quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O torto tortinho

Tenho mais de 200 títulos publicados em outro site. Mas o torto é algo que me empurra para o inédito. Eu poderia publicar qualquer texto meu que está perambulando pela rede. Por isso questiono nesta noite se o torto é novo. Será o torto algo novo? Analisando o conjunto discursivo do torto, e a minha pessoa, cá entre nós tortos, possui referência de autoridade para falar sobre o assunto, pois tenho lido os textos do torto desde que ele era uma criança fazendo xixi na calças, entendo que somos velhos. Somos idosos sem intenção de aposentadoria. O que fazemos aqui foi feito há muito tempo atrás. Pensar e usar a linguagem é comum aos homens de todas as épocas. Não concebo pensamento sem linguagem. E linguagem sem pensamento. O pensamento se estrutura na estrutura de signos, logo, por mais que o signo possua múltiplas combinações em um dado momento os signos tornam-se pobres para expressar o que queremos então o pensamento se torna um gemido ou grunhido como foi em tempos idos. Será que o torto consegue dizer? Creio que sim e que não. O torto diz dos textos que leu então o torto diz, mas o torto não diz quando se torna estático na mesmice do sim, do não, do quase isso ou aquilo; a velha epistemologia do negar/afirmar, negar e afirmar. Neste quesito somos adolescentes velhos, quase caducos. O torto precisa tomar outra direção se pretende continuar tentando dizer alguma coisa.

O torto é brega? Acho que sim. O torto não é brega? Acho que sim. O torto é torto? Não, infelizmente ainda não alcançamos o que estamos pregando para os nossos leitores. A filosofia do torto poderia ter decolado se os tortos, pelo menos, se unissem para pensar um projeto torto em epistemologia que seria torta. Algo foi pensado no início e depois cada torto resolveu entortar a seu modo. Cada um criou uma categoria própria, cada um resolveu seu problema dizendo que “sou um torto”. Quando foi abordada a questão da maconha vi alguns tortos saindo de fininho pensando que não seria notado. Note bem, de fininho, um fininho. E o torto virou um conjunto de categorias que ele insiste em dizer que não gosta de classificar, a coisa é relativizar, contudo cada torto se diz torto ao seu modo, logo são vários tortos num só torto. O torto é uma sociedade de classes. Cuidado, classifique por dentro, aqui entre nós.

Nossa proposta era dizer sobre qualquer coisa. O torto escreve sobre o que ele acha ser certo ou errado, mesmo que a ordem o critique, mas neste ponto (maconha) todos nós somos direitos. Não me comprometa! Será essa uma posição torta? A posição daquele que optou por dizer aquilo que a sociedade diz que devemos nos calar para não chocar as convenções. Nestes dias muita coisa está em jogo: Casamento gay, aborto livre, descriminalização da maconha, internacionalização da Amazônia, e do pré sal. O torto se cala diante de questões que, creio eu, não deveria se calar. Não é pauta de militância falar sobre estas coisas. Mas a demência torta insiste em ficar negando e afirmando como um velho que fumou um baseado e não sabe o que dizer ou como dizer, ou o que dizer.

Acho que sou um velho torto. Um torto que entende que as coisas não são bem assim...

10 comentários:

  1. Roosevelt,

    " O torto é torto? Não,infelizmente ainda não alcançamos o que estamos pregando para os nossos leitores."

    Se o torto vive a se entortar, obviamente é por que ele admite que a plenitude das coisas não passa de um projeto efemero das representações de cada um, portanto, se você espera que o torto traga ao leitor uma definição do que de fato seja torto, é por que você quer que o torto admita que apesar de se entortar, ele pode alcançar um caminho unico e reto em suas aspirações, e ai nesse sentido o torto, pelo menos da forma como eu concebo, não seria mais torto. Acredito que ser torto é uma coisa que nunca vai ser definido mesmo para aqueles que acreditam no torto como eu por exemplo.

    Essa ideia de que os tortos tinham a intenção de montar um projeto para determinar o que seria torto, para mim é um erro de interpretação de sua parte. Pelo menos para mim, sempre tive a convicção de que a ideia de se pensar o torto seria uma ideia que iria partir de cada um, tanto é que eu sempre observo a diferença do torto em relação aos outros movimentos, visto que neste movimento, a diferença se encontra por sabermos admitir que antes de haver um consenso entre seus autores sobre o que seja torto, o torto reconhece a singularidade de cada um. Portanto, sempre achei que a ideia era essa mesma, ou seja, cada um pensar o torto de acordo com sua ideia do que entende como torto.

    "logo são vários tortos num só torto" É nisso que eu acredito e compactuo.

    "Cuidado, classifique por dentro, aqui entre nós."

    No que tange a classificação, eu até concordo pois percebo que boa parte dos autores do torto tem se mostrado covarde e tão covardes que nem por dentro têm coragem de classificar hehehe. Por exemplo: muitos reclamaram e reclamam das ausencias de determinados autores no movimento, inclusive você, porém, quem tem que chegar para conversar a respeito sou eu, pois os tortinhos ficam nos seus cantinhos metendo o cacete e sou eu que tenho que enfrentar as coisas e dialogar outras alternativas viáveis para os autores, e no final das contas, os mesmos covardes que criticam as ausencias dos autores, são os mesmos que me jogam pedra pelas decisões que termino tomando com os autores.
    Por outro lado eu não condeno essa covardia não até por que eu sempre digo que pelo menos para mim, o torto é aquele que relativiza as coisas mas também é aquele que sabe que não é por que ele acredita que a relativização pode ser um caminho mais sensato que necessariamente ele tenha que admitir que ele não possua suas mascaras e seus preconceitos. Volto a dizer: o torto busca a liberdade, mas sabe também de suas limitações, portanto, concordo com a sua pessoa quando diz que "A posição daquele que optou por dizer aquilo que a sociedade diz que devemos nos calar para não chocar as convenções." Não querer chocar as convenções faz parte do entortar, assim como o repudiá-las também faz parte do entortar, se assim não fosse, não entortariamos.

    "a demência torta insiste em ficar negando e afirmando como um velho que fumou um baseado e não sabe o que dizer ou como dizer, ou o que dizer."

    Você sabe rapaz? Porra, então me de a formula de todas as respostas do mundo, pois diferente de sua pessoa que entende que as coisas não são bem assim, eu sou um demente, porem, tenho em minha mente que a demencia torta está para aqueles que falam sobre ela por que a sentem kkkkkkkk

    abraços do torto para você meu querido tortinho

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  2. Caro Roosevelt,

    Gosto muito dos seus textos. Fazem-me refletir sobre as indeterminações do pensamento e palavras.

    abraços!

    Eder.

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  3. "De mim não esperem, nem definições, nem frases declamatórias. Nada pareceria mais deslocado. Definir-me, seria limitar-me, e a minha força não tem limites. Dividir-me, seria distinguir os diferentes cultos que me prestam, e eu sou igualmente adorada por toda a Terra. E, além disso, de que serviriaa dar-vos com uma definição, um retrato ideal de mim própria, que não se pareceria mais comigo do que a minha própria sombra, visto que na vossa presença tendes o original? "

    Erasmo, em O Elogio da Loucura.

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  4. Faço coro às palavras do caro torto Vina. Aliás, venho aqui no sentido de repudiar o injusto ataque que ele tem sofrido.

    O processo de concepção da ideia, contato com designers e programadores, reuniões entre os primeiros participantes, pagamento e renovação do domínio foram coisas que tiveram plena participação do nosso tortinho. Isso posso dizer por estar com ele desde o embrião deste projeto.
    Então penso que um pouco de respeito à ordem que DEVE EXISTIR para que algo que se pretende REGULAR possa ser concebível fosse necessário.
    Vina sempre fez todo esforço DO MUNDO pra nunca deixar de postar por aqui, acompanha avidamente as discussões, acalora os debates e não é por ter discutido com ele por aqui que deixarei de reconhecer isto.

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  5. É a velha história primária de confundir liberdade com libertinagem. Eu tenho a consciência de que faço parte de um projeto que se pretende até mesmo pessoa jurídica (e todos que compareceram até hoje às reuniões se mostraram de acordo)e por isso mesmo, apesar de ter muito travamento na hora da escrita, pois não consigo ser muito prolixo ou redundante, NUNCA deixei de postar por aqui. Até mesmo em respeito ao próprio Vina que dá o sangue pela coisa muito mais por uma questão de diletantismo, pois tem conquistado muitos títulos e muita aprovação profissional independente deste projeto.

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  6. Caro Roosevelt, com todo o respeito que sabe que tenho ao senhor, não concordo com nada do seu texto. Aliás, às vezes percebo um apreço estranho à postura anti-relativista e muito positivista de um escritor tão inteligente e que tende a refutar os argumentos ateus relativizando e sendo humilde à baixa capacidade cognitiva humana.
    Por que nos quer tão senhores dos próprios argumentos?
    Eu, por exemplo, não fumo maconha e ainda assim deixei um ou outro comentário relativo a este assunto quando foi abordado por aqui. Mas o senhor já pensou se Fernando Pessoa e escritores de tal estirpe deixassem de achar que as questões existenciais já nos pesam o bastante? Será que eles eram apolíticos necessariamente?

    Ou já pensous e o senhor tivesse de cortar 80 por cento da sua produção por aqui porque elas não trazem os clichês mais corriqueiros do mercado das polêmicas?

    Declarações como esta:
    "Algo foi pensado no início e depois cada torto resolveu entortar a seu modo. Cada um criou uma categoria própria, cada um resolveu seu problema dizendo que “sou um torto”. são altamente frustrante pra quem de fato viu e deu a alma pra que este projeto nascesse.


    E outra, quem me garante que trazendo aborto, maconha, pedofilia, tsunami etc. não se vai cair na crítica pela crítica? Vamos lembrar do velho refrão popular, quem aponta um dedo para o outro tem três voltados para si.

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  7. Ah, sim!

    "" O torto é torto? Não,infelizmente ainda não alcançamos o que estamos pregando para os nossos leitores."


    Eu quero saber o que EU, por exemplo, ando PRESCREVENDO aos leitores, e ainda por cima não cumpro.
    Sugira-me para que possa crescer.

    Um abraço!

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  8. É isso, pessoal. Até onde me foi negociado, quando da entrada, pelo contrário, eu fiz MINHAS prescrições para participar. Lembro-me muito bem quando da conversa com Vinícius, e os dois pontos que fiz questão de salientar foram justamente estes:

    a) Posso escrever o que eu bem entender? b) Caso eu fique descontente com qualquer discussão pessoal que venha a me incomodar (até citamos o caso de João), posso sair do movimento quando eu bem entender?

    Tendo a ambas respondidas sim, entendendo a Vinícius como uma especie de "Recursos Humanos" do Torto, entrei numa boa. E vou seguir assim, escrevendo o que penso e sendo criticado e elogiado, como também me foi avisado.

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