Por esses dias eu encontrei no bar Pedaço de Cosmo, uma garota chamada Zefa Galáxia. Aproveitando que tinha recebido suas férias, a garota saiu circulando pelo universo e conheceu três lugares: o Planeta Reto, o Planeta Empenado, e por fim, o Planeta Torto. Ao me falar sobre suas experiências nesses planetas, achei pertinente falar um pouco sobre suas aventuras.
A primeira rota de Zefa foi o Planeta Reto. De acordo com Zefa, ao chegar no Planeta Reto, ela encontrou uma sociedade extremamente impositiva. Segundo ela, lá as pessoas sentiam dificuldades em lidar com a pluralidade do mundo. Tudo era na base da hierarquia e tudo se organizava como certo ou errado, melhor ou pior. Zefa, por duvidar daquela classificação e ao confrontar os valores do Planeta Reto, terminou sendo expulsa de lá.
Lá pela nossa sétima cerveja, Zefa começou a me contar sua experiência no Planeta Empenado. Chegando no Planeta, ela soube que a população que lá habitava era justamente a população que tinha sido expulsa do Planeta Reto. Com um tempo, o numero de expulsos foi aumentando e foi se formando uma política própria.De inicio ela ficou extremamente encantada com aquele povo.
Zefa percebeu que justamente os grupos vistos como marginalizados pela sociedade eram os grupos que recebiam apoio no Planeta Empenado. Porém, nossa querida viajante notou com um certo tempo que os grupos excluídos, por guardarem muitas situações de opressão, sentiam um ódio profundo por tudo que estivesse associado ao Planeta Reto. Tudo que era associado aos valores do Planeta Reto era considerado inútil.
Com essa política, Zefa percebeu que apesar daquele povo saber compreender os grupos marginalizados, ele ainda não sabia admirar a pluralidade. O que nossa viajante percebeu é que aquele povo exigia direitos, respeito pela diferença e a inclusão dos grupos marginalizados, mas não admitia se incluir na pluralidade. Pregavam a diferença, mas insistiam no isolamento.
Zefa resolveu finalizar seu percurso no Planeta Torto. Depois da nossa décima primeira cerveja, Zefa observou que no Planeta Torto não havia uma imposição de idéias, assim como no Planeta Reto, mas no Planeta Torto, as subjetividades eram tão defendidas como necessárias que eles admitiam a hierarquização dos valores, até por que eles acreditavam que devido as subjetividades, inevitavelmente todos tinham uma idéia do que era certo ou errado, feio ou bonito.
Ela disse que o Planeta Torto buscava reconhecer os direitos dos grupos marginalizados assim como no Planeta Empenado, no entanto, o Planeta Torto por entender que ninguém possuía uma verdade plena sobre nada, sabia que no final das contas ninguém era melhor ou pior do que ninguém, e por isso mesmo, nenhum grupo deveria ser segregado, o que não significava dizer que não se deveria reconhecer e criticar as relações de poder entre eles.
Quando eu e Zefa chegamos à décima quarta cerveja, preferimos nos despedir até por que não sabíamos mais diferenciar mão de dente. Mas... se não tivéssemos tomado todas aquelas cervejas, por acaso saberíamos definir com tamanha verdade o que era alguma coisa de outra coisa qualquer?
http://www.youtube.com/watch?v=ibT4SFNcGcY
ResponderExcluirAlan
Meu caro, sua capacidade de síntese é anormal!
ResponderExcluirVejo que, apesar de renegar o ineditismo, o Torto ainda é uma postura muito rara.
Abraço!
Excelente texto! Parabéns!
ResponderExcluirImpossível não fazer associação aos regimes totalitários de direita, ao czarismo russo, e posteriormente aos regimes totalitários de esquerda, que nasceram como uma negação às suas "ditaduras anteriores" e que de modo revolucionário, sob a bandeira da liberdade, da melhor distribuição de renda e das riquezas, tomaram o poder e implantaram uma outra ditadura, no que eles mesmos chamavam de "ditadura do proletariado". Apesar dos indicadores sociais de certo modo terem melhorado nesses países, houve sim uma classe minoritária dominante e o totalitarismo seguiu dominante, só que dessa vez "empenado" e não "reto". Semelhante ao que quis apontar George Orwell, em a "Revolução dos bichos", quando os bichos tentaram tomar a fazenda "reta" de seu proprietário e se auto-gerirem, mas acabaram vivendo uma sociedade "empenada", uma nova ditadura, dominada pelos mais espertos, no caso os porcos.
O que tem faltado mesmo na história é a 3ª transição. A dos tortos, onde a diversidade, a pluralidade e o perfeito entendimento de que o conflito é constitutivo da democracia, serão amplamente aceitos.
Muito bom!
Abraço
O problema é que o torto, justificando-se da ineficiência do empenado e da tirania do reto, ao dialogar com ambos, aproveitando as brechas que ambos oferecem, claro, também incitando-os aos dois para que reconciliem-se, pode ser entendido como conformista e oportunista.
ResponderExcluirpequeno detalhe , o que existiu na urss foi uma burocracia planificada capitalista , e ademoracia que vivemos hoje e uma farsa
ResponderExcluirAlan
Linda psicografia. Cara, vejo personagens, diálogos, cenários lindos. Uma releitura do Pequeno Príncipe ou algo do tipo. Mas, aí no caso, seria um boêmio depravado que conversa com uma viajante intergaláctica sobre o que ela viu por aí no espaço sideral.
ResponderExcluirCoaduno com as palavras de Josué.
ResponderExcluirLou,
ResponderExcluir"pode ser entendido como conformista e oportunista."
É isso mesmo. Pelo menos para mim, o Movimento Torto não vai optar em levantar bandeiras e dizer que defende isso OU aquilo. Uma alma bondosa que quiser patrocinar o torto, independente da mercadoria que a sua empresa queira fornecer ao mercado, pode se sentir extremamente a vontade em por valor a sua marca aqui dentro. Para mim, o torto pode ter propagandas sobre produtos eróticos como rolonas vibratórias, como ter ao lado dessa propaganda um anuncio sobre um livro como titulo "As verdadeiras palavras de Deus" hehehe.
O que eu acho meu querido, é que no final das contas, o torto nunca é SEMPRE torto. Justamente o torto se entorta por que ele tem um pouquinho do que ele considere como torto, como reto e como empenado, e por isso mesmo concordo com você quando diz que o torto aproveita a brecha que os dois planetas oferecem.
Edson,
ResponderExcluirAdorei a relação que você fez com a revolução dos bichos e com as estratégias da direita e da esquerda. Como eu disse a sua pessoa em uma de nossas conversas, o torto luta por tudo aquilo que venha atender aos problemas sociais trazidos ou consolidados pelo capitalismo, confrontando assim esse sistema, mas também reconhece que a educação incorporada a base de discursos sobre propriedade privada, consumismo, encontra-se introjetada em todos nós. Eu como um adorador do torto, prefiro não escolher a filosofia excludente do capitalismo, assim como eu não opto em regimentos totalitários e fechados e também excludentes como foram os regimes ditos de esquerda. Acredito que os dois trazem algo de positivo, assim como os dois trazem problemas negativos, e por isso mesmo eu me entorto buscando avaliar e reprovar os dois lados ao mesmo tempo.
Igor,
ResponderExcluirSim, poderiamos pensar o texto como um principe que é filho do Rei Bosta e pequeno pela sua grandeza conquistada e fracassada. Pois é: ai encontramos cenários lindos de lamacentos ambientes, de dilemas e de confusões inerentes aos três planetas que no final das contas pertencem a todos nós. Por fim, tentando viver em um planeta ou em outro, o que trazemos como garantia é uma ressaca da vida e uma bebedeira constante ao perdermos e sermos incapazes de darmos referências precisas ao tentar diferenciarmos uma coisa da outra, pois no final das contas, ficamos entortados por tanto entortar a ponto de perdermos o critério exato do que é uma coisa ou outra.
Alan,
ResponderExcluirNossa democracia é tão farsa assim? Veja: reconheço que da forma como o discurso se é construido quando se fala de democracia realmente é uma farsa. Porém, eu acredito que com a globalização, a transição de uma diversidade cultural é algo que tem proporcionado acessos aos setores mais periféricos. Mas entenda que eu não estou aqui aclamando o capitalismo e a globalização, longe de mim, até por que eu também sou vitima de sua economia volátil, de flexibilizações de capitais em sua aura toyotista. E em se tratando dos setores despossuidos, o que percebemos é um imenso paradoxo, pois ao mesmo tempo em que eles passaram a ter acessos maiores com os meios de informação e com as novas tecnologias, sabemos que essas tecnologias se encontram nesse contexto histórico muito mais concentradas que em tempos antecedentes. Mas se pensarmos a democracia não só como a igualdade para todos, mas como possibilidades mais massivas de outros meios, eu acredito que o mercado financiador do consumismo monstruoso, ao mesmo tempo em que exclue cada vez mais um numero maior de pessoas, possibilita também uma popularização de bens para pessoas que antes nem senhavam em tê-los.
O torto, para mim, continua a ser um movimento intrigante, e no mau sentido. Através de um discurso adornado de paradoxos, os quais volto a dizer que não entendo, tenta-se criar, no interlocutor, uma espécie de vertigem linguística, de modo que ele, em razão de tantos jogos de palavras, acabe absorvendo ebriamente a miscelânea que lhe é apresentada.
ResponderExcluirPor vezes vejo semelhança entre os textos de Vina e os textos bíblicos. Ambos criam situações nas quais, quem os refuta, acaba sempre por ser refutado com a mesma vaguidão a partir da qual se erige o plano teórico do movimento torto.
Usando-se um pouco de lógica, questões levantadas no texto, como quando o torto afirma defender os grupos marginalizados e potencializa a idéia de que ninguém é melhor do que ninguém, evidencia-se um esvaziamento da moral, chutando-a para o marco zero, havendo mesmo uma suspensão da razão em lugar do ostracismo e o tolhimento da ética.
Por exemplo: Vina diz: "a educação oferecida aos pobres é precária". Ao pegarmos essa crítica hipotética, e ao conectarmo-la com as idéias sobre melhor ou pior elencadas pelo torto e ao fato de que estamos todos inseridos numa esfera social regida por normas e princípios, observamos que a crítica inicialmente feita se esvai, sobrando-nos a certeza de que a estrutura política, por ser composta de homens tão limitados quanto aqueles com quem são impunes, apesar dos pesares, só vilipendia inocentemente - merece ser alvo do discurso crítico, mas não da intervenção prática.
À parte as divergências, a historinha ficou boa.
João Paulo dos Santos
evidenciam um*
ResponderExcluirvina nossa sociedade globalizada possui muitos bens de consumo desnecessarios . ja pensou se nossa tecnologia fosse usada para o lado humanista e nao para lucro como e usada atualmente. a cadeia de mp2 , mp3 que sempre vai gerando novos produtos sofisticados para o consumo. uma telivisao de LCD 42 pelegada sera que isso e realmente e necessario para minha vida . nao seria mas interesante produzi meios de trans portes mas rapidos ,seguros ,com energia renovavel e com maior carga de pessoas ; em vez do uso do carro moto que sao bem atrasados
ResponderExcluirapesar da suas vantagens como vc citu a globalizaçao continua bem atrasada com seus sistema que so visa o lucro e alienaçao
a parte da alienaçao apesar de cita la nao me considero superior a ninguem
Alan
legal vina!
ResponderExcluirnão sabemos definir em linhas estreitas e absolutas o certo e o errado, se é que isso é possível. Termos esses definidos no intuito de controle, regimento um tipo de política entre as pessoas. Depois de tomar vários copos, as ideias ficam soltas os termos passam a ter uma maior elasticidade, mas mesmo assim os questionamentos ainda continuam. As respostas já não valem quanto as nossas infindáveis perguntas.
PARECE ATÉ QUE O CARO jOÃO PAULO DOMINA OS TEXTOS BÍBLICOS PARA FAZER SOBRE ELES JUÍZO DE VALOR. EU ENTENDO QUE DAR UMA OPINIÃO É PERFEITAMENTE NORMAL. AGORA DIZE QUE OS TEXTOS BÍBLICOS SÃO VAGOS É UMA OUTRA COISA. POR QUE? E O QUE O AMIGO ENTEN DE DE BÍBLIA, JÁ A LEU TODA? JÁ ESTUDOU O GREGO E O HEBRAICO OU LATIN PELO MENOS PARA FAZER UMA EXEGESE DEPOIS AFIRMAR COM MATURIDADE: OS TEXTOS BÍBLICOS SÃO VAGOS. SEU JOÃO PAULO VOCÊ É PEDANTE AO EXTREMO. VOCÊ UM PIRRALHA METIDO A INTELECTUAL. DE NADA SABES SOBRE HERMENEUTICA BÍBLICA E SE METE A COMENTAR SOBRE AS ESCRITURAS. VÁ COÇAR O CÚ CARA.
ResponderExcluirCalma. Creio que a percepção do "pirralho metido a intelectual" seja compartilhada por um número significativamente grande de pessoas inocentes.
ResponderExcluirPosso concordar com o fato de que, tratando-se de um livro escrito há 2.000 anos, retraduzido em quantidade e diversidade linguística infinitas vezes; manipulado por uma instituição religiosa que, à época, sabe-se que detinha poder imensurável e pouca ética, são influentes do pensamento de que as palavras ali contidas possam fazer-nos rever aspectos de sua fidedignidade.
João,
ResponderExcluirVá ver que o fato de você achar que quem refuta meus textos seja refutado, deve-se ao fato de você reconhecer mas não querer admitir a possibilidade da existência de no minimo duas realidades em diálogos, ao invés de uma realidade imposta a outra assim como você diz acreditar que exista. Por isso que mesmo vc me negando, você admite que o que você nega, você também afirma, e por isso mesmo, ao refutar meu texto, você se sente refutado hehehe.
Cuidado com suas palavras gatinho. Quando você diz: "potencializa a idéia de que ninguém é melhor do que ninguém, evidencia-se um esvaziamento da moral", você esquece de observar que assim eu me posiciono: " eles admitiam a hierarquização dos valores, até por que eles acreditavam que devido as subjetividades, inevitavelmente todos tinham uma idéia do que era certo ou errado, feio ou bonito." Ou seja, mesmo você dizendo que eu gero a tentativa de esvaziar a moral, eu quero observar que admito hierarquias ao contrário apenas dessa relativização relativamente relativa que você diz que meu texto traz.
Realmente John, hoje em dia eu percebo que foi melhor você sair do site pois você realmente deveria sofrer muito aqui neste site que diferente do que você pensa, não se acomoda em um referencial, mudando apenas do dogma das coisas. Prefiro ficar assim mesmo, vez em quando fazendo comentários em seu blog e você lendo os meus comentários em seu cantinho. Seu blog é mais comum e atende mais aos seus anseios.
No mais, muito obrigado pelo seu comentário, realmente foi muito construtivo, mas lembre-se sempre que puder que "a felicidade é uma arma quente John" hehehe
abraços carinhosos e gostosos pra você
Há duas realidades, que quando concatenadas, se anulam. Defesa das classes marginalizadas, defesa da hierarquia. Não que eu não defenda a hierarquia (não a classista), mas num plano textual, caso fosse eu quem estivesse esboçando as idéias apresentadas por você, procuraria meios de não cair no que chamei de vertigem linguística, sentenciando o texto ao paradoxo pelo paradoxo, a fim de validar as idéias do grupo a que pertenço à revelia da coerência.
ResponderExcluirQuanto à minha saída, não sei por que se insiste em bater nessa tecla. Tem menos a ver com o seu texto que o meu comentário.
João,
ResponderExcluirNão acredito que as duas realidades por dialogarem se anulem. Eu acho que as realidades quando se concatenam, se resignificam o tempo inteiro.
Veja bem: você tem ideia do que seja certo e do que seja errado. Se tem a ideia dessas duas realidades, é por que você ja vivenciou as duas. Eu não posso dizer que comer bosta de porco é bom se eu nunca comi bosta de porco. Acredito que essa lógica seja elementar. No entanto, existem momentos em que o que você acredita fazer como ético se confronta com a colisão da expectativa do outro. A partir disso, você vai requestionar, resignificar o seu conceito de ética a partir da experiência que você teve em relação ao outro, ou seja, em nenhum momento você se anulou visto que você passou a repensar o seu conceito de ética. O que você fez foi resignificar a sua ideia de ética.
Quanto ao fato de você sair, eu não quero insistir em bater na tecla, só quero dizer que eu tenho as MINHAS hipóteses e argumentos para achar por que foi melhor pra você a sua pessoa ter saido.
abraços gostosos pra você again hehehe
Duas realidades podem dialogar. Eu não disse que não. O que disse é que, especificamente em muitos dos seus textos embora haja a presença dessas duas realidades num suposto diálogo, quando juntamos os dois lados desenhados por você, elas, as realidades, se anulam. É como disse: como defender, a um só tempo, oprimidos e opressores, sendo que vivemos numa sociedade regida por princípios, inclusive os políticos, que demonstram perfeitamente bem que essa defesa, até atruística demais, não vinga?
ResponderExcluirAgora, hierarquicamente (para além do classismo), elas podem sim dialogar. Somos educados por nossos pais, por nossos professores, e mesmo que não percebamos como a formação que por eles nos fora ofertada é importante, no decorrer das nossas vidas agimos muitas vezes de acordo com ela.
Sabe meu caro João,
ResponderExcluirÉ muito bom criticar sem responsabilidade os outros sem nenhum compromisso com a verdade. O amigo escreve sobre os outros como se suas colocações, que aliás, pecam muitas vezes na sensatez, fossem a última palavra sobre isso e aquilo. Você ousou chamar o livro mais estudado do mundo de coisa vaga e o comparou ao que você acha das produções de Vina. Veja, você esqueceu que o texto massorético contém informações milenares e que serve muito, mesmo sem uma abordagem religiosa, de referências para a nossa compreensão da realidade humana. São os relatos primeiros do início da escrita humana. Não consigo saber onde você encontrou tanta burrice para por em sua cabeça.Se sua pessoa ficasse quieto seria bem melhor para sua imagem como suposto intelectual. É bom dar uma lida antes sobre qualquer coisa que nossa pessoa não tem uma certa familiaridade. Escrever sobre o que não sabe é pecar contra os princípios lingüísticos da textualidade. Isso é ser pedante, irresponsável, boçal e etc. Me desculpe a franqueza, mas o amigo já estava passado de saber um pouco sobre você. Você saiu do torto porque não suportou as críticas, não teve humildade. Na verdade, você gosta de criticar, e se acha o tal mesmo. A vida vai te mostrar que as coisas não são bem assim...
João
ResponderExcluirJOÃO "como defender, a um só tempo, oprimidos e opressores, sendo que vivemos numa sociedade regida por princípios, inclusive os políticos, que demonstram perfeitamente bem que essa defesa, até atruística demais, não vinga?"
Vou repetir aqui o trecho do meu texto: "eles admitiam a hierarquização dos valores, até por que eles acreditavam que devido as subjetividades, inevitavelmente todos tinham uma idéia do que era certo ou errado, feio ou bonito."
Portanto, como dizer que eu acredito que se pode defender a um só tempo os oprimidos e os opressores? Como defender esses dois simultaneamente se eu bem sei que em determinadas circunstancias, inevitavelmente eu vou optar em me apoiar ou me afastar mais de um lado que de outro? Não é por acaso que eu digo que apesar de eu acreditar na importante das exigências dos grupos marginalizados, eu também sei que nem sempre estamos predispostos a abraçar toda uma pluralidade, pois somos subjetivos, e por sermos subjetivos, inevitavelmente classificaremos as coisas e escolheremos alguma coisa em prol de outra.
Desculpe, mas você é que insiste em enxergar o torto OU como um ser flutuante e desvinculado de uma base OU tentar colocar o torto em uma postura dicotômica com o sistema oficializado ao longo do seu tempo aqui no site.
Novamente, muito obrigado pelo comentário
abração
Alan,
ResponderExcluirCorcordo em todos os sentidos com a sua pessoa. Realmente nós percebemos que esse momento atual de flexibilização do capital tem a necessidade de flexibilizar o consumo de tal forma que a necessidade de se criar novas tecnologias a cada tempo se reflete na necessidade de se buscar mais meios publicitários e mercadológicos para as empresas. No entanto, é bom se observar que temos um contato com uma rede muito mais complexa de informação devido ao estreitamento das culturas com o mundo, e que o contato com a diversidade vai implicar em novas invenções e por haver inumeras outras invenções, ela vai possibilitar uma demanda muito maior de novas necessidades e de consumo. Não tiro o seu argumento em observar que poderiamos amenizar essas inovações e priorizarmos coisas mais emergenciais para a sociedade. No entanto, infelizmente o que percebemos é que os meios de transporte também passam por inovações, porém, essas inovações se resumem aos acessos restritos para determinados setores. Por isso que eu compartilho com você quando fala sobre a precariedade da democracia, pois percebemos que temos grandes inovações, mas que essas inovações se restringem a determinados setores. Porém, quando falo da democratização dos bens, é que apesar dessa desigualdade de acessos e consumos, setores que antes eram totalmente segregados dos acessos aos bens culturais, apesar de ainda serem marginalizados, possuem uma facilidade muito maior em adquirir bens que antes se restringiam a um setor apenas.
Tendo como base de sua produção o aspecto dualístico de todas as coisas, considerando que em tudo exista negatividade e positividade o torto assume um papel aparente de "em cima do muro", papel que sempre incomoda muita gente. Estar de um lado não significa negar que seu oposto possua também pontos positivos, e penso eu ser essa visão que o torto nos tenta passar de maneira a enteder-mos a subejitividade das coisas. Diferentemente de bandeiristas, fundamentalistas, e xiitas por opção que negam tudo que possa ser proveitoso no seu oposto, e tudo que é desastroso em seu ponto de vista. João está tentando nos mostrar que isso é paradoxal, que não deixa de ter sua ponta de verdade, mas da maneira que o torto vem tratando os pensamentos me parece estar dentro de um parametro aceitável da compreenção e do entendimento lógico.
ResponderExcluire
Seu Roosevelt pondere as paixões.
FÁBIO BULANDEIRA
Fábio,
ResponderExcluirAdorei a sua análise. Isso o que você trouxe com suas inteligentes palavras é o que o torto vem tentando mostrar. Porém, "em cima do muro" é uma coisa que eu acho que o torto não assume não, uma vez que o torto ao mesmo tempo em que admite que ninguém é detentor de uma verdade plena das coisas, ele bem sabe que inevitavelmente por ele ser produto do meio e por ser subjetividade, ele tem suas escolhas. O que o torto quer dizer é que nem sempre o que ele condena, ele nega; assim como, nem tudo que ele aceita, ele quer.
O que eu posso dizer é que o torto, pelo menos no meu ponto de vista, assume uma posição mais ou menos assim: eu gosto de goiaba e gosto de manga. Maria e Joana são minhas amigas. Na casa de Maria tem goiaba, na casa de Joana tem manga. Já que as duas me consideram, no dia que eu quero comer goiaba, pulo do muro para a casa de Maria, no dia que eu quero comer manga, eu pulo do muro para a casa de Joana. Porém, Maria é intrometida e Joana é interesseira. Por eu ser interesseiro, pulo na casa da intrometida. No entanto, quando eu canso de comer goiaba, e por eu não gostar de intromissão, eu saio do terreno de Maria. Por eu ser intrometido, pulo na casa da interesseira. Porém, por eu não gostar de gente interesseira, eu saio do terreno de Joana hehehehe
obrigado pelo comentário
Maira,
ResponderExcluirO que eu acho é que talvez, mesmo se eu e Zefa Galáxia não tivessemos tomados todas aquelas cervejas, nós enfrentariamos a grande crise construida pelas palavras que ergue e destrói coisas belas, ou seja, a crise de encontrar um sentido definido das coisas. Vivemos em meio a uma ventania brusca de infinidades signicas que se remontam, se conflitam, se recombinam incessantemente o tempo inteiro. Se por um lado, as convenções geram um ordenamento de sentidos em nosso convivio com a realidade, por outro, essas convenções por serem um amontoado de sentidos, logo se auto-requestionam e provocam um reboliço em nossas mentes e em nossa forma de nos relacionar com a realidade. Independente de uma boa cachaça, o que percebemos é que as coisas, antes de terem suas mera funcionalidades girando em seus próprios eixos, possuem uma espécie de transfuncionalidade que se encontra além dos sentidos que damos diretamente a elas. No final das contas, bebados e crentes sofrem de alccolismo existencial, assim como sofrem de ressacas de significantes em seus pequenos e infinitos dia a dia hehehehe
bjs
Bem, Vina, seja como for, o debate rendeu. Já tivemos a mesma discussão em outros posts. O torto, como disse inicialmente e em outras vezes, aos meus olhos, continua difuso. Talvez se justifique a sua posição enquanto alguém que pesquisa a música brega - um setor da música que é marginalizado -, colocando-a, pelo que conheço do seu trabalho, no mesmo patamar musical do estilo desenvolvido, usando um exemplo hipotético, por Roberto Carlos, o que não quer dizer que você denegue a importância do mesmo e o valor que as pessoas lhe atribuem. Não que a música não seja um elemento político, mas quando nos afastamos das questões estéticas que envolvem a sociedade, e pomos em evidência peças políticas que mantêm uma relação direta, aí já começo a não compreender o torto.
ResponderExcluirFábio,
Eu acredito na idéia de que o ser humano precisa de prazeres. Porém, a depender da intensidade pela qual esses prazeres são executados, algo benéfico a quem goza passa a ser maléfico a outros.
Usemos como exemplo um homem que sente prazer em assassinar. Nessa questão teremos alguns pontos relevantes: crime - prazer - condenação - dor. O ser humano, do qual estamos tratando, como eu ou você, é provido de sensibilidade, por isso, naturalmente, deseja. O problema decorre do fato de que a nossa vontade não pode ser encarada como um atributo superior a todos os outros, de tal forma que, para consumá-la, sejamos indiferentes ao fato de que o outro também possui sensibilidade. Quando se mata alguém provoca-se dor, logo a relação não é puramente prazerosa, sobretudo para quem é o passivo. Relativizar é importante, mas tem seus limites.
Agora pegue esse exemplo e contextualize com a política.
Abrs,
João Paulo dos Santos
"Quando se mata alguém provoca-se dor, logo a relação não é puramente prazerosa, sobretudo para quem é o passivo. Relativizar é importante, mas tem seus limites."
ResponderExcluirPrecisa articular melhor suas ideias para não deixar brechas tão fáceis. Não confunda seus parâmetros de pureza com a infinitude de concepções cruzadas oriundas de 7 bilhões de outras subjetividades.
Não houve ainda uma sociedade sem segregação e controle. Não houve igualdade, fraternidade e liberdade plena. Não pense que pode mensurar o alcance de tais propósitos por concepções meramente positivas. O sujeito da Terra Dura que sofre hoje é o primeiro a passar-lhe a perna quando da oportunidade. O processo evolutivo é lento e gradual. Todos morrem e as pequenas mudanças ocorrem e são incorporadas inconscientemente, para conter eficácia e completude, e não coercitivamente. Não ocorre num estalo, entenda isso.
Quanto ao Torto, é uma forma interessante de atentar para esse fato. Não tomar medidas extremistas diante das situações, reconhecer que há muito mais dentro do ser humano do que os ideais que acredita piamente e as fórmulas prescritas inabaláveis e irrefutáveis de curas socioeconômicas, bem como atentar para a pluralidade de pensamentos intercruzados e da impossibilidade lógica de transformar instantaneamente quem ou o que quer que seja, além de refutar a pieguice de que o poder do individual coletivizado fortalece a concretização da utopia, já que vacinado quanto ao desvirtuamento inevitável de toda ordem que se crê sem caos, são pontos que fazem da proposta, dentro de minha visão, claro, válida e oportuna, ainda que conformista e oportunista, seja por necessidade, definição ou conclusão pessoal. Observe o desencadear da maldita história e verá que há propostas que se vestem de branco e pintam a tudo de vermelho. Não é melhor deixar claro que o macro constitui-se numa hipocrisia tirana e opressora, sendo mais pertinente corrompê-la do que brigar com ela a paus e pedras (ainda que com um doutorado) feito um imbecil? Se faz necessária uma nova revolução, uma revolução mais sofisticada, contemporânea e intuitiva, que comporte-se como um vírus, contaminando a tirania imperceptivelmente, rastejando invisível e driblando furtiva os obstáculos. Lutar às cegas é primitivar soluções.
Deixando bem claro, também, que não me considero um Torto. E muito menos um Reto ou Empenado. Não dou a mínima pra o que os terráqueos pensam deles mesmos. Estou apenas assumindo a personagem que me foi deferida pelo acaso. Pois sem máscaras não há progresso.
Lou, ninguém aqui está falando de saudosismo extremado, como você pensa. É interessante, também, que você entenda utopia não no sentido, digamos, literário, mas que veja a utopia como uma espécie de projeto arquitetônico de uma casa, que guia quem a constrói para que, sem referencial nenhum, este não comece a fazer paredes a esmo. Todo projeto político precisa de idéias, esteja se tratando de um projeto socialista ou liberal. Não aceitar isso é querer ser rebelde. Não apóio essa coisa de lutar com pau e pedra, e se você tem essa visão de quem propõe uma alternativa socialista, admito que você está invariavelmente errado. Eu acho interessante essa sua perspectiva de história, por muito tempo já foi a minha(vc bem sabe disso), mas já não dá mais pra ficar nessa morbidade passiva, como diz Yanco. Enfim.
ResponderExcluirNo mais, o parâmetro de pureza não é meu. Esse exemplo vem de muito antes do seu Cristo haver condenado os atos hediondos.
João Paulo dos Santos
João,
ResponderExcluirVocê insiste em repetir um discurso como se eu relativizasse as coisas a ponto de tratar com indiferença as relações de dominação de uma sociedade. Vejamos: apesar de você dizer que a história foi bonitinha, mas novamente eu acho que você pulou algumas partes dela para antecipar suas argumentações. Vou repetir um trecho do texto: "nenhum grupo deveria ser segregado, o que não significava dizer que não se deveria reconhecer e criticar as relações de poder entre eles." Enfim, entenda como quiser. Se quiser se negar a entender como é de comum, também aceito, faz parte da sua auto-afirmação.
"Não apoio essa coisa de lutar com pau e pedra, e se você tem essa visão de quem propõe uma alternativa socialista, admito que você está invariavelmente errado."
ResponderExcluirSou todo ouvidos. Invariavelmente, eu duvido muito. Afinal, com que dinheiro arranjariam armas mais poderosas para desbancar a tirania? Ou pensa que conseguirão com mobilizações e dialética? Vençam a TV e ganharão o prêmio Artorius de comunicação.
"Eu acho interessante essa sua perspectiva de história, por muito tempo já foi a minha(vc bem sabe disso), mas já não dá mais pra ficar nessa morbidade passiva, como diz Yanco. Enfim."
Bom que tenha dado ouvidos ao Yanco, depois de tê-lo como rival. Há muito nas ideias dele que podem ajudar a formular uma teoria eficaz na prática.
"No mais, o parâmetro de pureza não é meu. Esse exemplo vem de muito antes do seu Cristo haver condenado os atos hediondos."
Ora, ninguém disse que não. E quem é que o segue? Aqueles famigerados que se entregam ao circulo da moral. A tirania, que detém o poder, jamais o seguiu. E Cristo nada tem a ver com isso. Tudo que o bendito disse foi para que amássemos uns aos outros. Todo o resto é especulação, distorção e reinterpretação parcial.
Lou,
ResponderExcluirAdorei a sua descrição sobre a perspectiva do torto. Concordo com você quando salienta da impossibilidade de se pensar em uma revolução em uma extensão macro. Ainda concordando com a sua pessoa, eu acho que o pensar em revolucionar uma estrutura é algo que deve existir nos sonhos dos humanos, do contrário, qual o sentido de estarmos aqui se não for para refutarmos as ordens que nos querem impor como naturalizadas e divinas? No entanto, eu acredito que a melhor revolução é aquela que se faz em esferas micros. Acho eu que as estratégias para um mundo melhor deve partir da responsabilidade individual, pois essa individualidade atingirá uma coletividade, uma vez que não há indivíduo sem sociedade e vice e versa. Assim como nosso autor Reuel, eu sou da posição de uma revolução estética, isto é, uma revolução que busque compreender o indivíduo enquanto um sujeito dotado de riquezas, de frustrações, de valores e de sonhos, ao invés de acreditarmos no indivíduo enquanto um agente no qual suas visões de mundo simplesmente ficam submetidas a uma estrutura como se essa estrutura não fosse o resultado de práticas cotidianas que implicam não só fatores objetivos, institucionais, mas também valorativas vinculadas as expectativas subjetivas de cada um. Não apenas ficarmos nesses discursos empobrecidos de uma coisa ou outra.
Discursos esses que se provam a todo instante a dificuldade em saber interpretar a ambivalencia e a ambiguidade do torto pois são limitados e vivem a enxergar isso ou aquilo. Em outras palavras, um discurso que limita o torto ou a um relativizador de moral ou a um subversivo sem causa. Mas não condeno os donos desses discursos não. Eles são vitimas da mecanização das coisas, é uma pena.
Pertinente. Uma ressalva apenas para o ponto da Revolução Estética: como dizia minha Vó, "amor não enche barriga". Essa palavra, revolução, é sempre uma faca de dois gumes. E, como falei, não gosto de luta, nem física nem metafísica. Gosto de sombra e água fresca.
ResponderExcluirLou,
ResponderExcluirSombra e agua fresca é uma coisa que muita gente gosta. A revolução estética não está se referindo a crença no amor do outro e pelo outro. Eu falo de uma revolução que possibilite olhar o humano enquanto uma esfera subjetiva também. Não ha como uma revolução surtir efeito, se ela não pensa o individuo enquanto sujeito dotado de valores, imaginações, fraquezas, virtudes...
Concordo. O ditado quer dizer que, antes de pensar em todas essas coisas, é bom estar bem alimentado e descansado.
ResponderExcluir"Ora, ninguém disse que não. E quem é que o segue? Aqueles famigerados que se entregam ao circulo da moral."
ResponderExcluirNeste trecho, entenda-se por "moral" a leis e costumes como um todo.
Lou,
ResponderExcluirMas o que a militância muitas vezes pensa é que a resolução da fome se dará quando mudarmos a estrutura, o que não critico, porém, devemos lembrar que a estrutura, mesmo sendo quebrada, não acarretará muitas mudanças se não pensarmos nos valores que os homens trazem dentro de si. A revolução estética é nada mais nada menos que reconhecer a subjetividade, a forma como cada qual concebe o que é melhor para o mundo.
Meu caro Anônimo,
ResponderExcluirFavor não me mande segurar minhas paixões. Vejo na sua pessoa escondida um quadro nítido de uma paixão não controlada. Caia na franca e assuma a sua identidade. Aqui, não é festa a fantasia...salve o torto.
"No final das contas, bebados e crentes sofrem de alccolismo existencial, assim como sofrem de ressacas de significantes em seus pequenos e infinitos dia a dia ", FANTASTICO MEU CARO!
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