quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Nosso Medo

Eu sentei nos seus medos
Pois na verdade eles eram tão meus
Em gargalhadas sempre carregadas
De toda angústia que retrocedeu

Eu miro todos os messias que este mundo criou
Eu amo todas as palavras, dentre elas, rancor
E vejo uma pávida alma em quem me presta um favor

Apesar dele, apesar dele, apesar dele, há um pesadelo
QUI SUIS-JE? QUI SUIS-JE?
Que sujeira habita este corpo assim tão indiferente a você?

3 comentários:

  1. Este poema-raspadinha trata, entre outras coisas, do riso enquanto retorno do recalcado.

    ResponderExcluir
  2. Josua,

    Afinal de contas, quem somos nós? O de fora que conseguimos nos instrumentalizar por termos nossas lunetas de definições dos mapas panorâmicos, ou o de dentro que é o que instrumentaliza para ver o que existe lá fora de nós mesmos de dentro? A indiferença é para quem? O acalentar de nossos medos nós jogamos para quem? Eu, o outro? Mas o outro não seria eu? Eu seria eu? A intimidade de minhas dores eu jogo para fora de dentro e para o dentro de fora porque estou "naquele dentro" e "neste" fora. Internamente eu me externalizo, externamente eu me internalizo. Sou o melhor amigo de meu vizinho que nem tempo eu tive para conhecer. Sou o mais estranho dessa comunidade que pertençe a mim alheiamente e que se sente querido por todos que não sei quem é. Sou o que fui e o que sou e o que não sou pois bem sei que o que fui não se guardou, nem se lembrou, mas que renasce a todo instante porque faz parte de mim.

    ResponderExcluir
  3. Sinceramente, eu bem que tentei tecer algumas elucubrações sobre isso. Li algo sobre a relação entre riso e recalque, aproveitando a dica do autor. Tentei associar as palavras-chave Messias, Rancor, Favor, Medo, Angústia, uni-las ao último verso da última estrofe e cheguei a uma conclusão pessoal:

    O poema descreve alguém que decepcionou-se com algo e que agora se ri de outros que recorrem em sua, por ele mesmo taxada, estupidez. Há também angústia lá no primeiro verso e há o medo, claro, como carro chefe. Por outro lado, esse outro indiferente a si é dito como sujo. Não posso definir se o outro é a si mesmo ou se não. É um poema deveras abstrato, ao menos para mim.

    ResponderExcluir