Depois de um ano de produções, brigas e elogios, devo admitir que o torto não seja macaco velho. O torto jamais será velho tanto na forma de macaco como na forma de homem. O fluxo de pensamentos, a capacidade de questionamentos nos faz algo novo. O torto é uma novidade nova. Um tanto indefinido como tudo ao seu redor. Contudo traz consigo coisas velhas e novas. Posso compará-lo então ao que chamam de Pós-Moderno. Algo velho e novo, algo hibrido, como um jumento falante. Vimos, não vimos, participamos nos omitimos, e o mais importante em um país sem muito letramento: Escrevemos e publicamos. Que o Brasil e o mundo dêem o seu parecer.
A Pedagogia do Oprimido de nosso Paulo Freire, de certa forma, cabe no nosso ambiente torto. Podemos colocá-la sem medo de estarmos enganados. O torto às vezes faz o que nossos professores muitas vezes, ou quase sempre, não fazem: Pôr o objeto epistêmico em apreciação, com toda liberdade de discussão com direito até aos acirrados embates entre as partes. Aqui no torto não tem sapos de cócoras. Não existem verdades prontas. Relativizamos se possível até a merda.
O grande educador Paulo Freire viu que a postura heliocêntrica do professor refletia a imagem do discurso do dominador e que a educação transmitida de forma monológica servia aos interesses das classes dominantes. É a turma da lagoa. O professor é o sapo de pé, os demais estão sempre de cócoras coaxando. Lembre-se que para este torto velho, o sema sapo reproduz o indivíduo alienado em sua realidade e sem consciência suficiente para fazer inferências básicas: “Quem somos em tudo isso?” É certo que o torto neste ano ido ainda não descobriu quem somos, mas, posso asseverar que já tentamos muito esclarecer muitas coisas, ou pelo menos, demos a cutucada da dúvida nas certezas de muitas pessoas.
O discurso monológico da educação brasileira não é algo acidental. O vejo como uma ação pensada e intencionada a deixar toda essa gente acéfala e a margem de suas oportunidades. É uma verdadeira fábrica de carentes. Oprimidos na visão frereana. Freire viu que tudo começa na palavra. Como dizia nosso torto Vygotsky: “a língua é um instrumento de mediação na formação das funções mentais superiores.” Logo, a palavra pode ser encarada como a unidade mínima do pensamento humano. Os métodos de alfabetização que não contemplam o debate, o contexto sócio-político da palavra, a imaginação da criança e sua capacidade de construir saberes, pois esta traz consigo uma mala cheia, são métodos de defloramento intelectual.
O torto valoriza estas coisas. Ele sabe desde o início de sua origem que a palavra é uma ferramenta poderosa. Ela é ideologia. É ideologia na discussão monológica podendo ser desvelada, e é ideologia dialógica, também possível de ser desvelada. Logo o torto é um movimento da palavra. Somos jumentos falantes, me perdoem o exemplo. Jumentos porque somos híbridos, somos uma mistura de muitas coisas, e não poderia ser diferente com um movimento que nasceu sem chupeta. A nossa foi desde o início a palavra. Então salve o torto e que fiquem as inferências...
o torto de vocês é um caos. Nós homos queremos um espaço. Pedrinho da casa leal. hihihihihi..
ResponderExcluirPedrinho,
ResponderExcluirTodos têm um espaço aqui, é só participar.
Roosevelt,
ResponderExcluirO mais engraçado da educação unilateral, é que, apesar dela acreditar que ajusta a natureza caótica da natureza humana a partir da organização hierarquica entre os que "sabem" e os que "não sabem", ela, ainda assim, não consegue resolucionar as grandes problemáticas da nossa realidade.
Resultado: apesar de toda a tentativa organizacional ao extremo, ela bagunça mais ainda o processo de aprendizagem. Por que? Ora, a partir do instante em que eu não ponho o objeto do estudo para ser destrichado pelos discentes, obvio que o conhecimento vai ser uma coisa alienigena a eles, uma vez que o conhecimento não partiu de algo que veio de suas realidades, e para mim, o que não vem da realidade próxima, é sem lógica, pois não se conecta com nossas experiências cotidianas.
Roosevelt,
ResponderExcluirCom relação ao torto, diferente desse modelo exposto por mim no comentário anterior, ele preza pela caoticidade para a partir dela chegar a uma noção critica de como se organizar as coisas. É devido a isso que muitos chegam a considerar o torto como um espaço conservador, isso só por que propomos muitas vezes novas alternativas para viabilizarmos outros caminhos sem contudo partirmos para a irresponsabilidade de acharmos que a realidade só se transforma se destruirmos toda uma estrutura consolidada ao longo de uma história dos valores e da politica de uma cultura.
Ao mesmo tempo, a natureza do torto por se entortar tende a ser imprevisivel, e o que é imprevisivel, tende a ser experimental, alternativa, livre. Essa liberdade provoca uma fluidez clara no torto, e essa fluidez termina por provocar um olhar atento e deslizante sem padrões, sem modelos imutáveis. Daí por que a dificuldade de se definir o torto. Se continuarmos nos entortando, dificilmente encontraremos um conceito definido e fechado, pois somos cambaliantes, vulneráveis, contraditórios, contingenciais, enfim, somos tortos.
Foi essa a semelhança que vi entre o trabalho de freire e do movimentotorto, partimos do caos.
ResponderExcluirmeu caro!
ResponderExcluirsimplesmente brilhante!!!!