segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

2011

Assim como muitos outros dias, eu tenho me acordado e me mantido em silêncio. Tenho tido noites desagradáveis. Aquelas noites que a gente se acorda de hora em hora assustado com qualquer sonho que nem sabemos qual foi. É meus caros leitores, aquelas noites cansadas e tensas. Noites sentidas por muitos animais humanos dotados de culpas e de ansiedades.

De tanto cansar em tentar descansar, hoje fui até a janela, meti a cara para fora e me deparei com a poesia irritante daquele sol me avisando que havia chegado mais um novo dia. Novo? Para quem? Tentei evitar me entorpecer com pensamentos nocivos para a minha existência, mas não deu: era mais uma manhã de 2011. Sim, mas e daí? E olhe que o ano sequer começou...

Fico me questionando sobre minha existência. É difícil admitir que a vida possui um ciclo interminável de imprevisibilidades. Caramba, sequer eu tenho a mínima noção de onde eu vim! Caralho, eu sou resultado de uma corrida de infindáveis espermatozóides! Poderia qualquer outro espermatozóide ter atingido o óvulo, mas não... a junção deu essa pessoa que sou eu!!

Ao me envolver com essas questões, começo a sentir um ódio rasgando meu peito. Puta que pariu! Não posso comer picanha devido ao colesterol, não posso gritar, pois tenho que ser gentil. O pior é que nem pedi pra nascer. A vida é uma comédia de mau gosto. Ela nos impõe obrigações sem sequer termos tido a escolha de aceitar ou não o fatídico cotidiano de se viver.

Neguinho sai gemendo gostoso na cama, e ai por mágica divina, a gente vem pra cá. Esse papinho de que somos os abençoados por estarmos nessa linda aventura chamada vida é balela. É discurso de gente que tenta se desviar das inevitáveis quotas de sofrimento que é viver. Se somos abençoados por estarmos aqui, então Deus é o Demônio. Inferno pior não existe para mim.

Sinceramente: um Deus que pune, um Deus que nos arranca qualquer possibilidade de encontramos a nossa plenitude e ainda nos exige uma série de cumprimentos para vivermos nessa merda, é um Deus que nos deu de mãos beijadas o inferno. Temer o inferno?? Se houver inferno pior do que esse de viver no aconchegante planeta Terra, Deus é pior do que eu imaginava!

Por isso que eu não quero engravidar ninguém. Eu já sabendo da merda que é a vida, é muita sacanagem insistir em ter um pimpolho. Pra que ter um filho? Pra exceder o mundo de gente mais do que já está? Já não bastam as frustrações que inevitavelmente todos carregam na vida para ainda pôr um pivete pra lutar nesse mistério frustrante chamado vida?

Alguns leitores podem estar indignados com as minhas opiniões, mas e daí? Não quero fazer boa política com ninguém. Não estou nem um pouco interessado em negociar comodidades discursivas. Tomo no cu todo dia mesmo sem gostar de dar o cu. Talvez fosse até melhor eu aprender a dá-lo, pois só assim compensava o prazer com a fuleragem inevitável da vida.

Porém, reconheço a grande sorte em ter a família que eu tenho e sei que em alguns momentos, viver vale a pena. Feliz 2011 para todos já que a vida é felicidade, que os sonhos se realizem, já que a vida significa a capacidade para realizarmos nossos Ideais. Vocês precisavam me ver neste instante para conhecerem um sorriso sincero. Espero dormir melhor hoje à noite. Beijos.

7 comentários:

  1. O último parágrafo abre margem para infindas situações, por isso, apesar de entender o seu lado, não me agradou. Quanto ao resto, assino embaixo e carimbo porque ficou ótimo. abrs, João Paulo dos Santos

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  2. agora existe pessoas que vive vivendo seu cotidiano de beber no bar todo fds e alguns dias da semanae so assistir televisao n reclamam da vida , naotem esas reclamaçoes citadas neste ( mas nada contra vina ) . outro exempo sao as pessoas que vivem comprando tem angustias mas elas sao logo substituidas quando a pessoas faz compras , nesse caso e que guia as pessoas consumistas com certo poder comprar ,e vive no shoop boutiques . o exemplo de como essa sociedade mercadologica e consumista , transforma a vida num vazio ,situaçoes criadas quando escapa umpouco daquele controle do cotidiano que queriamos algo implantado na nossa sociedade entramos em desespero , o com que o desepero te fim se nos n criarmos ele , de uma forma geral s nos resta ser forte .
    aos mente franca so resta o suicidio ou se torna evangelico .
    obs: ainda tem os querem so se mostrar mas esse sao os uns ds maiores escravos da nossa sociedade em grande maioria escravos de grande potencial , uns dos grupos sociais mas presos da nossa sociedade
    Alan

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  3. corringindo : aos mente fraca so resta o suicidio ou se torna evangelico .
    alan

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  4. Numa análise meia-boca e tragicômica, o roteiro me pareceu de um daqueles filmes americanos em que o protagonista apanha do início ao fim e, quase pra morrer, aplica um golpe forte e absurdo, mata o inimigo e cai agonizando, para ser salvo pelo assistente.

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  5. Meu caro cabeludo,
    Sua pessoa esbravejou um mar de realidades e, é claro, terminou com outra: Embora sabendo que tudo isso é de fato isso que chamamos de viver e dói, há ainda sentido no não sentido, pois a vida tem esse outro aspecto. Logo, meu caro cabeludo, vamos tomar umas, pois, problemas sempre haverão. Abraços.

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  6. Ele pode estar se utilizando do metacômico ou pode estar rindo por ser esta uma realidade inerente a boa parte dos humanos (ou de outra coisa, quem sabe?). Só sei que gostei bastante do texto. Abraço!

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  7. Vina!

    sempre vina! é isso aí, meu caro. Se a vida fosse bela, não nasceriamos chorando. As dores já vem do parto. Somos frutos de um líquido quente q qndo entramos na jornada de vir para o mundo já não sabemos mais o prazer do nirvana. o dedo de deus é sempre impositor: vai lá e desce, descer p viver, viver a vida cheias de feridas. A maior delas é ter que sai do utero materno. O nosso umbigo é a prova. Prova do corte que cicatrizou mas que nos incomoda qndo vemos que alguma parte de nós sempre nos falta. Daí vamos atrás incasávelmente da outra metade. Metade que não é uno em sua metade. Ela está estraçalhada em vitrais cortantes e pedregoso. Cade meu outro que me deveria me fazer feliz, afinal é nele que está a minha plenitude? pois é. ele corre atrás de outro e o outro de outro e outro de outro outro numa corrente sem fim. O q nos acalenta é, como diz Barthes, uma vez perdida não sentimos a verdadeira ansiedade da perda, pois já se foi. Mas nem por isso, deixamos de rir um pouco, como sempre, rir do riso sincero do ridículo.

    Um beijão meu caro!

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