quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um Mero Devaneio Torto

Estou na mira de prédios que insultam com suas sacadas e suas pancadas simbólicas no meio do ar.

Abalos ritmicos soltos assim no absoluto do ar que os recolhe e os faz anacolutos todos: todos eles. Ruídos, e eu absorto: todos eles. Absorvo. Todos. Eles!

Eis um ponto fora da curva! A miséria e sua distinta nervura! Ponto fora da curva! A riqueza e a eterna fartura. E o que falta em mim dura. Dura falta, eterna e se enerva: ei-la nervura, fora do ponto da curva. Nem curva, nem ponto. Certeza se encurva: ei-lo torto.

Entorta os abalos ritmicos, escândalos místicos. – MOMENTOS SÍSMICOS! MOMENTOS SÍSMICOS! – Já foi...

Vejo meu corpo em ruínas ruidosas, nervuras rugosas, ternuras raivosas, nem duras, nem mortas, farturas faltosas, tortas criaturas, criaturas tortas!

3 comentários:

  1. Josué,

    Bicho, esse texto foi cortante. É incrivel a sua capacidade de se envolver com palavras. O que eu acho mais interessante em textos seus como esse é a condição desorbitada que enxergamos em seu tecido, mas a lógica fragmentada, a equação despedaçada, a vulnerabilidade coesa de nossos sentimentos.

    Sim, a todo instante nossos abalos sismicos, nossas curvas e nossos pontos sem nossos pontos e sem nossas curvas. Um caminho que se enxerga, que se marca, que se traduz diante do próprio caminho que some, que se torna descentralizados de todas as nossas possibilidades de visualizações, que não se combinam e que não se traduzem em mesmas e outras curvas que se comungam e se esclarecem diante de uma tormenta de signos, de realizações, de frustrações, de tristezas, de sonhos, de perspectivas tortas de ser.

    de fuder!!!!!

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  2. Fico muito feliz por você ter captado sobretudo o teor de tormenta neste texto.O entrecruzamento de significantes, fazendo-nos ficarmos com todos eles e nenhum. Que bom que eu tenha despertado muito do que quis passar.

    Abraço!

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  3. Josué sabe como ninguém mixar o material e o surreal. Movendo o sentido da prosa poética para o estritamente material, eis aí uma concepção de que a cada dia estou mais próximo:

    .Vejo meu corpo em ruínas ruidosas, nervuras rugosas, ternuras raivosas, nem duras, nem mortas, farturas faltosas, tortas criaturas, criaturas tortas!.

    Pois já me vem a sensação de que é hora do algo em troca, e sempre há mais do que não se sabe bem o que do que o que se pensa sem dúvida.

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