quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Brasil

Recenseador:

-Quantas pessoas moram na casa?

Mulher:

-9 pessoas moço. Eu, meu marido e meus sete filhos.

Recenseador:

Sabe ler e escrever?

-Não moço. Ninguém aqui sabe.

O marido consertando um motor velho resmunga:

-Porra de saber ler. Nunca vi isso trazer futuro pra ninguém, tsc!

Recenseador:

-Qual a renda da família?

Mulher:

-Nenhuma, vivemos de ajuda!

Ela olha para o rapaz com a esperança mais profunda de uma alma cristã à busca da salvação. O jovem rapaz responde com palavras mudas. Nada podia fazer a não ser fazer-lhe perguntas friamente. Não pode sorrir, não pode chorar, não tinha nem um real no bolso, apenas sentir a miséria e preencher as questões. Ele se questiona com o que poderia fazer por essas pessoas. Não existe bolsa família nessa situação!

O humilde funcionário gostaria de obter alguma resposta, de preferência, daqueles que adoram salvar o mundo!

http://www.hacasoseacasos.blogspot.com/

17 comentários:

  1. Miguel,

    Putz!!! Muito pesado esse texto.

    Enfim, quem pode salvar o mundo? Cade as pessoas que se dizem capazes de encontrar respostas para todos os nossos enigmas?

    O mais atordoante é quando reconhecemos a dificuldade de virarmos ao avesso toda a estrutura na qual estamos submetidos, e mesmo assim, por carregarmos em nossas costas as nossas culpas e sensos criticos, mesmo sabendo da extrema dificuldade de visualizarmos caminhos possiveis, sentimo-nos mal por nos sentirmos como se estivessemos de mãos atadas. No entanto, nossos queridos e queridas detentores das verdades nos cobram e nos punem pelos nossos "pessimismos".

    Repito a sua pergunta: cade a turminha que adora salvar o mundo, para pelo menos tentar atender a expectativa daquela familia miseravel de analfabetos...

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  2. E os abastados, trancafiados nos seus redutos da limpeza, passam incólumes ao padecimento dos recenseados? Não, eles emanam a sua indiferença como um fungo que germinasse e crescesse num solipsismo ilimitado. Eles são melhores que os militantes somente pelo fato de assumirem o seu conformismo e não dissimularem a hipocrisia de boa parte dos integrantes dos coletivos universitários? No geral, não há diferença. Militantes de universidade são peixes pequenos, muito embora devamos reconhecer que os mesmos, futuramente, preencherão todo o âmbito da política partidária. Vamos falar sobre coisas maiores e mais sérias, sobre quem detém as comodidades fornecidas pelos poderes constituídos, que são responsáveis, estes sim, pela desordem social presente no nosso país. Vamos falar sobre o amorfismo das universidades, que não cumprem com o seu papel de subsidiar o desenvolvimento da sociedade através de sua ciência iluminada, posto que nela é onde percebemos os primeiros traços para uma explicação da nossa tragédia social. Vamos passar o Brasil a limpo.

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  3. um pensamento meu: uma revoluçao pode nao acontecer de certeza , assim tbm como ela nao e impossivel .
    alan

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  4. A questão do recenseador é justamente uma ironia aqueles que militam. Dizem que mover essas coisas, são voluntárias a “revolução”, até parece fácil mover a história num piscar de olhos...
    Pego um exemplo bastante microscópico, mas é gigantesco a um contexto nacional. Dizem os militantes "Vamos mudar o mundo!", sim, Mas por onde começarão? de onde farão? Qual a nossa posição diante disso tudo?
    Por mais critico que sejamos e fazemos leituras das coisas, estamos presos.
    Aqui no Brasil, costumamos pensar em política, mas ela é algo bem mais séria do que fazem no nosso país. Coronelismos, compras de voto, "trem da alegria", nepotismo, aversão a outras classes, são velhas situações, mais são diagnosticadas facilmente hoje.

    Nossos queridos políticos universitários nos representarão no parlamento futuramente, mas ai onde coloco o ponto. O povo costuma ser comprado por discursos marxistas e promessas altruístas. Mas não vemos reflexos dos discursos no real se modificarem. Quando eles chegarem lá a historinha será outra, eles serão de direita. E aquela “bela causa” torna algo que se afunda numa arrogância e estranhamento dos militantes, dos eleitores, dos burgueses e dos fodidos.

    “Estamos” brincando, espero um dia, colocarmos os pés nos chão (Nós, falo como um país inteiro, PRINCIPALMENTE OS MILITANTES UNIVERSITÁRIOS à varios problemas no próprio ambiente).
    Os militantes transitam nas causas impossíveis como discurso e esquecem elementos no próprio ambiente universitário (os estudantes de residências que digam a posição do DCE). A culpa ainda é jogada sobre nós, como "tradicionais", "pos-modernos", ou que temos uma visão "burguesa de classe", só porque não levantamos bandeira para porra louquice deles, ou manobra para o poder posterior. Brinca-se de política hoje em dia na universidade e quando se tornarem peixes grandes continuaram brincando.

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  5. A grande questão do movimento estudantil não é que ele queira mudar o mundo, até porque, se observamos o seu campo de possibilidades para fazer com que isso se concretize, percebemos que as suas ferramentas são insuficientes para sanar aquilo que sempre discutem, os problemas tanto da sociedade como da UFS. A universidade, desde os clássicos tempos onde o saber era difundido a partir dos liceus, tem como principal objetivo fomentar o debate sobre questões várias, de modo que aquilo que se mostra como um ultraje estrutural possa ser, através desses mesmos debates, se não dizimados, pelo menos atenuados à medida que as instituições que compõem a extensão da universidade, como justiça e educação, colham os frutos dessas discussões. Sendo assim, à parte a linha tênue que envolve a problemática do movimento estudantil, acredito que ele não é perfeito, mas também não está muito distante do caminho correto.


    Abraço,

    João Paulo dos Santos

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  6. Quanto aos marxistas que querem galgar os degraus do poder com as suas promessas, não podemos unilaterar a nossa análise a fim de borrascar determinada ideologia por carregarmos os nossos desafetos em relação a ela. Pelo contrário, os fatos são claríssimos, e quem acompanhou as eleições esse ano pôde perceber quão difícil está de se estabelecer o que é esquerda ou direita. PT com propostas progressistas, PSDB com propostas populistas, PV com propostas de caráter centralizador etc. Enfim, a política encorpou a miscelânea comum aos tempos modernos.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. João,

    O movimento estudantil é uma escola de formação para políticos. De toda forma, eles estão associados à política grossa por terem suporte ideologico, financeiro e para manobrarem dentro da universidade. Não distante disso, já vimos rostos conhecidos nessa ultima campanha.
    Já acompanhei vários debates, discussões e etc. As justificativas ideológicas são distantes de várias ações do mesmo. Já ouvi muitos afirmarem que o Movimento torto possui uma "visão Burguesa de classe." Essa ideia implica que "deveriamos" ter uma visão politizada e crítica das coisas". Não deixamos de debater política aqui, muito pelo contrário, independente de condições economicas do pessoal aqui, partimos pontos de várias classes, além desse texto, temos dezenas aqui tratarão de injustiças sociais, diversos problemas urbanos, rurais, violência e demais decorrentes às injustiças do capitalismo, tratamos sobre críticas sociais também. Mesmo assim, nossa posição desposicionada de uma idologia política atinge alguns membros de movimento estudantil, justamente porque aqui apontamos falhas e não levantamos bandeiras, estamos proximos ao clima universitário, dezenas deles estão lendo isso aqui.
    Ao mesmo tempo não nego a importancia do movimento estudantil. Muito pelo contrário, ele é extremamente importante, só precisam de maturidade, leitura e experiencia, pois eles são os futuros políticos.

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  9. Pior é que não consigo mais associar movimento estudantil à idéia convencional de práxis. Para mim, a práxis do movimento estudantil acontece, e muito. Elencar debates, organizar grupos de estudos, tardes de cinema, discutir nos corredores, e mesmo concorrer a uma eleição do DCE, são exemplos de práxis estudantil. Os militantes, como disse, não têm as ferramentas necessárias para fazerem mudanças rápidas e diretas. No âmbito do que circunscreve as questões da universidade, acredito que o debate não esteja enferrujado, posto que podemos ver intensa atividade por parte dos estudantes. Eu mesmo já participei de vários grupos na ufs, grupos estes que também não levantavam bandeiras mas que, se necessário, com certeza levantariam. Outro déficit nesses ataques constantes aos militantes é que, à revelia do senso de compreensão de quem os ataca, por meio dum discurso generalizador se cristaliza a idéia de que todo marxista e de que todo militante estudantil, por se reconhecerem enquanto tais, são estúpidos. Eu garanto: isso é uma falácia que menoscaba um sistema que contribuiu e contribui muito nas discussões sobre problemas prementas das sociedades.

    Eu sou um dos que sempre chamaram o torto de movimento burguês. Antes implicava muito com isso. Não larguei a minha visão. Mas hoje vejo que em qualquer discurso há o que chamamos vontade de potência e muito protecionismo. Portanto, não sou eu que mudarei o que já está sedimentado, afinal, não sou e nem pretendo ser modelo de vida. Tenho as minhas convicções, e foram elas que fizeram com que eu saísse do grupo de vocês. Hoje em dia prefiro exercitar o livre pensamento. No entanto, vale dizer que há muita validade em se manter uma página como essa, uma vez que também não deixa de ser também uma alternativa de discussão.

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  10. João,

    Com respeito ao Torto, desculpe-me mais uma vez, talvez eu não tenha entendido bem, mas aqui não há protecionismo algum. Se o protecionismo se referir ao fato de cada um de nós buscar se proteger, sinto informar, mas o fato de você sair por não ver sua ideia compartilhar com o que frequentemente é exposto no movimento, é que é uma forma de se proteger. Afinal, em nenhum momento nós excluimos você pela sua forma de pensar, você foi quem resolveu espontaneamente se retirar. Proteção sua.

    Quanto a questão do movimento estudantil, concordo que não podemos colocar tudo em uma forma como se todos os militantes ou marxistas fossem incapazes de enxergar a realidade de forma critica. Se fosse assim, cairiamos no mesmo erro de quem classifica o torto reduzidamente de burgues ou pós-moderno e blá blá blá. No entanto eu não compartilho que as estratégias dos movimentos se encontram próximas a um caminho viável. Acredito que ainda falta muita coisa a ser resolvida, falta muito amadurecimento discursivo, assim como falta muito olhar sensato para perceber até em que limite podemos aplicar o que nossas teorias declaram como belo e possivel e a forma como nós praticamos nossos atos em nosso dia a dia.

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  11. João,

    Só mais uma observação:

    Apesar desse comentário ser remetido a você, escrevo isso mais para os outros leitores do que para você, afinal, a sua pessoa deve esta careca de saber sobre isso.

    A ideia do torto é mostrar que dentro de um grupo podem haver inumeras individualidades, e nem por isso deixar de ser um grupo. Como desde o primeiro texto do torto eu disse: alguem pode ser contra ao torto e pertencer ao movimento torto.

    Portanto, o que eu noto no ato falho de seu discurso, é que você insiste no modelo de movimento tradicional do "um por todos e todos por um", pois veja:""Tenho as minhas convicções, e foram elas que fizeram com que eu saísse do grupo de vocês."

    Grupo de vocês??? Perceba como você em seu discurso separa o território do torto de outros territórios, como se aqui fosse uma casa privada e tivesse um grupo fechado (vocês), enfim, os outros não.

    Volto a dizer: nunca ninguem o ameaçou tirar do movimento, voce foi que talvez por insistir nesse olhar de que um movimento é um grupo e o outro é o alheio, não se sentiu compartilhado com a visão dos outros autores e saiu

    abraços

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  12. No mérito da discussão sobre o torto não entrarei mais. São águas passadas.

    Em relação ao movimento estudantil, é como disse: não há perfeição e os caminhos trilhados por parte não só de quem o compõe oficialmente, mas mesmo por parte de quem estabelece conversas espontâneas nos corredores da vida, são passos dados para a construção de uma universidade que, num futuro não tão distante, possa atender os interesses de todos.

    Tenho me animado com várias pessoas da UFS, inclusive professores, pois vejo nelas muito interesse em construir espaços para debate, grupos de estudo e esse tipo de coisa. Eu mesmo estou participando de um que é dirigido pelo professor Romero (exemplo de bom professor), e que conta também com a participação de diversas pessoas que estão fora do terreno das humanas. Enfim, pode parecer ingênuo, mas guardo certa esperança em relação aos tempos vindouros.

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  13. Sim, eu saí por livre e espontânea vontade. Mais uma vez: ninguém me convidou a sair do movimento torto.

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  14. A contribuição que posso dar aos caros colegas é o seguinte:

    Vejo que a militância brasileira bem como a daqui de Sergipe, poderia tomar como ponto de partida algumas considerações. Primeiro, devemos entender que o Brasil é um país de industrialização tardia, portanto não fomos nós que industrializamos o país, e que não só o terceiro setor mas o segundo também é centralizado, na sua grande maioria por empresas estrangeiras. O que nos resta é lutar por algo que ainda nos resta, que é o espaço rural, esse que movimenta nossa balança comercial e é tão disputado politicamente, tendo em vista que há um setor exclusivo na câmara dos deputados, chamado patronal ou bancada ruralista, que oblitera qualquer investimenta de tomada de poder e controle.

    Acredito que a luta por uma reforma agrária é uma prioridade, tendo em vista que 0,9 dos estabelecimentos rurais no país controlam 44,4% da área total. Por isso aí vai uma pergunta: qual o poder político que tem um proprietário de uma propriedade do tamanho do nordeste? Pois bem, acredito que esta estrutura inclusive, ameaça a soberania nacional. Entendo que a luta do MST é uma luta valida, historicamente consolidada e necessita de apoio. Pra mim se não o mais importante, um dos mais importantes do Brasil. Inclusive o próprio banco mundial, autor de grande parte dos projetos de “desenvolvimento” do país (e pra mim o verdadeiro presidente do Brasil), criou mecanismos para conter a força política desse movimento.

    O limite da propriedade fundiária é uma luta que devemos travar, isso é uma utopia que já é realidade em alguns países ditos subdesenvolvidos. Apesar da minha covardia, só um confronto resolverá esse problema. Creio que a pobreza no Brasil, trás nessa pauta uma das suas principais causas.

    Reuel Astronauta.

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  15. a luta universitaria(esquerda academica) nao levara nada ah n ser mais aliança a lula ou ao partido psol
    Alan

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  16. Éh, essa é a dura realidade do Brasil.Roosevelt

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