*********** Amigos, por problemas na minha internet,estou postando este texto num turno errado, pois posto à tarde. Peço-lhes prévias desculpas pela inconveniência. ___________________________________________
Lançarei um texto sobre o inconsciente em Freud nesta e nas próximas duas semanas (ou seja, em três partes). Afinal, já muito me utilizei de sua gnosiologia nos textos que trouxe ao Torto.
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Em seu texto de 1915, intitulado "O Inconsciente", Freud elabora o seguinte quesito: "Como devemos chegar a um conhecimento do inconsciente?', a que ele logo responde, "Certamente, só o conhecemos como algo consciente, depois que ele sofreu transformação ou tradução para algo consciente". Ou seja, aqui nos é apresentado um conceito que embora seja tratado ainda nessa obra como um sistema autônomo, com leis próprias de funcionamento, não possibilita uma constatação fenomenológica. Como tão bem nos informa Garcia-Roza, "Uma fenomenologia do inconsciente é uma tarefa impossível. Ele poderá, quando muito, ser inferido a partir de seus efeitos na consciência, ou, melhor ainda, a partir de seus efeitos no discurso manifesto, mas jamais ser objeto de observação direta." (2008, p.211). Esta impalbabilidade e a autonomia do inconsciente corroboram o status da psicanálise na contramão da psicologia da consciência. Para esta e para outras conjeturas anteriores, feitas inclusive por alguns filósofos, o conceito teria um caráter adjetivo, era descrito como propriedade da consciência.
Ainda no seu texto de 1915, Freud propõe que tudo que é recalcado deve permanecer inconsciente, mas que o conteúdo recalcado não é todo o inconsciente. Propõe ainda que questionar a existência desse conceito seja necessário, pois, para além da constatação das parapraxias e dos sonhos, a atividade psíquica consciente deixa ainda muitas lacunas. E que este questionamento é também legítimo por, nas palavras dele, "não nos estarmos afastando um só passo de nosso habitual e geralmente aceito modo de pensar".
O pai da psicanálise agrava ainda a ferida narcísica que o conceito por ele proposto causou no homem na seguinte passagem: "Hoje em dia, nosso julgamento crítico já se põe em dúvida quanto à questão da existência de consciência nos animais: recusamo-nos a admiti-la nas plantas e encaramos como misticismo a suposição de sua existência nas coisas inanimadas... A suposição de uma consciência neles se apoia numa inferência, e não pode participar da certeza imediata que possuímos a respeito de nossa própria consciência". Argumento que reforça utilizando-se, inclusive, do pensamento de Kant, quando este propõe nossas percepções como subjetivamente condicionadas, portanto não devendo ser consideradas fidedignas à coisa.
Meu caro Josué,
ResponderExcluirUm bom tema para uma conversa torta. Para os Junguianos acredito eu, o inconsciente se extende além da barreiras freudianas. É fato que o que temos dele são recortes bem pequeno de sua poderosa atividade no nosso comportamento (objeto da psicologia do comportamento). A extensão da consciência a todas as coisas é um tanto precária, contudo, a inconsciência seja possível. O estado de consciência para mim é muito questionável. Analisando os enunciados da cadeia discursiva que nos cerca e com ela interagimos percebo as contradições nítidas sobre a validade de nosso conceito de consciência. A linguagem aponta para uma lucidez inconsciente sempre marcando nossos padrões de comportamento. Abraços.
Josué,
ResponderExcluirEsse discurso que o Freud nos trouxe em mostrar a impossibilidade de conhecermos plenamente o inconsciente, é o que faz muitos que se dizem contra a psicanálise dizer que essa forma de conhecimento não tem validade por não ter um objeto "palpável". Particularmente, eu acho esse discurso sem qualquer embasamento válido de argumentos. Ora, se fosse por isso, a fisica com sua teoria da gravidade não teria validade alguma! Ai dizem: ah,mas a gravidade você ainda consegue enxergar, basta notar diante de você a queda de uma maçã. Ai eu pergunto: e o insconsciente? Será que não pode ser de certa forma compreendido em nossa prática? Exemplo: e uma palavra que eu troco no lugar da outra, ou seja, um ato falho, não poderia ser uma justificativa para entendermos o conceito do insconsciente, o recalcamento freudiano? O grande problema é que muitos não enxergam isso, pois assumem o papel de criticar Freud sem sequer ter tentado entender a lógica do inconsciente pensada por ele.
abraços
Roosevelt,
ResponderExcluirCompartilho com a sua pessoa quando chama a atenção para a impossibilidade também de definirmos com exatidão o que seja consciência, até por que diante de nosso convivio social, os discursos se misturam, transformando-se em novas combinações signicas, ou como você bem diz, os ditos e os não-ditos. Portanto, a consciência é apenas uma máscara de algo que apenas aparentemente se expressa de forma lógica, clara e objetiva. A consciência antes de ser apenas ela em si mesma, é justamente o resultado continuo de cadeias insaciantes de significantes que se ligam, se entrecruzam, se ramificam em outros gerando outros e outros e mais outros significantes que externamente se controem em discursos.
No entanto, eu acredito que o que devemos pensar não é se a consciência é a verdade ou não. Assim como você diz que não há um significado sem um social, eu acho que querendo ou não, mesmo o consciente não sendo exato, há de convir que o consciente representa os significados, os códigos que norteiam nosso entendimento em relação ao outro e nossa tradução diante das ações do outro. Portanto, mesmo não sendo tão exato, ele não deixa de ser visível em nosso cotidiano.
oi josue,
ResponderExcluiracho q os meninos, tanto roosevelt qnto vina, completaram, ou melhor, discutiram bem em relação ao q penso sobre o inconsciente. P mim, Freud teve boas sacadas ao que concerne os eventos psíquicos . A consciência não dá conta de nossos complexos. O incosciente atravessa o ser tanto na sua individualidade, subjetividade quanto na sociedade. iNDO PARA O MAL- ESTAR NA CIVILIZAÇÃO, percebemos que a moral enverniza os nossos agressivos desejos- as pulsões- que a todo instante tende para a sua realização. Daí surge o recalque, o constante embante entre as pulsões e os principios de realidade e do prazer.
Entre repressão e recalque existe uma diferença de funcionamento. A repressão é um material q está escondido no inconsciente e o recalque é esse mesmo material só que a todo instante tende um contato com a consciencia. Seria a sublimação, os atos falhos, os chistes, todo o mecanismo de defesa do ego. Creio q Freud deu uma contribuição e tanto na psicologia só pelo fato de exergar o homem "demasiadamente humano", pelo avesso, dentro da sua real integridade. E para ser sincera, devido a isso eu passei a acreditar na dinâmica, na economia e na topografia do inconsciente. Sabe, os grandes homens passaram muito tempo estudando a consciencia, tentando provar q ele é o ser super dotado de racionalidade , superior, capaz de dominar o mundo. Tá aí o Freud para tentar desmistificar qualquer sistematização que faça o homem permanecer nesse estatuto. Para ele, somos seres evolutivos em direção de um progresso sem a menor progressão. Seres capazes de inventar qualquer parafernália, mas incapazes de compreender o seu incurável mal estar na civilização.
Bem, meus caros psicanalistas tortos:
ResponderExcluirCompartilho com o vosso ponto de vista quanto ao incosciente. Acho isso um fato científico. Algo que não precisamos mais pensar se é verdadeiro ou não. O que precisamos é analisá-lo sempre mais. O inconsciente junguiano é um pouco maior que o de Simon. Este menino disse muito, contudo se esqueceu que a ontogêneses necessita de um ponto de partida na história. precisamos de uma plataforma para iniciarmos o programa de uma nova subjetividade( o termo é usado no âmbito da psicologia meus caros sociólogos). Vygotsky comprovou que somos tendentes ao social. Pois, bem. Que tendência é essa? Não vou responder agora. Apenas acrescento que sem os arquétipos presentes na cultura seria necessário reiniciarmos do zero cada geração de seres humanos, pois teriamos que criar uma nova humanidade. Assim, o inconsciente coletivo resolve a questão. Isso nos mostra que a consciência individual é a internalização da social. As diferenças individuais ficam para a experiências pessoais de cada um, o que Vygotsky sabiamente diferencia a história da humanidade como processo dialético, e a história pessoal. Fazendo uma amração com Freud, podemos acrescentar a parte fisiológica, o que jung chama de viceral. Cada ser filogenético possui peculiaridades e respostas peculiares ao meio. Por isso que o programa roda de forma personalizada em cada indivíduo. Fico por aqui. Vamos pensar!!!!torto
O termo programa foi usado para não usar a expressão linguagem. Pois o programa é semiológico. É, portanto, linguagem sígnica com efeitos oníricos na vigília e no estado de consciência, salve Bachelard!!!!!!
ResponderExcluirBem, o assunto me fascina, é um bom bolo fecal! Assim como temos vários estados de consciência descendo para o de inconsciência, posso chamar de dimensão o locus que essa experiência ocorre. São vários estados, portanto várias dimensões do real. leiasm os contos do autor e entenderão como o torto pirou! afinal onde estou agora? Estou onde a consciência diz que estou, isso não significa necessáriamente um lugar real. a idéia de lugar de tempo foge diante da realidade da consciência e inconsciência. sem essas coordenadas a ciência fica um tanto complicada, nâo? Onde está sua exatidão se nossa relação com o mundo é sígnica? estamos sonhando acordados o tempo inteiro, e isso não é balela, podemos provar em laboratório, eu mesmo faço isso se quiserem.
ResponderExcluirBem, sem bajulação ao trabalho do cabeludo(vina), aconselho como leitura nessa área, o trabalho dele com o brega. O texto dele traz muitas informações, nas entre linhas, sobre o nosso comportamento diante do real. e como tendemos a esconder o que reprovamos no meio social. A polissêmia levantada por ele para mostrar a dificuldade em classificar o que é brega aloja conceitos freudianos/lacanianos. E mostra com maestria que grande parte de nosso comportamento é por via inconsciente. iniciante até no valor linguístico dado a um certo sema. assim, entendo que dizer é portanto um ato inconsciente em um primeiro momento. por isso dizemos muito, e pensamos muito pouco. hahaha.
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