No princípio, eram apenas impressões e extasiar-se com elas. Que árduo deleite ver! Que fabulosa descoberta ouvir! E o cheiro que emanava daquela tez! O degustar infinito daquele seio, que em apalpá-lo se encerrava toda ideia do mais benéfico delírio!
Mas logo lhe veio o dia em que aquilo lhe foi negado. - Como assim? Não poder tê-lo?
- Um homem portando uma pomposa mala roxa lhe teceu um verso ao ouvido: SOU EU, O REAL!
E como lhe doía aos tímpanos a voz deste senhor! E que dor perceber-se condenado à insuficiência eterna!
Prosseguiu.
Passando por uma feira plena de desesperados e convictos, abriram-lhe uma mala e lhe venderam a promessa de uma nova plenitude. A esperança encheu-lhe o peito do leite que não é leite. A boca mastigava o pão que não o era: - Preciso frenquentar aquele local todo domingo e ler seu milenar manual com apurada regularidade...
Não demorou muito para o pão virar sangue e o leite secar.
- E não se trata de um milagre!
Descobriu nova plenitude fumando e cheirando o que paradoxalmente tachavam de droga. – Este mundo é pelo avesso, de fato!
- Mas a saída deste tipo de experiência causava-lhe dor bem menos suportável que a primeira e insuperável perda de sua vida...
Desistiu.
Decidiu peitar a corrente. Deu um salto tão peculiar da ponte que ninguém entendeu seu estilo, e, consequentemente, não houve aplausos. Mas, a partir desta linha, não se sabe dizer se ele mais perdeu ou se enfim ganhou...
Boa! Busca, prazer e frustração. E uma vez mais. E outra. E chega. Deus sabe onde...
ResponderExcluirBelo Texto!
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