A Barbie é linda e loira. Tem os cabelos acetinados e ondulados. Tem cintura fina e pernas torneadas. É eternamente maquiada e bem arrumada. Usa salto alto, roupas da moda e óculos escuros. Perfeita, dentro de todas as leis que regem a perfeição de uma mulher moderna.
É completa, transparece um sorriso que não murcha nunca e não reclama de absolutamente nada. Ao mesmo tempo, consegue ser encantadora, tão encantadora que não se fragiliza a qualquer olhar de alguma remanescente inveja. Ela nasceu para ser contemplada. Para ser a verdadeira modelo do gênero feminino.O resto é: meras cópias que insistente em ser igual a ela. Gasta fortunas para repuxar, cortar o corpo nas mãos de navalhas. E quando se aproximam não conseguem se sentir um pouco satisfeitas, pois o espelho sempre será um verdadeiro mentiroso. Ele reflete a imagem que elas querem vê. Só elas, apenas.
Enquanto que a Barbie continua linda, loira e estática. Estática no tempo, pois é uma mulher atemporal.Por isso que ela não se move. Ela não pode ter problemas na coluna, nos olhos ou na cabeça. Ela não se estressa. E nem tem plobemas existenciais. E a sua casa só tem duas dimensões. Em uma parede, só encontra desenhos de espelho, pente, de uma suposta cama e um namorado. Ele não entra em contato com ela, pois ela está em outro plano e pespectiva. A Bárbie tem projeções e ele não. Até mesmo as necessidades mais íntimas a ela parece ser dispensável, pois não tem buraco e nem implora pela caneta dele.
É incrivél como ela continua estática. Sem nada a contestar. Mas para quê? Se ela já atingiu há muito tempo o que todas buscavam incansavelmente em várias gerações?
Por isso que ela continua, linda, loira, jovem e triunfante com seus olhinhos azuis e cintilantes.
Aí está o reflexo de uma mulher moderna e emancipada de qualquer preocupação com o seu tempo.
Olha Maíra, no que tange aos estereótipos eu concordo com vc, mas o que a hipocrisia do seres pré-pontos esconde, é um coração repleto de lacunas existenciais como qualquer outro. Eu acredito que, essa mulher sem muitas aspas ou contravenções estéticas seja mais pó de arroz do que o que de verdade o estomago de plástico que essas Barbies digerem. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirMaira,
ResponderExcluirToda a cultura possui um padrão de beleza e sempre possuiu. O que muita gente critica, é o fato da Barbie ou qualquer objeto representante da beleza, mostrar um numero de caracterisiticas que não convém com as nossas. Qual o problema da Barbie? Ela de fato representa uma mulher linda. É loira, magra, olhos azuis, dotadas de belezas consideradas sublimes. São sublimes pois são assim que os padrões de beleza nos são colocados. Obvio que eu não retiro a possibilidade de uma imposição de beleza, mas poder sempre houve na cultura e possivelmente haverá. Se nós não quisessemos ser "levados" por esses critérios, que nós passemos a buscar as Barbies pretas, gordas, cabelos considerados "ruins", etc, mas não, as mesmas mulheres que confrontam os padrões de belezas, muitas vezes são as primeiras a privilegiar os namorados das barbies da vida real! Enfim, se há uma imposição, também há uma aceitação de espontanea vontade. Tenho tesão pelas barbies da vida real, sou um cara que apesar de ver belezas em outros perfis de mulhres, admiro as loiras, de olhos azuis, cinturinha fina, pernas bem feitas, enfim, prezo pelo modelo de beleza ocidental. As barbies proporcionam auto estima, me tornam orgulhoso de mim, pois são cobiçadas por muitos machos,mesmo que muitas mulheres critiquem as belezas das barbies por se sentirem frustradas por não conseguirem ser a barbie.
Apesar de ser um símbolo feminino, vejo no modelo barbie conflitos que atravessam o mundo masculinos. Acho que ninguém seja artificial por elegir a beleza como prioridade.Os conflitos existenciais atinge a todos independente dos seus padrões e beleza.
ResponderExcluirO que quis colocar no texto foi a aproximação, ou melhor a super humanização da boneca. Vejo ela, não só a Barbie, como outras, com vida própria em cartazes e em realities shows.
é um fenômeno tão inerente da contemporaneidade, como diz Canevacci quando se refere a "biocoisa". As coisas tem vida e os humanos viram coisas, cartazes ambulantes na grande metróple.
Assim como nas bonecas do dadaísta Hans Bellmer, o estranho que percorre a fronteira do que seja orgânico e inorgânico, da vida e da morte, do humano e do inanimado.
Em determinados instantes vemos de modo tão claro a fragmentação do nosso próprio eu, desconhecemos o que é nosso e agregamos próteses para nos preenchermos da nossa eterna lacuna.
Bjos!
Duas frases foda:
ResponderExcluir"as mesmas mulheres que confrontam os padrões de belezas, muitas vezes são as primeiras a privilegiar os namorados das barbies da vida real!"
E
"Em determinados instantes vemos de modo tão claro a fragmentação do nosso próprio eu, desconhecemos o que é nosso e agregamos próteses para nos preenchermos da nossa eterna lacuna"
Parabéns, e Vina isso é tão real... as feministas que não se acham produto de sua cultura que o diga!
e verdade reuel! acho que não tem partidarismo que dê conta das nossas ambivalências.
ResponderExcluirO feminismo, sexismo e qualquer tipo de ismo acaba sendo engolido pela ditadura cultural.
Maira,
ResponderExcluirVc se refere a ditadura cultural em que sentido? Na ditadura que se refere a imposição machista? Não há bem uma total imposição. No jogo dos conflitos, a vitima aceita muitas vezes a condição na qual ela foi educada, mantendo assim, valores que ela diz condenar; assim como o dito "opressor" perpetua os modelos que o privilegia mas não deixa de ser vitima do próprio modelo aceito por ele.
Maira,
ResponderExcluirAcho que se enxergamos a fragmentação do nosso próprio eu, mesmo admitindo a impossibilidade de sabermos sempre enxergar a nossa completude, nós de certa forma temos uma certa referencia para o nosso próprio eu. Acredito também que a necessidade da prótese sempre fez parte do humano. Apesar de poder ser mais frequente ou mais visivel, esse não é apenas um fenômeno da contemporaneidade. Apesar de vivermos em meio a um contexto no qual o consumo se tornou preponderante em nosso dia a dia, acredito que a busca por laços sociais, a necessidade de alimentarmos a ilusão para quem elencamos como amigo ou namorados, provam de certa forma que não estamos tão biocoisados assim. Quem negar a persistencia das carencias sociais, no minimo é um idiota que não vai sequer até a esquina. É um bioidiotizado kkkkkkkkkk
toda cultura tem sua ditadura. De alguma forma os indivíduos são impelidos a ela, mesmo sem perceber. Apesar de ser um negativista radical, Adorno descreve bem nesse ponto, até aí. Pois a idéia de supermassificação acredito q seja um pouco contaminada pelo momento do fantasma invisível, guerra fria, em que ele está por toda parte, infiltrando em todas as porosidades.
ResponderExcluirmachismo, passo longe. não sou adepta aos partidarismos dos ismos. Creio que todos os ismos, machismos, feminismos... em vários instantes são muito convenientes a nós para benefício pessoal.
E quanto ao consumo, seja ele qualquer espécie sempre vai existir. Se não fosse ele, entraria qualquer outro elemento que entraria em pauta para alguns do núcleo do senso comum ou dos especialistas dizerem qual é o verdadeiro mal que circula na sociedade.
Bom, quanto as nossas carências sociais, acredito que esse sentimento se expanda a todos.
Negamos a todo instante essa sensação, tentamos acreditar não sermos tão bioidiotizado assim.
Biocoisa, consumo e machismo foram idéias suas. Uma opinião, um ponto de vista que pode ter totalizado o que escrevi.
Bom, as idéias uma vez que são postas é para que cada um entenda como queira, ou melhor, veja como queira. Prefiro lançar idéias a ter que fechar por completo em significados, explicar o meu ponto de vista.
bjs
Maira,
ResponderExcluirMinha linda, obviamente que as coisas que eu escrevi acerca do que eu quis complementar sobre o seu texto são coisas minhas. Em nenhum momento eu quis fechar os significados das coisas, apenas coloquei um ponto de vista meu acerca de pontos que consegui enxergar em seu texto, afinal, como você bem disse, as ideias são postas para serem entendidas como cada um queira. Espero que não tenha ficado chateada com as minhas argumentações
bjs
Ola vina!
ResponderExcluirconfesso q foi um cometário irritado da minha parte, pois vejo q determinados assuntos remetem diretamente a certas questões q não costumo defender. Se falo da barbie automaticamente nós associamos a beleza, machismo, consumo e por aí vai.
É isso o q vc demarcou tb, não deixa de ser. E q por isso eu fui um tanto contraditória.
Se deixo aberto para q o outro pense o q quiser, pensar nas questões mais recorrente, mesmo eu não tendo a intencionalidade, é um ponto de vista. Um olhar q meu texto tenha despertado em vc ou qualquer outra pessoa.
Um beijo meu caro!
Maira,
ResponderExcluirJustamente. É por isso que eu acredito que não existe discussão que fuja ao tema. O que eu acredito é que existem discussões que rendem a partir de um determinado tema. Enfim, é a velha e conhecida ramificação conteudistica que vai contantenando uma série de significantes oriundos de outros vários significantes, e que vão se recombinando e gerando novos debates e novos pontos de vista, e por consequencia, sempre novos discursos e novas duvidas, e a partir dai novos pontos de vista etc etc etc...