quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O poeta angustiado

O Poeta angustiado

Falei muitas coisas; até palavras sensatas.
Tentei mostrar o segredo despido pela mente do poeta.
A alma sucumbe ante o delírio de nossa pena.
Brincamos com as palavras; abrimos mentes, criamos mundos.
Observamos ao nosso redor, o nosso interior, nunca perdemos a cena,
O momento, o retrato de um pensamento, a dor, o amor, o sofrimento.

O vidente lê os espíritos e sente suas fibras; penetra suas entranhas.
Angustia, fascínio, horror, paixão, e muitos outros são seus motores.
Entre eles, no trono, está o coração; o peito é cordel, é canção.
Seu olho é o buraco do mundo; despe o véu de todos os tormentos.

Falei dos outros e de mim;
Vi o outro em mim e eu nele.
É bom matar o bode e curtir o coro,
Contudo em tudo carrego um choro;
Clamo no meu silêncio ao vento, se me escuta.
Não sei o final desta luta.

Enquanto houver figuras moventes; sombras viventes.
O vidente, com seus olhos, ilumina a estrada.
Fixa-se nas pegadas em sua caminhada.
Sonha acordado um bom mundo,
Fala de um dia real.

Mas tudo não passa de palavras.
Invenção nossa, como tudo mais.
Coisas de poeta angustiado...

6 comentários:

  1. Roosevelt,

    "tudo não passa de palavras" Concordo plenamente. Por isso que eu acredito que a ideia de criticar a relativização que fazemos das coisas deve ser relativizada rsrs. Ou seja, eu sei que as descobertas cientificas por exemplo, tem suas comprovações, suas verificabilidades, e portanto, tem sua legitimadade enquanto um dado verdadeiro, no entanto, devido ao fato das coisas serem agregadas de palavras, todas essas descobertas são refutáveis pois as palavras pedem sempre outros sentidos novos para explicarmos as coisas, e por isso mesmo, apesar de comprovada, a própria ciência não deixa também de ser ilusão por ser feita de palavras e palavras, o que não quer dizer que não venhamos enxergar a funcionalidade dela em nossas vidas, mas se formos por esse lado, os mitos também nos sustentam. Em outras palavras, não precisamos dizer que algo é justificável para retirarmos o valor da necessidade que fazemos das coisas. Tudo é ilusão, e por isso mesmo, tudo nos torna angustiados

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  2. Devo concordar com o grande mestre. Agora o danado disse com toda clareza.

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  3. Vejo um grande desabafo em suas palavras. A inefabilidade do mundo. Será que tudo é relativo. Se essa proposição é verídica, ela deve estar excluída do próprio relativismo. Terceiro excluído. Um dos termos da contradição deve captar fenômenos como as idéias simples e as palavras. A lógica está no mome. Mecanismo que trouxe-nos essa noção de verdade. A linguagem é a genitora de nossos erros imutáveis e cíclicos.

    Coloquei um novo texto em meu blog. Dê uma olhada!

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  4. Olá, Roosevelt! E a angústia... tão inerente ao poeta como a própria poesia. Se não fosse pela angustia... Poesia não diria. Certo como ao sol é dia, e durante o luar é noite, salvo algum eclipse. Galera do “O Torto”, abraço!

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)

    E aceite o convite deste blogueiro viajante de blog em blog http://jefhcardoso.blogspot.com

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  5. Meu caro Anderson torto,
    Não creio no relativismo absoluto, mesmo porque, nossa frágil mente não o alcançaria. creio na dúvida sobre todas as certezas. Para mim a dúvida é uma ferramenta de desconstrução e de construção. Obrigado por participar. Bjs.

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