segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A demanda cíclica do capital

Acredito que um dos grandes símbolos da crise na economia foi a quebra da bolsa de valores de 29. No dia 24 de Outubro deste ano, a "Grande Depressão" iniciou a sua derrocada no mercado financeiro. Na noite da famosa "quinta-feira negra" os valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque, a New York Stock Exchange, caiu drasticamente. Da noite para o dia, a grande quantia de dinheiro de milhares acionistas tornou apenas papel sem a menor condição de uso. A partir daí, já sabemos onde tudo terminou. Houve grande inflação e queda nas taxas de venda de produtos, causando o fechamento de inúmeras empresas comerciais e industriais, elevando drasticamente as taxas de desemprego. A causa disso tudo muitos especialistas especularam que poderia ter sido a desenfreada política liberal de mercado, outros diriam que é a natureza cíclica da economia. Parece que Marx foi um deles a acreditar nessa concepção. Para ele o capital tinha seu próprio crescimento e queda no intervalo de 40 anos. Talvez esteja certo quanto essa essência cíclica do capital, mas não num intervalo tão espaçado.
Não que haja algum tipo de determinismo no qual a crise atravessaria na mesma proporção todas as nações do globo, até porque o Tio Sam está aí para nos comprovar o contrário. Este fato demonstrou o consumo desenfreado nas diversas camadas sociais e a explosiva produção da indústria. Afinal os EUA saiam da Guerra como os maiores credores do mundo. E isso foi decisivo para a população adquirir daquilo pouco visto na história. Consumo, consumo e consumo. Bem estar social. O poder da american way life.
Depois da Segunda Guerra, esse intervalo foi se reduzindo rapidamente. Em pouco tempo algum país pedia socorro, desencadeado sob efeito dominó para outros continentes. Diante desses fatos Marx foi preciso, não no sentido de ser determinista, até porque ele não foi, mas na sua capacidade de enxergar a regularidade da crise financeira. Ele saberia que ela iria aparecer de acordo com as demandas de cada época.
Vemos na contemporaneidade que o conceito de crise se tornou muito mais abstrato. A textura que define o capital é muito mais aquosa que nas décadas anteriores. O financeiro remete às especulações. Não sabemos de cédulas nas transações comerciais. O dinheiro está onde ninguém vê ou mesmo toca. A globalização catalisou os processos econômicos. Estamos no tempo de hoje e do agora em que o cartão de crédito, cheque especial resolvem os problemas de contas do dia. Perante esses fatos, creio que não faltarão especialistas para especular novas maneiras de como lhe dar com a política econômica global. Se o neoliberalismo é inevitável ou se a intervenção Estatal, mesmo que mínima, é plausível diante das demandas explosivas do capital.

5 comentários:

  1. Maira,

    O que podemos verificar na fase do capitalismo atual, é que tudo se tornou sinonimo de abstração. A quebra das fronteiras que definiam até então os territórios do globo, se por um lado gerou uma maior facilidade de acesso dos povos no que diz respeito ao que se passa pelo mundo, por outro gerou esse excesso de flexibilização das coisas que nos impossibilita enxergar com clareza a linha limitrofe do que até então haviamos classificado como realidade e ficção. Isso tem provocado muitas angustias, faltas de referencias tem atormentado nossa projeção de futuro e de presente. Junte-se a flexibilização do capital, ainda temos a flexibilização do consumo e do emprego. As vezes eu sinto que andamos por sobre um solo recheado de dinamites por todos os lados mas sem localizações precisas de onde se encontram essas dinamites.
    Um texto bastante enriquecedor

    bjs

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  2. sim vina! é isso mesmo. E o pior de tudo é que devido a esse excesso de flexibilização nos diversos setores, social, econômico e individual nesse mundo sem fronteiras criamos uma onda de partidarismo como muletas, meio para nos confortar em um terreno supostamente mais sólido. Se vc é a favor da privatização automaticamente é um neoliberal, se é simpatizante de algum estadista é um socialista irreversível. Mesmo que se considere um apátrida sem nenhum calor das bandeiras vibrantes de algum partido colorido, sempre haverá um pentelho para te denominar, enquadrar e rotular.
    um beijao!

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  3. Deixe enquadrar, rotular, classificar, categorizar, hierarquizar, será que dá mais? Acho tua escrita granfina. Textualidade e genialidade você combina. Depois tome uma cerveja, relaxe, e o resto fica com você.

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  4. po roosevelt! nem me via assim! mas se vc tá dizendo...
    é meu caro! deixo mesmo! deixo tudo! até pq depois de duas miseras cervejas n tem como resistir a nada.
    um grande beijo meu caro.

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  5. interesante . quando a merda rola vao fazer um enxame , melhor falado quando varias merdas rolarem .
    prefiro 21 com refri do que cerveja
    enfim respeito o cotidiano
    Alan

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