Quaresma.
Meninos na rua.
Pífaros encantam a vizinhança de Santa Tereza do Açaí.
As moças meninas e os rapazes faceiros circulam pela cidade
Acasalação,
Amor,
Paixão,
Você sabe, são coisas da idade.
Festa da terra, coisa nossa, só nossa.
Minha também, embora, velho.
A praça está ornamentada.
Judas estava à porta do cemitério esperando o espancamento.
Violência possível, mesmo assim, violência.
Nunca abandonamos totalmente o que somos.
Carros de doces, maçãs do amor, circo e palhaço.
Os curumins brincavam sem nenhum embaraço.
Era uma noite feliz em Santa Tereza do Açaí.
À noite, a sanfona chora, o povo fica preso, entorpecido.
Ninguém foi embora.
Homens e mulheres,
Pretos e brancos,
Velhos e jovens,
Dançam todos o melhor de sua música.
A serra de Açaí requebrou os quadris.
Fiquei muito feliz.
Frei Bento rezou uma missa inteira com a paróquia cheia.
Devoção.
Sedução.
Fé.
Na beira do rio estava um corpo a espera.
Na beira do rio apagou-se uma luz de primavera devorada pelo verão.
Eu vi em Santa Tereza do Açai...
Esse texto expressa a visão de como se acontece a quaresma. Mesmo sendo uma época de reclusão, para a tradição católica,essa prática está cada vez mais restrita aos mais velhos. A profanidade consegue o espaço nas lacunas deixadas pelo sagrado e atrai a atenção para ela.
ResponderExcluirMeu caro AlyssonR, muito bem colocado pela sua pessoa. Abraços tortos.
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