Morri? Que cansaço é esse?
Membros e pensamentos não respondem
Desejo, olho... Isto é água?
Estou totalmente consumido
Busco comer a vida, mas ela parece me repulsar
Tapando com sua mão a minha boca faminta
Perco as forças e a resposta do corpo
Quero seguir! Recuso-me a parar!
Não quero te dizer adeus!
Quero te ver todos os dias
Cheirar as flores que brotam no jardim e no esgoto
Quero me deliciar dos momentos de prazer e desprazer
Porém, parece óbvio a imprevisibilidade previsível
Que não tem mais graça rir e sofrer, depressão? Não
Alguma doença psicogênica? Talvez
Mas assim que te ver... Abraçarei e darei mais um bom dia
Andarei com essas pernas arrancadas
Mesmo que rasteje sem estimulo
Recuso-me a parar!
Quando olhar para trás, perceberá o quanto cresci
Não quero morrer nas desilusões
Apenas passar as estações e não mudar o que já fiz.
Quero mesmo viver o eterno círculo do existir.
http://www.serousoulivre.blogspot.com/
Miguel,
ResponderExcluirÉ engraçada essa observação que você fez do eterno circulo do existir. É muito conturbada a sensação que nos temos ao tentarmos definir o que faz parte dos nossos desejos e o que faz parte das limitações impostas a esses desejos. Acredito que seja devido a esse "vai e volta" das nossas ações, que nós, mesmo buscando aperfeiçoar o que para nos é considerado como errado, em tempos futuros sempre estaremos novamente predispostos a cair em outro erro. Não sei se estou me fazendo entender, mas esse jogo de emancipação e culpa nos persegue o tempo inteiro, e a sensação da plenitude e da merda de ser é a nossa principal indentidade. Somos Reis e Rainhas Bostas. Não há como fugirmos disso. Acertamos, melhoramos, pioramos, erramos, acertamos novamente e assim vamos indo. O mais louco nisso tudo é que apesar de sabermos que somos seres imperfeitos, nós cobramos do outro uma perfeição a qual somos educados a acreditar. Obviamente que isso não é errado, mas que é estranho é, uma vez que nós sabemos que assim como o outro, nós nos encontramos disponiveis para o desvio o tempo inteiro, mesmo tendo aprendido com nossas experiências passadas a importancia de não errarmos. A cobrança que todos nós fazemos ao outro é muito mais fruto da nossa própria repugnancia de admitirmos que fazemos o que nós mesmos condenamos do que pelo fato de cobrarmos ao outro alguma coisa por não sermos capazes de fazer.
O círculo do existir, ao qual você se refere, como o concebo, que é como você também o concebe no poema, afigura-se como vida. O tédio recheia de beleza as coisas do mundo. E a existência não se finda na infelicidade lógica, mas na ironia insana, na qual a possibilidade do riso está presente.
ResponderExcluirA consciência do existir do colega torto transcedeu a morte? Sorte de tua morte. A consciência do colega torto não sobreviveu? Então quem falou? Quem desejou?
ResponderExcluirSempre as palavras traidoras, e nós pessoas sofredoras tentamos dizer, sim dizer...
Penso a morte nessa interrogação como uma questão simbólica do fim, como parar no tempo limitando as ações, sentimentos, projetos, cair em frente as dificuldades. Dou mais ênfase ao prosseguir nesses altos e baixos, é querer engolir a vida de tudo que ela possa nos dar de ruim e bom, a fome de barriga cheia, nem sei se posso dizer isso, mas da p ter um idéia no recuso-me a parar. Querer ambiciosamente chegar à algum lugar novo, mas ao mesmo tempo entender o passado como um processo, não algo de afirmação ou negação.
ResponderExcluirTenho essa coisa de "transar" com o mundo, mas as vezes ele não me dá tesão, ou um fora. Mas tento novamente, enfim, sou um doente que tenta descarregar minhas tensões e vejo na poesia uma maneira de soltar-las e ler esse encadeamento de palavras desorganizadas da minha cabeça.
Tento dizer alguma coisa nesse sofrimento que o Roosevelt fala...
Abraços tortos
ideias saltitantes dos ditames da mémoria! lembranças que consomem, que atormentam e consolam. Um eterno círculo de existir não existindo.Não existindo e existindo.
ResponderExcluirmuito bom texto meu caro!
um abraço