quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Jaca

Ao longo desses anos todos, sempre me angustiei por não dizer o que achei que deveria ter dito, mas por minhas limitações não o disse. A linguagem falha em sua escassez diante da gigantesca dinâmica da vida. Parece que esta é maior que as palavras contidas no léxico. O silêncio rouba o lugar das palavras e ficamos mudos diante de nós mesmos: Afinal o que dizer disso? Por outro lado, existem pessoas que dizem de tudo, até mesmo aquilo de que não possuem conhecimento. Esses são amigos do desperdício! A vaidade lhes assombra a consciência em suas noites de profunda insônia por não poderem encarar a ignorância que está com eles vivendo todos os dias. Pobres débeis, imbecis acadêmicos. Possuem títulos e alguns até os ostentam, mas não compreenderam que o saber não é mensurável, portanto, os títulos não dizem nada para o atento às formas que se movimentam.

Sou um pobre verme que acredita em Deus! Não nego, eu creio nele! Não tenho mágoa de Deus, pois ele nunca me fez mal algum. Talvez seja essa a origem de minha cegueira: A fé. Muitos intelectuais certamente ao lerem meus escritos vão dizer de mim que sou apenas mais um vitimado pela neurose; mais um que creio no inacreditável, pois não pode ser visto. Sim, Deus não é visto, nem é tocado ou sentido pela via tátil, mas são essas as condições para algo ser crido? Ou para algo existir? Nós da área de humanas trabalhamos com o simbólico, o invisível, o muitas vezes imensurável, e nós damos status de ciência ao que fazemos. Somos psicanalistas, cremos na topografia de nosso psiquismo, cremos nos germes psicopatogênicos que nunca foram vistos nem de perto nem de longe, e somos cientistas e damos ao que fazemos o título de ciência.

Pai Joaquim um dia viu Deus sentado debaixo de um pé de jaca. Deus estava muito cansado de passar toda uma eternidade sem fazer nada. Contudo viu um pobre garoto negro perguntar a um velho escravo porque Deus havia feito o negro. Joaquim ficou um tempo calado e depois deu a resposta bem simples. Deus está comendo jaca debaixo do pé de jaca e coloca os caroços um ao lado do outro. O rapaz sem entender a palavra do velho enfureceu-se, e disse: “o senhor ainda não respondeu a minha pergunta”. Joaquim então disse, assim como Deus criou a jaqueira, também criou o negro, tudo está aí, não precisa de um sentido.

Sim, nosso costume de querer provar tudo, e dar um sentido a tudo, inclusive ao próprio Deus, como fez Calvino e outros, nos impede de viver uma coisa muito simples de se fazer: Viver nossa vida em paz! Sim viver em paz, viver sem a preocupação de explicar tudo ou de achar que a falta de explicação não é uma explicação, sem conceber muitos conceitos e filosofias que enchem a cabeça e esvaziam o coração de afeto e sensibilidade. “A mulher do professor fugiu com o leiteiro porque o marido não lhe dava sexo”. Você duvida? Não duvide! Isso aconteceu. Esse velho tem muita estória para contar. Como eu disse no início do texto, as palavras acabaram, pelo menos por hoje...

16 comentários:

  1. Texto escorregadio. Em linhas gerais, só tenho a dizer que não posso conceber as mulheres como padrões, por mais biológicas que sejam suas necessidades, bem como não acredito que o ser racionalizado prejudique necessariamente o ser erotizado. Creio que quando anula o sexo se justificando da profundidade de pensamento está a tratar de distribuição libidinal/energética. Pois bem, nada que um cooper e umas séries de flexões matinais não resolvam! =D

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  2. Vamos pensar menos nas certezas e incertezas e fazer mais sexo!!!

    Se não brocharemos hehehehe

    "Eu olho pro céu, eu olho pro sol,
    Eu olho as estrelas, eu olho pra lua,
    Olho o universo, a via láctea,
    Eu olho pra mim no meio da rua:
    Ô, ô, ô, BUNDA SUJA, BUNDA SUJA..."

    Vejo nisso o tamanho da soberba que fazemos sem olhar realmente até onde somos capazes de ver as coisas, o homem não só tentar entender, como tenta se apropriar, e ainda mais, colocar-se no altar... E no fundo não passamos das palavras ao vento e desse refrão maiúsculo do Skylab, perde-se o pouco que já tem...

    Devemos ter esse cuidado p não ir muito longe de casa e esquecer o caminho de volta...senão quem chega é o Ricardão! hehehe

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  3. Acho que o meu caro Lou não conhece bem as mulheres. Elas não perdoam a falta de atenção e a falta de um bom sexo. Podem até suportar, mas perdoar, não. Conhecer uma vagina é uma coisa, conhecer uma mulher, sua FEMINIDADE é outra. Trabalhei 14 anos na clínica pastoral. Cuidei de casais com os mais diversos problemas. Me formei em teologia com clínica pastoral. Me sinto um pouco habilitado a falar sobre a relação macho/fêmea. Consta nos anais da igreja Batista que sou um dos fundadores desse tipo de trabalho em Sergipe, por isso viajei muito, dei muitas palestras etc. Quanto a relação razão e emoção colocada pelo amigo torto, devo dizer que foi infeliz. Fui convidado por duas faculdades em Sergipe para palestrar sobre inteligência emocional, já ouviu falar? O mito que a razão e a emoção estão separados foi quebrado faz muito tempo, mas o amigo viu isso no meu texto, talvez porque o leu apressado. Contextualize que você vai entender que o foco é a frieza da razão que muitas vezes nos tira aquele olhar poético de uma flor. A flor é apenas um ser botânico e pronto. Pensar diferente como a flor é a minha linda amada é pensar para viver bem mais em paz. Chega de tanta explicação. Meu currículo não está a disposição e minhas referências teóricas também não, quem quiser que se vire...e salve o torto.

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  4. Isso mesmo Miguel,
    Acho que o torto é tão torto que admite que temos também essa necessidade. existe aquela momento, cara, que vá se arrombar ciência, filosofia, teologia, e o que for, e queremos mesmo, é viver e viver da melhor e mais prazerosa forma de ser. Abraços...

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  5. Ainda respondendo ao amigo Lou,
    Agora na Clínica Umbandista, pois sou responsável pelo trabalho de consulta e de maca(Hipinose)convivo mais uma vez com problemas que envolvem macho/fêmea, os problemas de casais. As mulheres se queixam muito de nossa infidelidade, isso inclui a sua também, pois você não me engana, hahahahaha, ( Reclamações a tranca ruas). Os homens dizem que elas gastam muito e grudam demais. veja que um cooper só não resolve: Creio que quando anula o sexo se justificando da profundidade de pensamento está a tratar de distribuição libidinal/energética. Pois bem, nada que um cooper e umas séries de flexões matinais não resolvam! =D As coisa não são tão simples assim, compre uma bala e chupe....

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  6. Não foi isso que lou escreveu....
    Creio que quando anula o sexo se justificando da profundidade de pensamento está a tratar de distribuição libidinal/energética. Pois bem, nada que um cooper e umas séries de flexões matinais não resolvam! =D

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  7. Roosevelt,

    Levando-se em conta que você legitima Deus, pois assim como a ciência, não precisamos ter um dado como visível para legitimarmos a sua verdade, eu vejo que agora fiquei sem entender a polêmica que a sua pessoa fez na semana em que debatemos aqui no torto a relação tênue entre ciência e ficção. Lembro-me que você me classificou de relativista extremado, mas tudo que eu quis dizer foi levando-se em conta essa relação que você fez ao associar Deus com a ciência.
    Outra coisa: dizer que simplesmente as coisas não precisam de sentido é muito radical para mim. Se eu digo que Deus é Deus, é por que eu tenho uma noção do que seja Deus e esse Deus possui um sentido e você como sabe, ao nos emaranharmos na lingua, inevitavelmente os sentidos vão pedindo outros sentidos. Os porquês são inevitáveis, assim como são importantes.
    O fato do menino perguntar por que é negro não o convence simplesmente ao dizer que ele negro por que Deus coloca os caroços lado a lado. É nesse lado a lado que mora a questão. Os filhos de Deus, ou seja, nós humanos, escolhemos um lado para infelizmente inferiorizarmos com o outro, e o fato do garoto ser negro, faz ele se sentir injustiçado por comparar as experiências daqueles que são brancos.
    Desculpe-me, mas isso para mim é que é relativizar as coisas ao extremo, é diluir a natureza impositiva e conflitiva da moral. Podemos não achar a essencia da verdade, mas que em um plano histórico e social os caroços semparados são determinantes para a segregação de um em relação ao outro é fato. Não podemos esquecer disso.

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  8. Desculpe Roosevelt, mas o smile (=D), neste caso, indicava ironia, brincadeira.

    Outrossim, o meu comentário era referente tão somente à ligação entre excesso de informação e deficiência sexual, que não considero intrinsecamente relacionados. Sei que não o disse generalizadamente, mas apresentou tão só um caso particular. Ademais, esta é uma opinião pessoal, sem compromisso: meu comentário foi mais uma camaradagem sarcástica do que uma refuta categórica.

    Abraços, fica bem!

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  9. "Lembro-me que você me classificou de relativista extremado".

    Não estoun mesmo lembrado disso, mas caso isso tenha causado qualquer irritação, de antemão me desculpo. Lembro que costumo dizer, em algumas situações específicas "isso é relativizar ao extremo", mas mais com um ar hiperbólico característico da baianeidade do que com convicção plena.

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  10. Lou,

    "Lembro-me que você me classificou de relativista extremado".

    Esta frase eu me referi a Roosevelt, não foi a você. Porém, se você ja me chamou disso, o que eu não me lembro, não considero refutável não. Como um cara que adora transitar nas perspectivas tortas, sou um lado, sou o outro, sou os dois e não sou nenhum hehehehe. Minha crítica se referiu ao fato de colocarem uma classificação para mim como se ela fosse estática.

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  11. Meu caro Vina,
    Os caroços lado a lado é a forma como o Divino ver os homens no seu amor eterno. Que vê distinção são os homens. Uns por sentirem na pele que este lado a lado no mundo objeivo não é verdade, e outros por segregarem mesmo como o colega coloca. Só não vejo pertinência no seu comentário porque isso fica claro após uma leitura cuidadosa do texto, principalmente sua pessoa que conhece, de certa forma, minhas opiniões sobre certas coisas, pois são objetos de conversas nossas. O relativismo que o colega ver quanto ao sentido, e a sua necessidade, também fica claro no texto que não é algo canônico, algo como postura diante da vida, mas um recorte desta, são momentos e pensamentos que nos passam pela cabeça inclusive a torta. Veja, esse vício acad~emico do colega impediu de ver que o texto não é e está muito longe de ser uma dissertação sobre epistemologia, existencialismo, sociologia, bem, uma cerveja bem gelada, às vezes ensina muito mais sobre certas coisas do que Weber, ou outro torto qualquer. Quem nos disse que esta é uma via única? Disse, cabeludo.

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  12. Meu caro lou,
    É com muita satisfação que convido vossa pessoa a não pedir desculpas por suas críticas. Estamos no torto, e torto é lugar de idéias e nada pessoal. Estou um tanto triste por ter feito uma crítica pesado sobre o ex-torto João. Mas, isso também é torto, pareceu pessoal, mas não foi, pois tenho muita adimiração pelo trabalho dele. O resto deixa para lá. Sustente suas críticas, ninguém vai te moder.

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  13. Vina,

    Velho! Eu li seu comentário jurando que era do Roosevelt pra mim. Desculpe, pode ignorá-lo.

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  14. Roosevelt,

    Reconheço que algumas interpretações que fiz dos pontos que foram tratados por você neste texto não se encaixam com a forma que sua pessoa tende a encara-los em nossas constantes discussões pessoais, no entanto, infelizmente nem todos que leram ou lerão este texto trocaram uma ideia pessoal contigo, portanto, sinto lhe dizer, mas para mim, neste texto você deu alguns escorregões infelizes. Eu penso assim. Pronto.

    abração

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  15. Seu Roosevelt,

    Claro! Só não podia ser seu!!!!!!!!!! kkkkkkkkkkkkk

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