Eu havia pensado em publicar a continuação da trama da Velha, porém, eu resolvi deixar para a próxima semana, visto que nesta terça-feira dia 30, o Torto estará completando um ano de existência. Devido a isso, eu resolvi trazer um texto que abordasse, o que para mim, são idéias bases do Movimento Torto. Gostaria que os leitores lessem também o texto “Rapaz, sei não” de Roosevelt Leite, publicado quinta-feira passada o qual também trouxe uma análise sobre o Torto.
Pelo menos para mim, a idéia de criar o Movimento Torto se deu para repensar toda uma idéia do que nós temos aprendido acerca do que se entende como Movimento. O Movimento Torto, antes de ser um Movimento que venha ser pensado no sentido da militância, da alteração da conjuntura econômica, é um espaço sem fronteiras que busca se encontrar em mudanças constantes de novas idéias. Em outras palavras, é um Movimento pois implica movimento.
Por isso que antes de pensar o Movimento como algo que defende uma única idéia, que levanta uma bandeira, eu penso em um Movimento que preza e valoriza o ato do se contradizer, afinal, a busca pela não-contradição já implica a ausência de fluidez, e não é isso que o Movimento Torto, pelo menos para mim, tem buscado. Volto a repetir: o torto se entorta por que ele mesmo admite que é o próprio reflexo de suas mudanças, ou seja, ele não é reto e estático.
Essa idéia de se pensar a idéia de Movimento me levou a uma outra questão que se refere à liderança. Outra crítica que eu faço à idéia de Movimento se deve justamente a necessidade da centralização, ou seja, de uma hierarquia impositiva. Geralmente o que encontramos por ai, é que se um indivíduo pertence a um Movimento X, ele tem que se ver obrigado a aceitar as idéias decididas pelos superiores dos Movimentos, e se não aceitar, imediatamente é excluído.
A idéia do Torto é mostrar que as diferenças podem conviver entre elas, mas que as diferenças podem e devem exigir que suas opiniões sejam livres, e que não cabe ao Movimento Torto tentar impor um padrão de pensamento para ninguém. A idéia é que no Torto, os indivíduos têm o direito de pensar de maneira própria, como também devem estar preparados para admitir a crítica do outro, como também têm o direito de repudiar determinadas críticas que recebem.
No Movimento, cada autor apóia e critica o autor que quiser. Aqui não existem grupinhos fechados. Josué, por exemplo, pode se identificar com um texto de Maira postado no Torto hoje, mas próxima semana ele pode preferir compactuar com o texto de Miguel. Outro dia Miguel pode voltar a ser reprovado por Josué pelo mesmo texto que o próprio Josué aprovou, afinal, as identificações variam de acordo com cada circunstância, e isso faz parte da imprevisibilidade humana, faz parte do entortar.
Eu penso o Torto como partes que se associam a outras partes que se refazem e se desfazem associando-se a outras partes, jamais sendo um todo fechado. Por isso que no Torto não se cobra a união permanente entre seus autores, nem totalidades rigidas, afinal, como disse Alberto Caeiro em O Guardador de Rebanhos, “não há um todo a que isso pertença/ Que um conjunto real e verdadeiro/ É uma doença das nossas idéias/ A Natureza é partes sem um todo”. É por esse caminho que eu acredito que o Torto tem transitado.
Gostaria de agradecer a todos que têm contribuído com a construção do Torto, sejam os autores que entraram no inicio do Movimento e que ainda se mantêm como Josué Maia, Roosevelt Leite e Reuel Machado, sejam aqueles que entraram de forma mais recente como Alysson, Maira e Miguel, como aqueles que não são mais autores do torto como João Paulo, Lou e Éder. Agradeço também as pessoas que contribuíram com textos de participações, assim como aos nossos leitores.
Como disse Roosevelt Leite, muitos chegaram a desacreditar no Torto, mas apesar de tudo, o Torto já vai fazer seu primeiro ano de vida. Mesmo com suas confusões e brigas muitas vezes válidas e muitas vezes bobas, o Torto vai vivendo, até por que, se tem uma coisa que o Torto, diferente dos outros Movimentos, não cobrou de seus autores, é que eles fossem Super-Heróis imunes aos erros. Ao contrário. O torto é justamente torto por saber que inevitavelmente é humano.
Parabéns, meus caros. Apesar de afastado há um tempo considerável do grupo, foi uma experiência salutar ter dividido espaço com os colegas.
ResponderExcluirSó mais uma coisa: como o tempo voa, né? haha
abraço,
João Paulo dos Santos
João
ResponderExcluirPois é meu querido João. O tempo passa muito rápido. Independente de sua permanencia ou não, agradeço bastante sua contribuição no torto não apenas no tempo em que você esteve como autor, mas como um leitor que continua contribuindo bastante com novas e muitas vezes, atormentadoras e conflitivas ideias kkkkkkkkk
abraços
vina!
ResponderExcluircomo sempre, vc defende muito bem suas idéias!
Aproveito que vc comentou sobre o Torto para escrever o q penso. Vejo que é um movimento aberto, de sentido e expressão e inevitavelmente humano. Humano por ser deslizante, contraditório e, por vezes tenso, afinal isso é um movimento.
Estive pensando últimamente que o Torto é como as artes. Como vc bem abordou, não existe certo, errado, apenas tendências. Eu posso ser adepta do seu texto hj, mas próxima semana posso ser bem crítica, pois assim como as artes, o movimento encanta e repudia. As polêmicas provocadas ao longo do ano significa que ao menos existe alguém que lê e automaticamente se sente impelido para se manifestar seja para apoiar ou desacreditar.Isso me parece que o Torto tem sua própria organicidade como movimento mesmo, sem que nós autores precisamos definir nada.
Muito bom texto!!
Um beijo!