Corto os fragmentos destinados da irracionalidade
Contam para o meu ser o que deveria ou não
Os rios refletem ilusões que me fogem da realidade
Bombardeando de mim mesmo um jargão
Quero a lógica desses fluxos reais que me jogam
A suposta razão que se explode na exosfera
Assim correntes dos choques imaginários me sufocam
Ao mesmo tempo meu espírito não sabe mais o que gera
Vejo um sol, o maquinário, circuitos e janelas ligadas
Parecem ligadas numa só tomada do entendimento
Essa osmose me supersatura com milhões de telas conectadas
Com a energia e a matéria que transmutam o comportamento
Oh! Camas espaciais! Sobrevoam diversas esferas celestiais
Com o caixote humanóide que se transfigura
Empurrando-me o vento com imagens descomunais
Desde o primeiro devaneio até a última loucura
Miguel,
ResponderExcluirLindo pra caralho!!! Você trouxe um tema que bagunça sempre minha cabecinha calejada mental. Isso que você mostrou em riquezas de detalhes é que eu vejo como a natureza mais inerente da realidade. Pisamos no solido de terrenos liquidos, perdemo-nos nos fluxos, queremos nos apropriar da lógica, bagunçamos a lógica porque queremos o fluido. Enfim, somos alguma coisa que se toca por que não se atinge, somos as respostas definitivas sempre a serem completadas. É isso, somos o passado, o presente e o futuro em pulsações desnorteantes mas cabiveis dentro de uma cronologia sem fundo, sem volume, com tudo e com nada. Caminhamos e conquistamos o que nos esvai de nossas mãos, somos as determinações incertas, entortamo-nos, entortamo-nos pois negamos o que nos convém e aceitamos o que nos prejudica, assim como repudiamos o que nos prejudica e aceitamos o que nos faz bem. Somos donos de uma demarcação de território que ninguem vê inclusive nós mesmos, mas somos despossuidos das coisas por termos o dominio dos nossos limites. Pra finalizar eu pergunto: somos o que somos, mas somos o quê???
"Os rios refletem ilusões que me fogem da realidade"
ResponderExcluirNesse verso, que achei muito bonito e suave, imaginei você, sentado à beira do rio, contemplando, com olhar-filósofo, as lentes dos seus óculos sendo quase levadas pela correnteza, e perguntando-se: se Narciso soubesse desse degredo, haveria rejeitado Eco?
Abrs,
João Paulo dos Santos
Velho, esse tá insano! Parabéns.
ResponderExcluirVina,
ResponderExcluirAcho interessante esse confrontro das certezas, da lógica, da firmeza com essas questões que quebram o chão onde pisamos, a fluidez das convicções destroi essa temporalidade que queremos nos apropriar de tudo, do passado, do presente e do novo que virá, nossa cabeça por natureza própria joga eternas inconstancias que quebram aquilo que acreditamos ser o que queremos e acreditamos, ao tentar estebelecer esses territórios como vc diz, nos desapropriamos de outros, e ao buscar o que perdemos, acabamos perdendo o que já estavamos...O que nossa razão busca delimitar, ela mesma se destrói com esse fluido constante de percepções novas e retorno do antigo que ja perdemos. Estamos presos ao novo e o retorno de velho novo, menos às previsibilidades e a constancia das coisas...
João,
ResponderExcluirAcredito que nem mesmo as paixões e conceitos que temos de nós mesmos não fogem dessa fluidêz, se narciso estivesse olhando um reflexo temporal, não viria sua imagem como viu ou talvez se assustasse com a distorção provocada no reflexo, poderia ver um monstro como o Dorian Gray viu em seu Retrato se tornar numa imagem assutadora que se transfigurou naquilo que ele agarrou e quis negar posteriormente...
Abrs
Será que ele não se via temporalmente, já que era tão belo e se amava tanto que, querendo conservar sua beleza e reclicar o amor que por si mesmo mantinha, acabou sucumbindo nas águas do rio?
ResponderExcluirJoão Paulo dos Santos
O primeiro devaneio se dá após o parto. A última loucura, frente à morte.
ResponderExcluirSobre as palavras, o silencio e a "razão"
ResponderExcluirAs palavras são traiçoeiras, quando penso que as domino, elas estão mais presas a mim e ao mesmo tempo independentes do meu domínio..."Me Nego ao me afirmar e me afirmo ao me negar"...
Antes tinha medo disso hoje em dia me surpreendo mas, sem exitar... Apenas me contradigo e passeio no meu canto mudo e no meu silencio poético... Furto as palavras dos outros e elas furtam muitas coisas de mim... E no final das contas, penso no meu universo olhando para o meu cachorro cotó girando atrás do rabo inexistente, e vejo o quanto ele é tão inteligente quanto eu, ou até mais por se divertir, não se preocupar e não se constranger...