sábado, 9 de outubro de 2010

Lulu consensual ou será o Bolinha? Parte I (por Tatiana Aragão)

Lá vai a Lulu...
Que planeta ela permaneceu?
Calma! É uma alma purificada.
Ela acordou para dormir numa ilha de pessoas diferentes se relacionando para levantar ao amanhecer. Pensa em buscar uma realidade que ofusca a visão do todo em pedaços ramificados.
O que encontra Lulu? A mesmice mecanizada dos comportamentos? A Lulu se cansa de defender uma bandeira para encontrar-se. Cansou de vitrines glamour e tudo envolvendo a mídia estilizada por consenso. Os seus olhos viram a queima de um sutiã que de certa forma quebraria com grilhões na mente povoada do homem vil. As baladas da noite não te agradam e se tornou comum. Suas botas já não convencem. Já as armadilhas masculinas alucinam seu pobre coração. Confunde-se com as inversões dos papeis sexuais. Virilidade versus feminilidade.
Segue a Lulu consensual procurando em velhos jornais resquícios do que houve. Esquecer-se é um ato falho, encontrar-se é corajoso em um mundo que se fecha em plantas carnívoras. Unir-se vegetalmente com os seres traz a Lulu para a realidade cheia de possibilidades, planos ancestrais. O que fascina Lulu é viajar para o Egito e tirar das janelas da alma sonhos e concepções de mundos místicos e cheios de imaginação.
Do outro lado lá vem o Bolinha desconstruindo a percepção lógica dos substratos da mente humana. O Bolinha não vai mais ao encontro de Lulu, ele não ver mais sentido para impulsionar os desejos contidos. Passa pela cabeça dele os atos impróprios de Lulu. Em contrapartida, Lulu sonha em encontrar um homem que idealiza, sendo que Bolinha está longe da suas perspectivas.
O que deixa Lulu mais tranqüila é que seu trabalho paga a suas excentricidades.
Em uma estação Lulu espera Bolinha. A cabeça de Bolinha está num estacionamento vago conflitando com a existencialidade que ela não sabe lidar.
Lulu busca sentido para a sua conexão com a biodiversidade. Ambos esperam por algo extraordinário que equilibre a suas vidas sem sentido
A Lulu não é mais sex. O Bolinha deseja apaixonar-se novamente e esquecer as amarguras do desencantamento.
Num instante de súbito Lulu quebra o salto, visto que, as coisas não foram como ela pensava.
Bolinha enche a cara...
Alguns dias passaram...
Lulu foi convidada para fazer parte da equipe de cientistas da Nasa. Já o Bolinha passou em um concurso público, fez mais uma tatuagem e voltou a fumar, acostumou-se com a vidinha de servidor público fazendo sempre o feijão com arroz.
Depois de um tempo Lulu não tem mais vida social, ela esquecer-se em nome da ciência.

3 comentários:

  1. Tatiana,

    Todas as coisas que caracterizavam Bolinha e Lulu não passavam de mascaras para ambos. No final das contas, a consensual, futil e comum como a massa, perde-se em possibilidades intergalacticas ao trabalhar na Nasa, saindo assim de uma vidinha superflua de vitrines; e o Bolinha, ou seja, o cara que vivia buscando encontrar sentidos além das esferas visiveis e convencionais do mundo, torna-se um cara comum em sua vidinha anonima de funcionário publico.
    Êta vidinha torta cheia de máscaras e de imprevisibilidades hehehe

    um excelente texto

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  2. Oi tatiana!

    é interessante como insistimos em acreditar no limitos dos papéis sociais que são definidos para gente. E isso aí! As coisas acontecem dentro dos ditames sociais, mas elas ultrapassam essa cartilha de sociabilidade para atender um pouco as nossas questões e subjetividade.

    gostei do texto!
    um beijao!

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  3. O que somos depende muito do sentido que damos a existência. Uns são lulus, outros são bolinhas, e ainda muita gente está se perguntando: e eu? Belo texto!

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