quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Educação I

Educação é uma palavra muito usada no período político. No mês de outubro, todos tem planos para a Educação do Brasil. Quando estudei a História da Educação no curso de Pedagogia, o que mais me chamou a atenção foi a falta de sintonia entre o discurso e a pratica. A Educação enquanto discurso político anda muito bem. Todavia devo ressaltar que são os professores as pessoas, pelo menos em tese, que podem dar uma palavra mais confiável sobre o tema, uma vez que são eles que estão todos os dias em sala de aula. Da educação conhecemos quase tudo: As ferramentas de trabalho, o livro didático, e até os banheiros das escolas que, na maioria dos casos, não temos coragem de usá-los.

Há muito tempo que participo de debates sobre esse tema. A conclusão que os especialistas chegaram foi que no Brasil a Educação não muda não é por falta de teorias, ou de planos e estratégias como muitos pensam. O fato encontrado pelo bojo da História foi: Falta de vontade política de mudar.

A mundança na infraestrutura educacional no Brasil não pode deixar de ser acompanhada por uma profunda reflexão sobre " O que é educar o Brasil". Esta reflexão contempla, sobretudo, nossa realidade diversa e multicultural, e apresenta uma proposta viável e não fantasmagórica como tem sido feito ao longo dos séculos.

o que estar em jogo não é o como ensinar e o que ensinar, mas a quem ensinar o que achamos que devemos ensinar e o que queremos construir como projeto ético em educação. Qual é o homem brasileiro que queremos que apareça no século vinte um? É este que mal escreve o seu nome ou que não consegue entender o texto de sua prova bimestral?

Na minha pobre opinião o maior problema dessas crianças é não saberem ler. A leitura é uma vergonha em nosso país. Nossos alunos, na sua grande maioria, são analfabetos funcionais. Inápitos para a vida cidadã.

A educação como teoria que propõe formar um ser humano é aquela que enxerga o homem como um fenômeno histórico social, e como tal, deve estar pronto para transitar nesse processo de forma crítica e lúcida, sendo capaz de dizer onde andam os burros da carruagem. Esta é a Educação torta. A educação que nos ver como um transito constante, como um eterno devir-ser.

O torto não estar satisfeito com o que temos em educação no Brasil. Mas, não se escandalizem com esse velho torto por achar que manter seu filho longe da escola pública no Brasil é racional, pense no que você já viu e depois me diga.

4 comentários:

  1. A crítica é pertinente e responsável. Concordo potencialmente com suas palavras, Roosevelt. A educação é o limiar básico para se praticar qualquer mudança. É pela educação que podemos trazer a massa para a consciência da condição em que se encontra e torná-los hábeis à escolha através do esclarecimento individual, e não da coerção alienatória. Pessoalmente, acredito no problema da educação como o maior e mais iminente. Mais até do que a luta de classes ou do resgate moral, que entendo como consequências do processo de educação. De outra maneira, quando chegarmos ao nível mínimo dentro do aceitável, teremos outro desafio: balancear o exato e o humano, tal como selecionar o tipo de informação que merece ser passada ao infanto-juvenil. Afinal, não adianta que tenhamos seres capazes de construir naves espaciais, mas que, como cidadãos, ainda segreguem cor, credo, condição financeira, opção política etc. E hoje ainda os vemos: super-educados e sub-reflexivos.

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  2. olá roosevelt!

    seu texto veio em boa hora! Uma reflexão mais do que contemporânea, embora, como vc disse, seja um sonho antigo de muitos políticos em plena campanha eleitoral. A educação! sempre ela, o alvo para grandes mudanças, para construímos um Brasil melhor, onde as crianças são o futuro da nação! Francamente, não existe clichê mais obsoleto e pouco criativo.
    O que eu vejo é que a Educação precisa ser pensada desde do sentido ancorado na palavra educar.
    Educar, não sei bem, mas me aparenta ser um termo cunhado pela instituição cristã que estava e ainda está muito preocupada com a civilidade do bom humano. Te pergunto, se nós acreditamos tanto na bondade humana para quê educar? Educar... impor normas, adestrar a nossa essência, por vezes demoníaca, para nos garantir uma espécie de civilidade, um compromisso com a sociedade.
    Sociedade formada por indivíduos, mas governada por poucos que vomitam discurso de teor democrático para que nos convencer de que existe uma pessoa que pensa por todos nós. Mas como eu sou do partido do Nelson, Nelson rodrigues, eu acredito que toda maioria é burra, pois não acredito em unanimidade. Sabemos que não existe esse ser megalomaníaco que consiga pensar por todos nós. Basta estar eu e vc em dois minutos que nossas diferenças facilmente aparecem.
    Enfim, falei em termos de uma política que rege na sociedade, mas vejo isso nitidamente nas instituições escolares. A falta de democracia, ou melhor, não indo muito longe, de compromisso com os alunos é absurda. Na maioria das instituições de educação principalmente das escolas públicas rege uma gestão congelada na década de 50, creio eu que nem o JK desejaria isso para o desenvolvimento do nosso brasil hehehehe (brasil com b minúsculo mesmo!). Não só a gestão, mas o método de ensino se resume, na maioria dos casos, na relação entre apagador e quadro.
    Agora me diga, quem em sã consciência agüenta esse modelo de educação tão prezada na sociedade disciplinar do século passado? Uma educação que impõe conteúdos enlatados dissonantes com as propostas da nossa atualidade. E mais , o que acho fora do sério é que investir grandes projetos não custa tanto quanto o dinheiro que encontramos nos bolsos dos nossos políticos mais sérios. A falta de habilidade para gerir a educação brasileira está custando muito mais caro para nós e inclusive para o próprio Estado.
    E outra, o Brasil está muito bem lá fora, só vejo investidores estrangeiros dizendo que aqui é o lugar que escoa grana, o lugar menos afetado pela crise, disso eu não tenho dúvidas. Mas esse dinheiro anda em passos lentos para os setores de maior preocupação social, e por aí vai...
    Um beijo, muito bom texto!!

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  3. Roosevelt,

    Eu como professor, posso dizer a você que o seu texto foi extremamente coerente e sensato. No periodo eleitoreiro, fala-se em educação, saude, saneamento, emprego, mas no final das contas, nós enquanto profissionais atuantes nas esferas públicas percebemos que nada sai do lugar. Porém,é importante observarmos que falta de vontade politica não se aplica somente a falta da politica no sentido administrativo, e sim, a falta de vontade política de nós também, os anônimos civis.Veja bem: não estou querendo dizer que não existe culpa dos nossos politicos, nem tampouco que a culpa é só dos civis. Sabemos que isso é um problema muito mais complexo que implica reflexos em todo o sistema e que no final das contas, todos tem uma parcelazinha nisso tudo. Infelizente não temos um dialogo consciente com a esfera pública, não sabemos reconhecer a importância dos bens públicos, e isso termina se refletindo na falta de vontado dos próprios professores em criar metodologias mais criativas.
    Como você disse, a questão é saber a quem se ensina, no entanto, acredito que esse é outro grande mal, pois o que percebo é que o corpo docente ainda não se vê preocupado e compreender as reais necessidades dos alunos, e sequer buscam se adentrar em suas realidades no dia a dia. Caramba, fica complicado você cobrar do aluno o exercicio da leitura, da escrita, de ler jornais, se não são essas as prioridades deles! Temos que saber separar o que é importante para nós e o que é importante para os alunos. Só aprendemos a adquirir um bom processo de aprendizagem no momento em que trazemos aos alunos as coisas que fazem parte de suas rotinas, e ainda tendo que enfrentar um outro grande problema que foi criado com a divisão social do trabalho que é considerar a escola um lugar de labuta, cansativo, estressante; com o divertimento que é considerado ludico, prazeiroso. Como professores, temos que conseguir provar aos discentes que na verdade escola e divertimento andam juntos. Ai para mim se encontra o grande problema e que se torna muito mais caótico do que simplesmente a estrutura administrativa das instituições educacionais.
    Como torto, compartilho com você: diante desse cenário, fica muito complicado eu dizer sinceramente que prefiro que meu filho estude em uma escola pública. Porém, também como um torto prefiro optar em escolher aquilo que se reflete de forma menos trágica para a educação de meus filhos, mas sem deixar de confrontar as estruturas viciadas da esfera educacional brasileira, tentando por isso mesmo, enontrar caminhos que se entortem buscando estratégias mais alternativas.
    Um excelente texto

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  4. Um dia um teórico sergipano doutor em filosofia da ufs disse, em um dos eventos em que nós participamos que o problema não é a falta de teorias. O Brasil é uma das referências mundias em Educação na pessoa de Paulo Freire. Agora vejo pelo olhar de outras lentes letradas a veracidade da hipótese. Qualquer um revestido de bom senso sabe da falta de vontade da classe política em modificar o modelo e investir mais verbas. Historicamente, o mesmo caminho. A teoria é válida, qualquer uma delas. Gerações de seres humanos aprenderam por meio delas. O fato é: Por que o Estado ainda não viu a urgencia de democratizar com qualidade o acesso ao conhecimento. Conhecimento tomado como uma relação racional com o objeto a ser desvelado? A Educação formal trilhará o caminho de uma metodologia científica que otimize o acesso ao conhecimento. Este é formal e institucional nas redes educações. Mas, também é informal em outras relações sociais. A educação informal opera com maior impacto no nosso inconsciente. A educação formal é mais consciente devido a necessidade do uso da razão.

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