segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Para onde vai o nosso voto?

Ontem foi dia dos eleitores irem às urnas para cumprir com o seu dever cívico. É. Dever. Porque se fosse um direito, o voto não seria obrigatório. Enfim, o que vejo é que as questões sociais se super sensibilizam nesses momentos. A população repensa sobre os seus direitos de cidadão enquanto que os candidatos enunciam as suas promessas magnânimas. Promessas que são incabíveis para serem cumpridas em um tempo determinado, principalmente, quando o dinheiro não escoa no seu devido lugar.
Ultimamente vimos nas entrevistas à condição atual do Brasil. Um país cheio de promessas, futuro e crescimento. Desde de anos 80, esse país avançou em níveis não esperados. Eu acredito, e mais ainda quando se desloca ou se sabe dos países por aí a fora. Foi isso que ouvi ao ter me esbarrado acidentalmente na sala de desembarque com vários alguéins que se diziam especialista. O aeroporto é um lugar onde estão cheio deles. E a maioria não falava outra coisa a não ser que este país está em ritmo contínuo de crescimento. Vejamos, a Europa quase inteira está lesada pela crise financeira, os americanos se recuperam da barrocada dos bancos, os latinos andam com a moeda enfraquecida, claro, exceto, nós brasileiros. Contam que isso foi o reflexo da política lulista. O presidente de popularidade invejável em relação aos seus antepassados. Um ex- sindicalista que soube fazer história de amplitude internacional.
Mesmo dono de tantas adjetivações, vejo que o problema continua. O país ainda se sustenta na linha do subdesenvolvimento. Desde muito tempo, a política é regida pelos ditames do assistencialismo. Não faltaram planos para erradicação da pobreza. Fome Zero, Bolsa Família e entre outros, como se o problema fosse resolvido por uma questão de alguns reais a mais, posto na conta do zé ou da maria que vive muito feliz com a mão amiga do populista. Fora os incontáveis escândalos no planalto que ele desconhecia. Ah! Mas não sejamos injustos, como disse o Lula numa entrevista coletiva internacional, não é ele que manda no país, o Brasil está nas mãos do senado e da câmera dos deputados. E por isso, ele não pode fazer muita coisa com os dólares encontrados nas cuecas, nas malas, nos redutos ou até mesmo nos paraísos fiscais.
Voltando ao crescimento econômico do país, realmente as coisas podem está andando muito bem. Devido à alavancada das ações da Petrobrás. Foi uma injeção de capital, também incentivada pelo governo. Ao todo ele investiu 75 bilhões na compra das ações as quais serão revendidas no mercado acionista. Espero ansiosamente, eu e os milhões de brasileiros, que esse dinheiro seja redistribuído em saneamento básico, segurança e infra estrutura. Porque esses indicadores ainda estão em processo muito lento. Principalmente em relação aos indicadores sociais de outros países. Não precisamos ir muito longe para ver que a falta de segurança é gritante, os números, sempre eles, apontam que os muchachos mexicanos andam assaltando em proporções menores que nós, brasilenõs. A falta de saneamento é uma realidade que reflete em várias regiões brasileiras. E a educação, nem se fala...,o nosso amigo Roosevelt explanou muito bem em um dos seus textos publicado no Torto como anda essa situação.
Quanto ao presidente que será eleito, não espero muita coisa, pois mudança sempre ocorre para qualquer político que esteja no poder, independente das suas inclinações e legenda. Como robalheiras e escândalos irão existir. O que acho que decisivamente precisaria ser repensado é a nossa consciência política. A nossa capacidade de reagir às manobras políticas desses pequenos grandes homens que dizem ser representantes dessa nossa democracia ensandecida.

8 comentários:

  1. "O que acho que decisivamente precisaria ser repensado é a nossa consciência política. A nossa capacidade de reagir às manobras políticas desses pequenos grandes homens que dizem ser representantes dessa nossa democracia ensandecida."

    Alguns chamam de sonho, outros utopia. Em último caso, talvez, com sorte, esperança. Eu gosto de chamar de futuro distante.

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  2. Creio que a democracia brasileira ainda segue engatinhando, porém vejo algumas evoluções no campo social e do fortalecimento do regime democrático, na política externa e na redistribuição dos recursos do governo.
    Vejo como perigoso ficar especulando tanto e criando as expectativas de continuidade do governo Lula.

    Outra coisa, imagino que ao final do governo Lula, pouquíssimas pessoas imaginariam os resultados quanto aos pontos que destaquei acima. É fato que ainda existem problemas a serem resolvidos, porém, a imagem do Brasil internacionalmente, houve crescimento, dialogo com os movimentos sociais, e descentralização dos investimentos em cultura do Sudeste, maior investimento em associações e cooperativas, agricultura familiar, entre outros.
    O bolsa familia é um problema pelo fato de que não existe uma cobrança efetiva para que os beneficiados possam "andar com as próprias pernas".

    A política brasileira ainda precisa de muito, isso é verdade. Mas creio que alguns passos já foram dados.

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  3. Maíra,

    Quanto a questão dos escandalos, acredito que de fato Lula não pode ser um Deus para resolucionar todos os problemas. A conjuntura institucional politica é extremamente complexa. As redes de funções se espalham em uma infinita malha de divisões de cargos. Se o presidente pudesse mandar em tudo, das duas uma: ou o presidente já teria resolvido todos os problemas do Brasil ou todos os presidentes tenderiam a tirania.

    Outra coisa: para mim, Lula, apesar do assitencialismo como você bem expos, foi um presidente que fez um diferencial enorme diante do historico dos presidentes que tivemos no Brasil. Agora nós devemos sempre lembrar que a bancada da politica brasileira tem concentrado uma série de elementos oriundos de uma historia de oligarquia de direitismo desenvolvimentista urbano, e o que Lula fez não foi nada mais nada menos que qualquer outro partido conseguiria fazer que é a velha negociação entre a elite e o povo, ou seja, o social. Como nossa politica possui um numero muito grande de membros da elite, obvio que por enquanto, a tendencia maior são as escolhas penderem ainda mais para os interesses elitistas. Porém, quem sabe se a história amanhã não se prove outra? É o tempo. Enfim, o sistema lembra um corpo e você não cura o corpo da noite para o dia.

    "O que acho que decisivamente precisaria ser repensado é a nossa consciência política."

    Acho esse pensamento muito sedutor, porém, impraticável em nossa formação histórica, pelo menos por enquanto. Como eu ja disse no primeiro texto que publiquei sobre a maconha aqui no site, o nosso Estado não surgiu pela necessidade do povo, e sim como intuito de sugar nossas riquezas. É por isso que não entendemos para que serve a máquina pública e qual a importancia de nos vermos nela. Ora, não nos vemos justamente por que não sabemos separar o publico do privado ja que o nosso Estado serviu para alimentar bolsos privados da Coroa.
    Uma conscientização sobre a politica e sobre o publico no Brasil, é um trabalho arduo hehehe.

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  4. É, o país andou muito, afinal estamos numa democracia, cheia de falhas, mas progressiva. Progressiva no sentido de cada um tem o poder de expressar livremente onde o cidadão tem espaço para contestar a sua própria condição cívica e social. As vezes, essa democracia é falha, existem momentos que essa liberdade é rompida pelo abuso do poder, não constante, direto e verticalizado, mas sempre penetrado nas linhas ideológicas de que nem tudo pode ser expressado quando a individualidade ameaça se sobrepor a coletividade.
    Enfim, o presidente não é nenhum deus, e não existe cartilha que indique o que um presidente poderia fazer para salvar a sua nação, afinal, não existe salvação. Qualquer Estado terá seus deslizes, pois não tem como governar numa coletividade de eus, de indivíduos pensantes. Por falar em indivíduos, acho que como temos essa modalidade de pensar, cada um dentro da sua subjetividade, mesmo atravessada por uma ideologia dominante que perpassa o seu significado para todos, nós deveríamos fazer o bom uso dela.
    Já que não podemos nos beneficiar constantemente, poderíamos repensar como as coisas estão caminhando, seja na universidade, trabalho ou até mesmo na cerveja q a gente compra na esquina. O que acredito é que o político eleito não terá plenos poderes para conduzir totalmente os nossos direitos, mas a minha capacidade de me juntar a você e aos outros, dentros das nossas diferenças, faz com que entremos em uma acordo para que utilezar o que de fato nos pertece: os direitos. Mas, infelizmente a uma fragilidade política é muito grande, falo de consciência, pois ao invés de pertencermos numa coletividade de múltiplas subjetividades e diferenças, prefirimos pensar numa coletividade massiva que almeja o político eleito sendo o salvador da pátria, dos pobres oprimidos e dos efeitos devastadores da ordem mundial.

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  5. Maíra, sou seu fã de carteirinha. Somente hoje tive tempo de ler os textos do torto. Concordo com tudo que você disse. E não concordo com o otimismo político de Vina. Acredito que se deve a idade. Ou a uma falha cognitiva. Eu não entendo o que ele diz sobre consciência política. Porque qualquer consciência formada pelo aprendizado direcionado para uma determinada visão plítica, para mim, não é mais consciência e sim uma mente lavada. Talvés ele se refira à capacidade de se ter uma leitura política do país. Contudo temos uma multidão de jovens analfabetos funcionias e outros que são até formados, mas, o contato com a academia não os tirou do senso comum. Então, não acredito em consciência política, acredito em uma educação de qualidade, mas a história depõe contra nós.

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  6. Roosevelt,

    Roosevelt diz: "não acredito em consciência política"
    Vina diz:"Uma conscientização sobre a politica e sobre o publico no Brasil, é um trabalho arduo"
    Não sei o que foi que fez a sua pessoa dizer que pensa diferente de mim.

    "não concordo com o otimismo político de Vina"

    Quem é que tá com otimismo aqui? Agora eu pergunto: você acredita que qualquer partido que venha assumir a posição na conjuntura politica vai resolver todo o caos historicamente construido no Brasil?
    Seria uma ingenuidade sua achar que Lula é mentiroso por não ter resolvido ainda os grandes problemas do pais. Sabe que historicamente a nossa politica é recheada de interesses elitistas tanto da elite nacional, quanto muito mais em relação a elite internaticional. Pode vim Arruda, Marina, Zé Colmeia, Serra, que não vai se mudar as coisas da noite para o dia.
    Porém, eu admito que apesar das merdas que o PT fez e das coisas boas que deixou de fazer, ele ainda é uma legenda mais adaptável para dar conta dos problemas da contemporaneidade. Realmente não acredito nem na politica de esquerda radical do Arruda, nem na direita radical de Serra. Isso não signifique dizer que eu vanglorie Lula, porém, aos meus olhos, vejo que algumas coisas mudaram, apesar de concordar com Maira que ainda existe um assistencialismo de merda rondando nossa politica.
    Acho que você interpretou mal a minha opinião, mas tudo bem," Acredito que se deve a idade. Ou a uma falha cognitiva"...

    www.twitter.com/vinatorto

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  7. Meu caro torto,
    No que diz respeito a políticos brasileiros, sou um cético.

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  8. q massa roosevelt! legal q vc gosta dos meus textos.
    Então, acho que a consciência política é algo que se desprende de qualquer movimento formado. Falo mesmo da capacidade de constestar, de reagir nos momentos aparentemente mais vis. Bom, situação não faltam para que tomamos alguma iniciativa, mas continuamos na mesma...calculando o sálario para ver até onde podemos pagar. E assim vai, o Estado tirando dos nossos impostos o dinheiro que deveria está sendo repassado nos planos sociais, educação, saúde...
    Ah um bom tempo que não vejo nos jornais alguma manifestação desse calibre, a última, foi no ano passado que se referia a um vestido curto de uma universitária aí. Fora isso, nada... beijão para vcs!

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