quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Do Tic e dos Tiques

Não seja fiel a esta alma que tenta te desafiar
Queria-te como te tem o Artista
Mas tic-tá que tu me perdes de vista
Ó, tempo! Me obrigas a desafinar!

Tempo de Trabalho
Tic! Na torneira!
Tempo Desperdício
Temo o tempicídio

Temo e tememos todos
Tememos e Choramos todos

A alma em Tétano

O mercado do tempo
É temporalmente inexistente
Muito Infelizmente

Mas o tempo do mercado
É hoje, aqui e sempre
O Tempo atemptado
Constritivamente

O tempo de Ação
Temptação
Atentado ao pudor
Do pobre cristão.

6 comentários:

  1. Sou seu fã Josua!!!

    Um colega meu, comentou hoje que é necessário saber passar.

    Pra mim essa questão do saber passar é difícil. Principalmente na crise dos 20 anos.
    Procuro chão nos meus pés, vejo um fluido eterno que me consome e me torna inseguro, colocando-me de frente a um eterno novo que necessito saber administrar cada vez mais. O velho me segue e o novo me puxa...Quero os 2 e não tenho nada, a não ser uma espada de vidro para uma floresta infinita a percorrer e uma ponte demolida atrás em que o outro lado, sua imagem não me sai da memória, não posso tocá-la, somente o novo, desconhecido e parcialmente projetado...

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  2. Josua,

    É duro sentir essa relação de enxergar o que é importante como um sonho, como uma mera fantasia; e o sonho como algo que deve ser buscado por ser o que há de mais real em nosso dia a dia. Enfim, é essa relação como você expos, isto é, "O mercado do tempo/É temporalmente inexistente(...)Mas o tempo do mercado/ É hoje, aqui e sempre"

    Ai termina que ficamos naquele velho dilema: preciso viver, preciso não da muito sentido a isso que se chama vida que muitas vezes me nega sentidos precisos; mas eu preciso viver e da muito sentido a tudo isso que não consigo encontrar por definitivo, pois no final das contas, se eu o procuro, é por que mesmo não enxergando plenamente por inteiro, eu vivo a procurá-lo.

    É aquela trama gostosa da vida: procuro a fada na floresta, a floresta aparentemente só me oferece galho e bicho, resolvo desistir e voltar pra casa, mas eu ouço a voz da fada me dizendo: salve-me dessa floresta meu lindo bebê!! hehehe

    Um excelente poema

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  3. Não sou crítico de poema, mas algo me diz que a métrica, a rima e o ritmo estão excelentes!

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  4. simetrico porém fluido. neurotico, porém escorregadio. ambivalencias.
    adorei seu texto!
    um beijo

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  5. Caro Miguel,

    EU que sou seu fã, meu caro. Sua capacidade de desnevolver lirismos em qualquer comentário é que impressiona.


    Demais amigos, muito obrigado pelas observações altamente construitivas.

    Abraço!

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  6. Houve, de fato, grande preocupação com o ritmo do poema. A utilização do "t", consoante constritiva (ou seja, que dificulta a passagem do ar)serve como uma metáfora para a relação desproporcional entre o tempo e a construção de nossas vidas, esta se dá lentamente, a perder-se de vista, aquele não.

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