Parece-me, que após todos esses anos de convívio com meu quintal não bastaram, e aqui dentro, mais uma vez, me surpreendo com ele. Não me surpreendi por ele em si, são as coisas que o compõem, como a arrumação de um tabuleiro ou os componentes de uma paisagem em gravura: luz, cor, sombra e etc. Há alguns anos atrás esses componentes eram pálidos, parecia que os carros que passavam no meu quintal eram a única tônica vibrante nessa amalgama, e as coisas vivas por assim dizer, subproduto de um emaranhado. Vagarosamente, como um trabalho de um artista, as coisas foram clareando, algumas cores surgiram no fim da paisagem, por cima das construções, nos cabelos das mulheres, tons escuros por dias e outros mais leves e vibrantes em alguns momentos. Eu aqui me pergunto, por que então sempre me perguntei sobre as cores do meu quintal? Elas simplesmente surgiram e em alguns momentos verdadeiramente vi porque as queria ver.
Eu tinha a idade do vento, quando sem querer compreendi um pouco das coisas vivas que circulavam em meu quintal, eram alegres, eram, sobretudo, a quebra de um tédio, diferente da equação de simples pigmentos enquadrados. Sentia meu corpo provocando sensações, sentia que algo me projetava, como se as outras coisas vivas fosse a real interação com a paisagem que eu sentia e nomeava vagamente. Elas ah! Essas coisas vivas eram um misto sabe? Aquilo que se toca, aquilo que é você e que sem te explicar o próprio quintal lhe rouba, as cristalizando em imagens fugazes.
Lembro-me que sentava em uma pedra em meu quintal, e não colhia apenas um verde verso atemporal, mas parecia-me que o espaço dentro dele era muito maior que meu idealizado quintal moderno. Da pedra podia ver tudo, tantos as coisas vivas quanto os prédios e carros que se instalavam cada dia mais, e passavam como o Sergipe, rio que criava aberturas em minha alma direcionando seu fluxo para ela. Todo quintal não era apenas um corte temporal, mas simplesmente uma criança que brinca. Apesar de que, com o próprio tempo, talvez como fruto natural do mesmo, quando voltava ao mesmo lugar, para pedra do quintal, sentia-me míope e as coisas ora se mostravam ora via apenas a mim. Solidão? Não, talvez fosse o velho enquadramento dos pigmentos, produto das suas equações.
Surpreendi-me mesmo, foi quando, com o cair da noite apareceram em uma das inúmeras noites que já vivenciei aqui, no presente lugar que vos falo árvores pequenas, coisas vivas, pirilampos que sussurravam para mim - sempre há coisas vivas dentro de nós, pega novamente teu pincel meu jovem autor, cria-nos, nos dá sentido, esqueceste de teu projeto? Lembra da luz e sombra? Nós aqui obviamente não somos meras telas, exalamos cheiro, mas por estarmos aqui, queríamos de te como também te oferecemos, alguma fantasia para nos criar.
“Invento meu quintal moderno cantando a água sobre o teto e colho o verde verso atemporal” (Patrícia Polayne)
Eu tinha a idade do vento, quando sem querer compreendi um pouco das coisas vivas que circulavam em meu quintal, eram alegres, eram, sobretudo, a quebra de um tédio, diferente da equação de simples pigmentos enquadrados. Sentia meu corpo provocando sensações, sentia que algo me projetava, como se as outras coisas vivas fosse a real interação com a paisagem que eu sentia e nomeava vagamente. Elas ah! Essas coisas vivas eram um misto sabe? Aquilo que se toca, aquilo que é você e que sem te explicar o próprio quintal lhe rouba, as cristalizando em imagens fugazes.
Lembro-me que sentava em uma pedra em meu quintal, e não colhia apenas um verde verso atemporal, mas parecia-me que o espaço dentro dele era muito maior que meu idealizado quintal moderno. Da pedra podia ver tudo, tantos as coisas vivas quanto os prédios e carros que se instalavam cada dia mais, e passavam como o Sergipe, rio que criava aberturas em minha alma direcionando seu fluxo para ela. Todo quintal não era apenas um corte temporal, mas simplesmente uma criança que brinca. Apesar de que, com o próprio tempo, talvez como fruto natural do mesmo, quando voltava ao mesmo lugar, para pedra do quintal, sentia-me míope e as coisas ora se mostravam ora via apenas a mim. Solidão? Não, talvez fosse o velho enquadramento dos pigmentos, produto das suas equações.
Surpreendi-me mesmo, foi quando, com o cair da noite apareceram em uma das inúmeras noites que já vivenciei aqui, no presente lugar que vos falo árvores pequenas, coisas vivas, pirilampos que sussurravam para mim - sempre há coisas vivas dentro de nós, pega novamente teu pincel meu jovem autor, cria-nos, nos dá sentido, esqueceste de teu projeto? Lembra da luz e sombra? Nós aqui obviamente não somos meras telas, exalamos cheiro, mas por estarmos aqui, queríamos de te como também te oferecemos, alguma fantasia para nos criar.
“Invento meu quintal moderno cantando a água sobre o teto e colho o verde verso atemporal” (Patrícia Polayne)
Não vou comentar sobre o texto, mas sobre a ortografia. Parabéns. Faz-me pensar que não revisava os textos, antes, por pirraça. =D
ResponderExcluirReuel,
ResponderExcluirComo eu sei que o ato interpretativo é extremamente subjetivo, eu não me sinto a vontade de afirmar essa opinião, mas para mim, o debate, por sinal, interessantíssimo, que você provocou em seu texto, não me pareceu articulado com esse trecho da Polayne, mas como eu disse, tudo é subjetivo, e os sentidos que cada um de nós dá a um texto, reflete-se de acordo com as nossas necessidades presentes de explicarmos a realidade que se encontra a nossa volta.
No entanto, saindo desse besteirol de que se foi articulado ou não, eu só tenho a dizer que apesar de a cada dia que se passa eu me decepcionar e me desestimular mais e mais com Aracaju e com Sergipe, eu achei suas palavras lindas ao discorrer acerca do conflito que voce mostrou em pensar de um lado uma realidade apática, sumbissa e reprodutora que mais parece uma tela, mas por outro, você se joga em um oceano de possibilidades de mudanças, afinal, como você bem observa, além da simples tela, existe o trabalho do artista, e cada um de nós reflete esse lado artista, uma vez que a cada dia, vamos construindo ponto por ponto algo nesse lugar.
Obrigado mesmo por essas palavras, pois elas me convencem que apesar do lado mais tela que eu vejo por aqui, existem artistas como você que buscam alternativas, reconhecem as mudanças, apreendem as belezas do Siqueira Campos, do Rio Sergipe, do São José, da Colina do Santo Antônio, etc. Como eu te disse, cada dia eu tenho me cansado de tudo aqui, principalmente no que diz respeito à música, no entanto, esse texto me serve como uma bomba de oxigênio, uma fotossíntese, a uma pulsação alegre aos meus olhos que pintam cada espaço com suas cores vivas e extasiantes do borbulhar da esperança, mas que mancha todas as telas e cantos do quintal pelo seu cansaço e desencanto.
Obrigado querido Vina. Só esclarecendo que a relação que fasso a musica da Polayne,é relacionada ao termo "quintal moderno", cuja ideia se remete a Aracaju ou Sergipe, supostamente como um quintal moderno da Bahia digamos. Abraços
ResponderExcluirReuel,
ResponderExcluirAh certo. Pensei que você tinha trazido o debate associando o que você tinha entendido do trecho da música que você expôs no final do texto. Não sabia que você tinha apenas se utilizado de algumas palavras isoladas da letra de Polayne.
realmente estou cansando como vina falou dessa realidade apatica e reprodutora da msm coisa(tudo fala a msm coisa e as msm pessoas nos ditos considerados eventos alternativos)mas por incrivel que pareça tenho uma pequena espereça que o cenario em sergipe possa mudar pra melhor, alias a sociedade sempre esta em mudança , novas ideias subjetivas e forma de arte para serem praticadas.
ResponderExcluirALAN