sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SOBRA

Subverta-me ao menos uma vez, meu bem.
Não permita que eu sufoque o seu eu.
Afinal, meu coração não sabe das razões que seu coração espera.
Ainda não vá, espere mais um pouco a aurora desse novo dia, tudo promete ser diferente entre fato e poesia.
Meu coração é um lago de quimeras e, inseguro, não vê que o mundo dá voltas e, em volta de você existem muitos “eus”.
Não quero mais esse caminho “troncho”, torto, calado. Recolho-me num canto e em silêncio dou gritos abafados.

6 comentários:

  1. q dez! adorei alisson!
    o q é que me resta, se não caminhos tronchos? gritos abafados...restos... e as sombras.

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  2. Obrigado, maigois99, qual o seu nome mesmo, rsrsrs.

    A idéia é principalmente a do espírito de nossa época. De efemeridade, de urgência para a vida, da fragmentação do sujeito. Pessoa já havia escrito sobre isso.

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  3. Boy, eu sou seu fã cara, você já sabe disso! Achei perfeito e já te disse!! Abraços!!

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  4. sou eu maíra! e pq tenho duas contas kkkkk beijao

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  5. Professor Alysson,

    inicialmente, tive uma determinada compreensão do seu poema. Fui levada a um intertexto com uma canção de Raul. Mas, a partir de sua resposta ao comentário, observo que minha compreensão não foi intencionada no ato da produção (o que em nada interessa, é só um comentário mesmo...). Enfim, então os "eus" não são os "outros eus" e sim as possibilidades de "eus próprios" que vivem na passibilidade (é isso mesmo, não está escrito errado!)de se tornarem o "eu dominante"? Bem, então seu texto leva a um questionamento de como é possível a relação ou interação dos "eus particulares" com os "eus alheios", foi por isso a escolha de "subversão"? É uma palavra muito interessante, sub + versão. Outra versão para o "eu" do eu-lírico, quem sabe. De fato, é bem difícil harmonizar os fragmentos de cada um. Veja, já somos "cada" com um grande número de "cadas". É fato... o que resta é a sobra (óbvio ululante, mas achei a construção interessante...), resta as sobras dos "eus" abafados pelo silêncio imposto pelo "eu dominate". Sem esquecer que há gritos no silêncio... é realmente uma batalha de si consigo mesmo!
    (Como é muito claro seu interesse por poesia e o tema da fragmentação do "eu", recomendo Mário de Sá Carneiro: "Perdi-me dentro de mim/ Porque eu era labirinto/ E hoje, quando me sinto/ É com saudade de mim." - trechinho do poema Dispersão)
    P.S. Não tive a intenção de pôr tantas "notinhas de rodapé", risos.

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  6. Sua compreensão é muito pertinente, Renata. Tendo em vista que a construção fragmentada de nossas personalidades salta em determinados momentos de nossa existência como determinantes, seguindo as nuances do momento. Não quero me referir a influências externas que possam modificar tudo isso. Elas não chegam a ser as únicas responsáveis. O diálogo entre o fatores externos e a nossa recepção fazem essa construção. A interação dos "eus" particulares com os "eus" alheios segue a trajetória da adequação de qual eu nós queremos apresentar. Seja para a adaptação as regras de um grupo ou situação.

    A idéia do subverter é justamente a relação entre os "eus". Esse ajuste sempre complexo é corriqueiro nas relações sociais. Afinal, no contato com o outro, já trazemos tantas "bagagens".

    Obrigado pela indicação de Mário de Sá Carneiro

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