Acabei de sonhar com o nada. Parecia ser constituído de uma materialidade, mas como foi um sonho não consegui após ter me acordado descrevê-la. Instantaneamente, fiquei pensando sobre ele e cheguei a conclusão de que muitos pensaram sobre o nada e acabaram não se certificando de coisa alguma. Afinal, o nada é constituído do nada, da falta de alguma coisa, uma coisa que poderia ser uma poeira vista a olho nu.
O nada intrigou tanto que pensamentos sobre ele não se esgotaram até hoje. No entanto, a partir do instante que se pensaram sobre o nada, a ele era atribuído diversas denominações
Vejamos, nos tempos dos primórdios foi pensado como algo exterior a eles, algo que movesse a natureza e o tempo. A partir daí, o nada era mais forte que as próprias forças dos hominídeos, pois só o vazio da existência impulsionava o trânsito das estrelas. O tempo se passou e a Antiguidade rechaçou o nada, nada estaria dominando a mente humana, afinal a dominação era consubstanciado pela consciência. Nos Medievos, o nada definitivamente não existia, pois nada estaria além do Bem e do Mal.
A falta de materialidade do nada implicava tanto a esses homens e até nós que por um bom tempo eles deixaram de lado. Mas a histeria feminina foi tão forte que o nada retornou do subsolo do vazio para ganhar materialidade: eu tenho braços e pernas que não tem vida e muito menos uma origem doentia em sua organicidade. Agora, passamos a pensar em um nada dentro de uma materialidade, sem concretude, ou seja, não tocamos ou se quer vemos, mas sentimos constantemente as suas pulsões. Os freudianos insistiram em não apostar numa organicidade, o que estaria em jogo é uma energia que insiste constantemente em se satisfazer. Inúmeros conteúdos estão circulando em nossa psique, mas escondendo o que não resolve nada, pois tal conteúdo sempre retorna em forma de assombrado reprimido, até mesmo quem sabe pela negativa. E por falar em negativa, ando negando muito nas linhas anteriores...
Isso não é invenção apenas dos grandes neuróticos da psique, passemos para o jogo da maçã do Newton e de um outro físico, nos meus 17 anos gastei tanto tempo para lembrar nas fórmulas de química que agora ele evaporou de uma vez da minha memória, que constatou que o nada, ou melhor, o ar era constituído por uma massa , a mesma que desloca os lençóis estendidos no varal. Daí a vez é do Einsten quanto a sua teoria da relatividade o que piora muito as coisas. O nada fica cada vez mais in-substantivado, pois o tempo e o espaço não regem dentro de uma proporção gráfica. Entre a modernidade e o agora, ele se apoderou de uma vez, até mesmo foi preciso instaurar uma fórmula para alegar que o invisível opera entre os nossos olhos e comportamentos sob a doce anatomia política disciplinar.
Depois das histéricas, as bulêmicas declaram que existe o nada, ou melhor, algo revestido de nada, que impulsionam para um comportamento nervoso e obsessivo. Não só elas, mas até entre os alicerces arquitetônicos o “vazio” sustenta as cidades invisíveis de Calvino, alguns trens- balas distribuídos entre Ocidente- Oriente e o inconsciente coletivo de americanos e russos. A Revolução Industrial trouxe a tona várias máquinas, com o passar da hora derivou em pequeníssimos aparelhos retroalimentados por micro ondas. Por falar em micro ondas, vemos que literalmente dispensamos a grande invenção dos nossos ancestrais.
Nos grandes dispositivos visuais, houve um aparato para despertar a nossa consciência através do papável. Consciência voltava a ser sinônimo de conhecimento. Artaud desmistificou novamente essa constatação, nas salas projetivas é o nada que despertará a nossa consciência entre as lacunas e clivagens do conteúdo a nossa frente.
Vejamos que é uma tarefa muito árdua, pois ver o que está no buraco é difícil, mais ainda quando não se tem nenhuma lanterna por perto.
Minha cara Maíra,
ResponderExcluirSua pena deslizou suave mais uma vez. Somente uma mente sagaz como a sua poderia levantar a velha questão do nada. As pessoas pensam que pensar o nada ou as fezes é coisa de doido. O nada como sua pessoa bem colocou é um problema filosófico muito sério. O nada abala as estruturas do poder que quer que sempre exista alguma coisa e que o coitado do nada seja sempre um nada. Pois se o nada aparecer não há nele a possibilidade de regulações. A insitência em negar o nada, ao meu ver, é intencional e direcionada. Sabermos que nossa ordem se sustenta no nada é, pelo menos, uma irônia do destino: A ordem no caos.
Mas, a cabala diz que o nada não pode ser um vazio como pensavam os materialistas fundamentalistas. A matéria etérea está aí, bem diante de nossos olhos. O mundo sub-atômico, tão real como uma banana. Um beijão!!!!
valeu roosevelt!
ResponderExcluiradorei : "A matéria etérea está aí, bem diante de nossos olhos. O mundo sub-atômico, tão real como uma banana. " Sim, é isso mesmo. E no vazio q se encontra a combustão do movimento. Mas uma uma vez c eles, Freud, Foucault e artaud. Todos viam um vazio q parecia inexistente ,em concretude, mas tão presente em sua operacionalidade. Os grandes atos está na microfisica do poder, le decai junto com o absolutismo palpavel e representacional. Mais uma vez o nada não e revestido pelo nada.
Um beijao
Minha cara Maíra,
ResponderExcluirVc é uma gênia. hahahahahah!
Mai,
ResponderExcluirO nada, assim como o tudo, é tudo e é nada. Em outras palavras: o nada é recheado de sentidos que são capazes de provocar uma representação tão fidedigna que nos torna capazes de delinearmos um espaço concreto para o nada. No entanto, o nada é vazio justamente pelo excesso de sentidos que não nos possibilita sentir, tocar o nada. O nada é tudo e o nada é nada e ao mesmo tempo eu posso dizer que o nada é tudo e nada. O nada não se traduz e o nada se conceitua a ponto de polemizar os olhares pelo excesso de conceituação que nós fazemos dele. Há uma materialidade idealizada do nada, assim como há uma idealização materializada do nada. Ele é concreto em seu abstrato e abstrato em seu concreto assim como o torto. Por isso que para mim o torto é tudo e nada e nada com tudo e tudo com nada kkkkkk
bjs