado, condesando de diversos pontos de satisfação.Como vemos na boneca, é um corpo sem forma, exdruxúlo e gritante aos nossos olhos. Mas, conhecendo um pouco mais sobre esse artísta dadaísta percebemos a inteligente sacada dele: ele "quebra", desmembra várias partes da boneca e faz incabíveis junções para expressar sobre o nosso "verdadeiro" corpo ou o corpo em sua verdadeira espontaneidade.
    sim, vejo como vc. ele choca. choca p valer, pois a sua proposta é incrivel e bastante autêntica.
    mais uma vez com Cavenacci, um corpo estranho, mas muito mpróximo a nós.

    Um beijão

    ResponderExcluir
  5. olá alan,

    sim, não deixa de ser feia. feia e bela. talvez pq ela nos causa o mesmo estupor qndo estamos diante do "belo". A nossa retina se fixa desmedidamente a sua frente, como tentativa de encontrar algo perdido.

    um beijão

    ResponderExcluir
  6. oi roosevelt,

    desculpas eu cometi um equivoco! vc percebeu q o minusculo texto n e do bellmer. Seu comentário foi breve, mas me fez refletir muito a cerca disso quanto ao complexo de edipo. Interessante. Não havia pensado nisso.

    beijao

    ResponderExcluir
  7. Como o Vinícius fez questão de ser extremamente classificatório de propósito, numa nítida alusão ao que a boneca representaria: alguém dizendo que a desgraça é também uma forma de expressão, mas não deixa de ser uma desgraça por isso, já que o padrão de desgraça culturalmente arranjado não mudará tão cedo, e, muita embora ele não se encaixe neste padrão (nem eu) e nem goste de praia (muito menos), é a Barbie que lhe dá tesão, seja por questões biológicas ou culturais; vou concluir afirmando, também classificativamente, que, seja lá quem for o autor, não é um Viking, portanto não está tão longe da visão padrão estética que temos hoje, o que o põe numa posição de crítico aberrante do padrão vigente, como especificou o Roosevelt.

    ResponderExcluir
  8. oi lou,

    tem razao. creio q a cultura defina e nem mude tão cedo. Até pq as mudanças ocorrem paulatinamente. e se existe cultura, há padrão q nos proporciona expressar as nossas construções sociais ou delimita determinados comportamentos. Expor algo q choca, creio eu q n esteja tão distante do q é repensado na nossa cultura, pois n podemos esquecer q por mais q o artista seja d vanguarda, ele pertence a esse meio social.
    colocar ideias fora do q estamos acostumados a ver, é sempre interessante.

    bjo

    ResponderExcluir
  9. caro vina,

    se vc prefere a barbie, eu prefiro o Ken. Não dipenso em eleger aqueles q são torneados, cabelos aloirados e olhos preferencialmente verdes. Mas isso não passa de escolhas conscientes.Sim, pq já me vi compulsivamente inclinada por aqueles fora do padrão, inclusive os gordos. Falo por mim, mas acredito q muitos sejam assim. Duvido q as nossas escolhas sejam constantemente aliadas ao nosso padrão cultural, pois somos extremamente complexos para estar eternamente em uma tendencia. Ou melhor, qndo se mexe com os nossos instintos incontroláveis, não tem briquendinhos e bonequinhas da Mattel q deem conta. Como diz Freud, a beleza talvez seja um recalque para esconder o nosso desejo pelo pavoroso. E isso vi no hans bellmer. Pôr as bonecas em exposição nos faz pensar em outras possibilidades e inclusive do q seja o belo. Belo em todos os níveis q não cabe apenas na nossa consciência e escolhas coniventes com os ditames culturais.
    Qual o problema em dizer q o grotesco é belo? afronto? impossibilidade? hipocrisia? bem, afronto talvez, pois se digo q a boneca é bela, ficamos estupefados, daí ser hipócrita? pq hipócrita? A hipocrisia atravessa um discurso da negativa em q eu nego a minha condição, mas extender conceitos, a partir daquilo q é impensável n vejo ela presente. Afirmar conivencia com os acordos culturais acredito q seja um discurso mais hipócrita ainda, só q às avessas. Digo q só contemplo os Kens e Bobs da vida sem ao menos ter me atraído por um Michael Moore. Balela, todo mundo ama o grotesco em algum momento, mas nega. Antes pensar um pouco vanguardista a ter q cair num conservadorismo, como disse, as avessas, em q acredita em apenas um lado prepoderante das "tendências" humanas inscrito nos anseios culturais.
    Vejo q o belo , meu caro, em tons simetricos anda em vigor, mas considerar sendo único, anda muito ultrapassado. Esse conceito foi muito mais forte na Grécia antiga.
    Como uma vez eu disse, a barbie e linda, mas infelizmente ela não preenche em todos instante os anseios desejosos dos corações masculinos.

    um beijao

    ResponderExcluir
  10. e verdade , uma barbie so serve pra vc gozar e pronto , como vc falou n prenche os anseios do coraçao masculino , eu msm me sinto atraido por mulheres magrelas , consideradas indejadas pelas maiorias do homens , e tbm outros tipos de mulheres que n podem ser tao bonitas como barbies mas suasatraem o homem e deixa a barbie no chinelo pq enche o saco o que a barbie fala e pegar barbie e pronto se n der foda se
    alan

    ResponderExcluir
  11. Maira

    "o corpo em sua verdadeira espontaneidade". Nesse sentido eu concordo plenamente.

    "a beleza talvez seja um recalque para esconder o nosso desejo pelo pavoroso"
    Porra, uma analise bastante interessante

    Porém minha querida, não mantenha esse olhar de associar a vanguarda como algo apenas libertário! A vanguarda pode ser conservadora também. Esse olhar acerca da vanguarda, ai sim, para mim é algo que já se encontra obsoleto. Basta pensarmos que artistas da música da dita vanguarda paulista não conseguiram sair dos muros das bienais e universidades de São Paulo. Sabe por que? Insistiram em modelos estéticos por demais segregadores. Não estou dizendo que você disse isso, mas é bom termos cuidado em não simplificarmos o fato de fazermos propostas de doidices com algo anti-conservador.Preservar o segregacionismo é conservador, até por que como eu disse anteriormente, busca-se o preservar e preservar se nega a mudanças.

    Entenda também que o fato de admitir algumas estabilidades não significa dizer que sejamos conservadores. Volto a dizer: devemos evitar a construirmos um olhar que separe o respeito a manutenção das mudanças. Eu posso muito bem querer buscar uma estabilidade, preservar determinadas coisas e não necessariamente aceite que as coisas devam ficar assim para toda a eternidade.

    Quanto aos vanguardistas e muitos amantes da vanguarda, eles têm que acabar com esse papo de que ser vanguardista é apenas chocar, até por que o conservadorismo também choca assim como possibilita revisões de valores, afinal, se for criticado, será repensado.

    Ah, e o repensar o belo não é algo que se tem agora não. O maneirismo já fazia isso há muito tempo.

    bjs

    ResponderExcluir
  12. oi vina,

    qnto a vanguarda, isso foi por sua conta. Qnto ao conservadorismo, vi, entre muitos conceitos, o seu olhar apenas direcionado ou tendenciado a ver algo q eu não me expressei , pelo menos nitidamente. Entre outros textos, esse foi mais um de linguagem aberta, pois não tive nenhuma preocupação em fechar para algum significado. Não q eu veja isso como negativo, mas uma opção ou estilo. A minha discussão é outra e não concerne que é da vanguarda ou quem participa do partido conservador. Nesse sentido, alocar para algum partido eu não tenho muita habilidade. Outro ponto q me senti livre a defender diretamente a minha ideia opondo a sua foi a sua rapidez em direcionar o seu foco para o belo e a partir daí converger muito a minha idéia. O pequeno texto q citei foi "corpo belo, lascivo e escuso" ou seja, há contradição entre os termos, principalmente entre belo e escuso.
    qnto aos cuidados, nem eu e nem vc precisamos ter , pois se trata de diferenças de opiniões.

    um beijão

    ResponderExcluir
  13. Maira

    "alocar para algum partido eu não tenho muita habilidade".

    Nem eu.

    " A minha discussão é outra e não concerne que é da vanguarda ou quem participa do partido conservador".

    Minha opinião: a partir do momento em que fazemos questão de chamar atenção para a especificidade do nosso texto, isso sim para mim é conservador. As coisas quando tendem a ser limitadas, tendem a negar as redes de multiplos sentidos geradas por uma troca de idéias. Mas como você mesma disse, esqueçamos os cuidados, afinal, sõa diferenças de opiniões.

    beijões pra você também

    ResponderExcluir
  14. Chamar atenção para uma dita especificidade aberta para diversos significados não tem nada de conservador. Se vê uma regularidade em minhas opiniões, sim meu caro, eu concordo c vc, existe um conservadorismo em minhas idéias. Como vc mesmo disse, tendemos sempre para um conservadorismo de ideias ou opinioes, aquelas ditas tendências. o q não significa q fui rápida ou única na aplicações de um conceito, pelo contrário, cada um foi livre para colocar suas diferentes opinioes. Vi nessa figura inumeras possibilidades de interpretação q inclusive alguns de nossos colegas expressaram , q até então só acrescentou qnto ao q eu enxergava.

    bjos

    ResponderExcluir