segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O PT e as emissoras públicas

Neste texto eu gostaria de falar acerca da postura do PT no que diz respeito à divulgação de projetos culturais e sociais em âmbito estadual nas emissoras públicas de televisão; e a forma como o público, principalmente o público mais popular, se usufrui, se relaciona e se atualiza com as noticias referentes aos projetos culturais e sociais expostos por esses meios.

Para mim, as emissoras públicas ainda mantêm de certa forma um diferencial em relação às emissoras comerciais, e um desses diferenciais está em trazer ao telespectador uma atualização acerca dos novos projetos culturais, assim como entrevistas com profissionais encarregados da produção artística e científica da nossa sociedade, dentre outras coisas.

Porém, qual a freqüência de acesso que a população mais popular estabelece com a programação das emissoras públicas? Eu acredito que quase nenhuma. Primeiro: os cenários de seus programas são claramente inferiores à das emissoras privadas e comerciais, e, infelizmente, no caso da televisão, qualidade visual é de profunda importância para gerar estímulos ao telespectador.

O cenário dos programas televisivos de nível local é horrível. Realmente não há como se ter estímulos em assistir a um programa no qual o apresentador parece que está falando com uma cartolina de fundo como estrutura de cenário. Posso estar enganado, mas se fizerem uma pesquisa, verão que uma qualidade técnica e estética no mundo televisivo é o atrativo mais importante para o telespectador.

O segundo ponto diz respeito à qualidade do sinal. Se nós entrarmos em algumas residências que ainda mantêm a televisão tradicional, veremos que as emissoras públicas praticamente inexistem. Porém, se buscarmos emissoras privadas, veremos que o sinal é quase sempre perfeito. Obviamente que com isso, tendemos a não fazer da programação das emissoras públicas um hábito recorrente em nosso dia a dia.

O outro ponto se refere à programação. Não adianta buscarmos programas que o dito setor “politizado” diz ser bom, se por outro lado continuamos excluindo um público que já se encontra por demais excluído, impondo programas alheios a sua rotina cultural televisiva. Acredito que seja importante buscarmos programas que também estejam vinculados às expectativas culturais dos setores populares.

Acredito que a forma mais inteligente de estabelecer diálogos com o público popular, é dando a ele a possibilidade de escolher a sua programação, ao mesmo tempo colocando outras alternativas de programas com o intuito de fazer com que esse público perceba que existem também outras formas de discursos além daqueles transmitidos muitas vezes de forma rasa pelas emissoras privadas de televisão.

Para mim, apesar de todas as lacunas que o PT ainda possui, acredito que a sua proposta política de certa forma tem possibilitado alguma melhora em muitas questões que até então não haviam sido aperfeiçoadas nos programas políticos anteriores, porém, acredito que ainda existe um divórcio muito grande das emissoras públicas principalmente com os setores mais populares da sociedade.

Se insistirem na falta de qualidade visual, na precariedade dos sinais das emissoras e na programação de uma cultura praticamente exógena ao cotidiano popular, e, portanto, nada estimulante até mesmo para um público dito não-popular, mesmo que as emissoras públicas tenham interesses em divulgar nossas produções para a sociedade, tudo que for divulgado não fará parte do conhecimento e do interesse de boa parte da nossa população.

11 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. ola vina!

    acho que seu texto reflete bem a nossa realidade com o meio midiático. E através dele que vc me fez pensar em algumas questões, como, uma delas, o que a falta de acessibilidade a outros canais, por exemplo, a tv pública, inviabiliza ao espectador brasileiro a ter outro olhar diferente do que está acostumado pelos canais que abordam uma programação mais enlatada.
    Creio que seja razoável ter acesso a vários tipos de canais, pois só assim podemos saber diferenciar, criticar os diversos parâmetros que nos são apresentados.
    O que passa a ser lamentável é quando, como vc colocou, a classe menos favorecida ver aquilo que é posto sem lhe dar a menor condição de escolha por falta de estrutura técnica, ou melhor, descaso das autoridades e falta de projetos comunitários eficientes.

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  3. Caro Vina, como você anda muito sem tempo eu entendo que não tenha dado pra reestruturar seu texto com carinho. Mas lhe trago, então, alguns pontos que deveriam ser melhor desenvolvidos:

    "é de profunda importância para gerar estímulos ao telespectador"

    Você fala de qual telespectador? Porque eu mesmo dou pouquíssima importância à questão estética quando um papo é crítico e interessante.

    "não haviam sido aperfeiçoadas nos programas políticos anteriores"

    Quais? Agora você tá falando de emissora pública ou de propaganda eleitoral?


    Abraço!

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  4. *só corrigindo,não dou a mínima à questão estética visual nestas situações, pois como aprecio a plasticidade de um bom discurso, sou tocado de qualquer forma pela estética. Mais ainda assim, desenrolemos este ponto...

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  5. É por isso que se faz necessária a criação de Conselhos de Comunicação. Dessa forma o telespectador terá condições de exercer influência no que quer ou não assistir. Ao contrário do discurso da oposição à questão, não haveria uma podação à liberdade de imprensa, mas um florescimento da democracia. Afinal, no panorama atual, nós somos obrigados a ver o que querem que vejamos quando se deveria estabelecer um diálogo entre os possuidores da mídia televisiva e os detentores da capacidade receptiva desses meios.

    Outra coisa que poderia ser questionada são os abusos que a rede privada de comunicação inflige à sociedade e a nível jurídico quase nada de eficaz é praticado. Não quero mais que o programa da Xuxa seja apresentado pela Globo como a sua parcela de programação educativa para que seja legitimada a sua concessão.

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  6. Josue,

    Apesar de reconhecer a ambiguidade desse termo, acho que eu deixei claro que eu estou me referindo a um publico popular.

    Estou falando de programas sociais do PT. Não quis me referir neste texto a programas eleitoreiros. Talvez voce tenha lido um tanto apressado este texto.

    valeu pelas sugestões

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  7. Pelo contrário, li mais de uma vez. E encontrei trechos como este:


    " e, portanto, nada estimulante até mesmo para um público dito não-popular"

    Em relação a "programas sociais" agora ficou meio confuso pra mim. Você se refere à divulgação das conquistas do governo vigente?

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  8. Josue,

    sim, até mesmo para os não-populares, mas no inicio do texto faço questão de frisar o discurso do texto acerca doe setores populares quando digo " e a forma como o público, principalmente o público mais popular"

    Estou me referindo às conquistas do PT.

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  9. Igor,

    Perfeito! O que grande mal é que ainda não aprendemos a reconhecer que as nossas concepções do que consideramos como importantes não necessariamente o sejam para todo mundo. Infelizmente a dita intelectualidade ainda insiste em um abismo com os setores ditos populares, pois impõe um padrão de programação que eles acreditam ser a melhor, quando na verdade essa programação não atende às expectativas de determinados públicos. Enquanto isso, as midias privadas comandadas pelo empreariado, conseguem estabelecer um dialogo muito mais forte com os setores excluidos, porém, o grande mal dessas emissoras privadas é o fato de imporem uma forma de discurso impossibilitando a abertura de novas alternativas discursivas, ficando presa a modelos de televisão enquanto nós sabemos que existem outras formas de programação além do programa da Xuxa. Mas infelizmente as emissoras publicas também caem no erro de negar os discursos rasos das midias privadas para se afunarem em discursos densos e em programas densos que muitas vezes não fazem parte da realidade de determinados setores. Não estou querendo dizer que não se devem haver esse tipo de programação. O que eu quero dizer é que devemos possibilitar nas midias ppublicas, tanto as programações culturais dos setores populares, fazendo com que eles se sintam tb interessados em consumir a rede publica, mas que no meio das programações tb se coloquem outras alternativas de programas para que o consumidor preceba que existem outras formas de discursos.

    Obrigado pelo ótimo comentário

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  10. Maira

    Pois é, não se é dada ao telespectador a possibilidade de escolhas, sem contar que ainda a conjuntura politica, no caso, os escolhidos para atuarem nos setores da cultura e da comunicação, ainda insiste na concepção prepotente de acreditar que o que é bom para eles, é bom para todos. Acredito que o PT deveria ter mais zelo com os setores populares, ja que de fato eles dizem buscar outras alternativas mais democráticas. O fato de insistir na imposição de uma programação considerada como "consciente", não vai modificar a falta de oportunidade de outros setores, pois eles não tem muitas vezes o habito de lidar com determinados tipos de programação expostos nas redes publicas, além de não terem acesso a essas emissoras pela pessima transmissão de sinais

    valeu pelo comentário, pra variar, muito pertinente

    bjs

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