domingo, 10 de janeiro de 2016

Bases para a hierarquia horizontal na educação



                                



Por Marcio Santos



"Na visão bancária da Educação, o 'saber' é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. (...) O educador, que aliena a ignorância, se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez dessas posições nega a Educação e o conhecimento como processos de busca."
(Paulo Freire)



      Nada melhor do que posicionamentos divergentes para surgir a inspiração e colocar no papel, ou melhor, no ambiente virtual de uma tela de computador, palavras que abalizem um pensamento defendido, porém, não compreendido por terceiros, devido, também, ao próprio calor das convicções, encharcadas por boas doses de vinho e copos de cerveja (risos).
           Noite natalina, luzes encandeando até nossas almas. Sentado confortavelmente numa cadeira de praia. A minha frente, fartura de bebidas e comidas. O prazer de estar arrodeado por amigos e familiares, acolhido pelo som do acústico MTV de Lobão, e em meio a tantos outros temas em pauta neste dia de confraternização, como música, política partidária e agroecologia (que em outra oportunidade poderei aborda-los), o da hierarquia horizontal nas organizações sociais, mas principalmente, nas instituições educacionais, em contraponto a prática e definição clássica de hierarquia vertical (antidemocrática, inibidora da construção do conhecimento e formadora de padrões de submissão), veio à tona.
            Logo no primeiro instante, foi perceptível o desconhecimento da grande maioria sobre tal tema. Digo mais: a inconformidade com o “absurdo” da lógica da horizontalidade em qualquer sistema hierárquico. A horizontalidade seria a concretização do caos. Ou como mesmo disseram: “a hierarquia horizontal não tem lógica” ... “A prova da eficácia da hierarquia (clássica) é o sucesso do militarismo, das forças armadas” ... “O professor, deve ser considerado superior. Os alunos devem ser submissos, assim como os filhos são para os pais”. Neste momento o tema ganhara mais pano pra       manga, culminando, não por afronta, mais para facilitar a compreensão, com a elaboração do texto em tela.
            Para entendermos a dinâmica da horizontalidade na educação não podemos deixar de lado os tipos de relações e organizações sociais, e de fazer uma cronologia histórica dos fatos que fundamentem a defesa do tema. Mas, primeiramente, levanto questionamentos iniciais que ao longo do texto responderei: levando em conta as múltiplas faces das relações humanas em sua história, seria a hierarquia clássica a melhor forma de sistema de organização social?  O modelo de educação vigente, com relações e tomadas de decisão verticais, sem levar em conta a participação de todos os atores (estudantes) para sua construção, pode ser considerada como libertadora, fértil para o conhecimento e para o exercício de cidadania? A concepção de uma lógica hierárquica horizontal é concebível, principalmente, na relação entre professor-aluno, dentro de uma sala de aula?
Nos reportemos ao mundo da biologia, mais especificamente ao da ecologia, para começarmos a entender a dinâmica das relações sociais e potencial de desenvolvimento de um grupo, com o objetivo de se chegar a um equilíbrio no meio. Entendamos que dentre as variadas relações, dois questionamentos básicos não devem ser esquecidos: se existe harmonia, ou não. Na ecologia, as relações entre indivíduos ou entre grupos (populações ou comunidades) para ser considerada harmônica no mínimo tem que ser benéfica para um indivíduo ou grupo, e não prejudicar a outro indivíduo ou grupo. Porém, sendo mais harmônica quando há o benefício para ambas as partes. Um exemplo de desarmonia, que servirá de base para a verticalização, é a competição. Que tem como característica ser prejudicial para ambos indivíduos ou grupos.
O Princípio de Exclusão de Gauss explica bem a gravidade de uma relação desarmônica. Ele e propôs, a partir de observações, que se duas ou mais espécies exploram exatamente o mesmo nicho ecológico (modo como cada espécie, de animais ou de plantas vivem e sobrevivem num determinado local), a competição estabelecida entre as mesmas é tão brusca que a convivência se torna impossível. Assim, a competição entre as espécies no mesmo nicho pode dar origem a escassez de recursos, levando uma das espécies à extinção (daí a expressão princípio de exclusão competitiva); a expulsão de uma das espécies daquele habitat, com a consequente migração para outro território em busca de recursos que garantam sua sobrevivência; ou uma ou todas as espécies modificariam seu nicho ecológico, de maneira que deixassem de competir por recursos limitados. Ocorre assim um desequilíbrio no meio.
Desta forma, e fazendo uma alusão as relações entre os seres humanos, qualquer desequilíbrio na relação não assegura melhores condições de sobrevivência, bem como a preservação dos recursos (ou meio de convívio). Não há sinergia, como na protocooperação ou no mutualismo (associações entre indivíduos, em que ambos se beneficiam). Então, os tipos de relações entre indivíduo e grupos determinam e são determinadas pela espinha dorsal de organização social adotada, culminando no equilíbrio, desenvolvimento (ou não) de um grupo (ou entre grupos)? Certamente.
            Segundo Raymond Firth (antropólogo social neozelandês e professor da London School of Economics), nascido em 25 de março de 1901, organização social consiste na ordenação sistemática de relações sociais pelos atos da escolha e da decisão, em que os indivíduos fazem tais escolhas baseando-se nas normas da estrutura social.
Vicente L. Perel (doutor em Ciências Econômicas pela Universidade de Buenos Aires), em seu artigo Nascimento, apogeu e decadência da estrutura piramidal, cita que para Dale (E. Organization. New York, American Management Association. 1967), o tema deve ser compreendido em duas fases: uma teórica e outra prática. Teoricamente, as organizações constituem conjuntos humanos dotados de um sistema de comunicação, que conseguem resolver problemas e possuem meios facilitadores das tomadas de decisões. Em termos práticos, a organização existe quando se determina o que deve ser feito para alcançar um objetivo desejado, quando se dividem as atividades necessárias para alcançar tal sorte de objetivos, graças a uma divisão do objetivo em partes tão pequenas que possam ser levadas a termo por uma única pessoa; e, além disso, quando se consegue utilizar meios de coordenação capazes de evitar o desperdício de esforços representado pela repetição de tarefas por pessoas diferentes.
Sendo assim, o arranjo ou distribuição funcional de um conjunto de pessoas com objetivos comuns, executando atividades dentro de regras preestabelecidas de convivência e performance é considerada uma organização social.  
Os arranjos historicamente adotados pela sociedade foram alicerçados de forma piramidal, com distinções claras de setores ou classes. Ou seja, com pessoas ou entidades se organizando em níveis hierárquicos superpostos. Cada nível compreendendo menos integrantes do que o nível que lhe é inferior, e com sua usualidade se dando pelo modo de atuação dos dominantes e pela influência cultural enraizada (fixada).
Nos séculos XVII e XVIII, durante a Idade Média, os diferentes níveis da sociedade se davam pela afirmação do poder, quer por hereditariedade de nobreza, pela conquista do título a partir da aquisição de terras de um nobre (em certas regiões), ou, no caso das camadas mais baixas, por sua perícia militar, intelectual, etc. Ou, por exemplo, como exposto de forma simplista nos livros de história do ensino médio: clero, nobreza e terceiro estado, que obviamente estão inclusos os servos ou escravos. Ou mesmo senhores e vassalos, mestres a aprendizes.
No mundo moderno, período situado entre a Idade Média e a História Contemporânea (levando em consideração a história do Ocidente), o renascimento do comércio fez nascer uma nova classe social: os burgueses. Estes, conduziram as alterações sociais no novo período através do desenvolvimento do nascente capitalismo, e tendo como características as Grandes Navegações, o Renascimento, a Reforma e a Contra Reforma e o Absolutismo.
Hoje, em pleno século XXI, na chamada Idade Contemporânea, e com o nocivo e significativo adendo do modo capitalista, a base ou essência do sistema organizacional piramidal da sociedade em sua grande maioria não difere do criado no passado. Mais com ferramentas de consolidação de poder validadas pela acomodação da grande massa neste mundo superficial e veloz proporcionado pela globalização. Sistemas governamentais, empresas, instituições diversas ou até mesmo a família se valem dessa distribuição funcional.
 Então, por ser historicamente o mais adotado, esse sistema pode ser considerado o melhor ou único possível? Depende para quê e para quem. O sistema de hierarquia vertical não à toa foi e é ainda o mais adotado simplesmente por fortalecer as relações de dominação e submissão estabelecidas numa organização. Porém, uma nova perspectiva de sistema, hoje, está ganhando cada vez mais adeptos: o sistema de hierarquia horizontal. Sendo seus princípios adotados, em parte, até por grandes empresas, mas, principalmente, pelo terceiro setor da economia (sistemas de cooperativas, associações e de economia solidária). 
Quando falamos em horizontalidade pensamos além do que autonomia de setores e/ou indivíduos. Pensamos em democracia, igualdade de posições e descentralização nas tomadas de decisão de um grupo ou instituição, por mais que no papel ainda possa existir uma espinha vertical “figurativa”. Onde seus integrantes se ligam horizontalmente, em rede, a todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam, sem que nenhum dos seus nós, ou integrantes, possa ser considerado principal ou central, se baseando em valores de ajuda mútua, responsabilidade, democracia, igualdade e equidade. Transformando todos os integrantes em líderes, porém, a partir de uma vontade e planejamento coletivo de realizar determinado objetivo. Diferentemente da forma superposta, impositiva e antidemocrática, observada na forma piramidal, que certamente condiciona a grande base à submissão. Um exemplo é quando nos referimos ao sistema educacional brasileiro. O conhecimento de sua estrutura histórica nos reporta aos moldes apresentados na forma hierárquica vertical.
Se fizermos uma viagem ao longo da história da educação no país, desde a catequese feita pelos Jesuítas aos curumins (filhos dos índios) e órfãos portugueses (com o objetivo principal de perpetuar o catolicismo e aumentar seu poder de dominação, já que a Igreja Católica se sentia ameaçada pela Reforma Protestante), passando mais tarde pelos filhos dos proprietários das fazendas de gado e dos engenhos de cana-de-açúcar e também dos escravos, passando a ideia de que são seres inferiores e de que há um ser superior, sobre-humano, que tinham que temer. Porém, com uma Instituição (igreja católica) e pessoas legitimadas por esta entidade central, a serem também superiores e que eles tem que se sujeitar; com a reforma da educação realizada pelo Marquês do Pombal (1714-1777), com o objetivo de modernizar o reino de dom José I (1714-1777), substituindo os padres; em 1760, com a  realização do primeiro concurso para professores públicos (ou régios), em Recife;  nas reformas durante o período da Primeira República; com as propostas da Escola Nova e de Paulo Freire, durante a era Vargas, que apesar de ganharem força, infelizmente não chegaram às salas de aulas; no período do regime militar, que se apoiou nos ideais tecnicistas e mecânicos, fazendo do ensino uma ferramenta de controle. Mantendo a preocupação com a industrialização crescente e o foco em formar um povo capaz de executar tarefas, mas não necessariamente de pensar sobre as mesmas; e na Educação pós-ditadura (inclui-se os dias atuais); veremos que, no geral, apesar de algumas tentativas benéficas, as ferramentas educacionais para afirmação da dominação a partir de um arranjo piramidal entre as relações, evitando um caráter dialógico e democrático entre os formulados níveis hierárquicos (às vezes não propositalmente por má intenção, mais sim, mecanicamente, pelo que podemos chamar de “DNA cultural” ou influência cultural enraizada, como citado no início do texto), continuaram existindo, apesar do surgimento de algumas ilhas de esperança. Ou como meu grande amigo Vinícius Souza, sociólogo e professor do Instituto Federal de Sergipe (IFS) mesmo diz, no sentido de fugir ou colocar em xeque o padrão atual: “ervas daninhas”.

[...] “que na educação sempre surjam ervas daninhas”.

Apesar de existirem tais ilhas de esperança, como citado anteriormente, no geral, facilmente identificamos nos planos político pedagógicos e nas próprias relações entre gestores-docentes-discentes (não necessariamente nesta ordem das relações), uma concepção no mínimo equivocada sobre gestão escolar democrática, construção do conhecimento e fomento ao exercício de cidadania.
  Em relação a gestão escolar, as ações intensificam aspectos de submissão, e muitas vezes de inércia, a partir da própria burocracia, mas, principalmente, do momento em que se criam barreiras de diálogo entre os setores e indivíduos, não validam e desdenham as opiniões dos estudantes para um melhor ambiente de convívio e tornam a punibilidade como uma ferramenta fundamental para o ensino, quando na verdade o que se pensa é na chamada manutenção da “ordem”, ou melhor, no controle da massa. 
Não à toa, que o compositor Tom Zé, na música Classe Operária, disse: “Sobe no palco o cantor engajado Tom Zé, que vai defender a classe operária, salvar a classe operária e cantar o que é bom para a classe operária. Nenhum operário foi consultado. Não há nenhum operário no palco. Talvez nem mesmo na plateia. Mas Tom Zé sabe o que é bom para os operários”.
Isso comumente acontece em qualquer setor. Diretores que se escondem e não tratam diretamente com estudantes sobre as demandas e possiblidades de atendimento das mesmas na escola, e do próprio corpo discente (efetivando a verticalização). Como também não os envolve na construção da própria metodologia pedagógica em relação as regras no ambiente escolar e do próprio sistema de ensino. Criando mecanismos de controle e afirmação de poder. Dificultando assim uma identidade com o local e o melhor desenvolvimento daqueles que são o objeto principal para existência de uma escola: estudantes (crianças e/ou jovens em processo de formação).
Ou seja, não há um sentimento de pertencimento por parte dos mesmos. Por isso, se caracteriza diferentemente da tão falada educação libertadora e cidadã que é veiculada, e sonhamos. Repercutindo na própria formação da sociedade. Com seres sociais acomodados ou alheios a situação a que estão inseridos, incapazes de assumirem erros e consequências por seus próprios atos, e de agir e pensar no coletivo. Ou mesmo, também, com seres revoltosos, mas sem maturidade política e emocional para enxergar as diversas faces e estratégias para se atingir o objetivo desejado, ou o melhor possível a se alcançar.   
Não distante do que ocorre na relação entre gestão escolar e corpo discente, ocorre também entre docentes e discentes. Existe um entendimento de grande parte dos professores, devido ao “DNA cultural” ou mesmo pela pressão da gestão escolar, de que o mais importante no processo de aprendizagem e no convívio dos mesmos dentro de uma sala de aula é a ordem e postura física e intelectual dos estudantes e professores; e a transmissão e acúmulo de conhecimento, representados pela nota do estudante nas avaliações, e segundo o padrão sequencial e obrigatório de assuntos de cada disciplina (ementas disciplinares); sendo, apenas, validada pela aquisição de um diploma ou currículo. Confundindo submissão com disciplina / respeito, reprodução com construção do conhecimento, etc.
Noutra etapa da vida escolar, apesar de algumas “regalias” que os discentes adquirem, e que são negadas no ensino Fundamental e Médio, e que “servem” como justificativa de prêmio por aceitarem as condições impostas, antes da rotulada maturidade emocional e intelectual (como por exemplo o fato da não obrigatoriedade de utilização de fardas), nas Academias ou Universidades ocorrem o mesmo.
Numa perspectiva vertical, a pessoa é ensinada, tendo por base o conhecimento transmitido, a julgar o que é científico (e deve ser aceito) e o que não é (sendo rejeitado), desconsiderando muitas vezes o saber empírico, surgindo grupos com diferenciadas bandeiras ideológicas, afirmando e propagando uma ótica corporativista, cartesiana e segregadora do saber. Assim como a ideia meritocrática de que o resultado disso tudo, o mais importante, é galgar posições de poder, prestígio, títulos e melhor remuneração relativamente aos outros, destacando-se dos demais e estimulando a competição e dinâmica das carreiras, ao invés de interagir, partilhar e  construir. Ou seja, valemos como nos comportamos, se aceitamos, o quanto acumulamos e se reproduzimos o conhecimento transmitido e a regras alicerçadas ao longo de nosso currículo escolar na infância, juventude e, por que não, na vida adulta.
Devemos compreender, então, que a horizontalidade na gestão escolar e no ensino se vale do princípio fundamental da democracia, equidade e responsabilidade pela cooperação, mas, principalmente, do fomento a criatividade.  Do permitir e permitir-se. Sendo concebível sua concepção e sua aplicabilidade para a contínua desconstrução e construção do saber. Por isso, apesar de exigir maior organização, uma gestão horizontal inspira um ambiente mais criativo e com bons resultados. Pois, assim como disseram Deleuze e Guatarri (1995), “não existe um pressuposto último que sustenta todo o conhecimento, e que se ramifica infinitamente em direção à verdade. A estrutura do conhecimento assume forma fascicular, em que não há ramificações, e sim pontos que se originam de qualquer parte, e se dirigem para quaisquer pontos. (...) Surge o conceito de rizoma (raiz), um caso de sistema aberto, em oposição à forma segmentada de se conceber a realidade, bem como ao modo positivista de se construir conhecimento”.
            A partir dessa perspectiva, da criação de uma nova escola, holística, sistêmica, com bases hierárquicas horizontais de conhecimento, de gestão participativa (envolvendo toda a comunidade escolar (como também através do policiar-se), frases “equivocadas” como as ouvidas nesta e em tantas outras noites natalinas prazerosas, não edificarão regras de dominação e relações de poder na escola, na família, na religião, no trabalho, entre gêneros, instituições e na sociedade como um todo. Serão meras frases, escritas a giz, apagadas e nunca repassadas como bandeiras para outras crianças, jovens e adultos. Afinal...    

“(...) de um lado está a escola tradicional, aquela que dirige que modela, que é ‘comprometida’; de outro está a escola nova, a verdadeira escola, a que não dirige, mas abre ao humano todas as suas possibilidades de ser. É portanto, ‘descompromissada’. É o produzir contra o deixar ser; é a escola escravizadora contra a escola libertadora; é o compromisso dos tradicionais que deve ceder lugar à neutralidade dos jovens educadores esclarecidos (XAVIER, 1992: 13).


 (Bases para a hierarquia horizontal na educação. SANTOS, MARCIO ERIC FIGUEIRA. 02 de Janeiro de 2016. IFS – Campus São Cristóvão) 




REFERÊNCIAS

PADRÃO ESTRUTURAL DO SISTEMA DE ENSINO NO BRASIL. Réjane de Medeiros Cervi. Editora Ibpex, 2005.
RIZOMA E EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DE DELEUZE E GUATTARI. Mauro Michel El Khouri – Universidade Federal do Ceará (UFC).