terça-feira, 5 de julho de 2011

Serra de Fogo

Em uma noite não tão comum havia uma mulher de cabelos brancos de pele escura, seus olhos brilhantes estavam pregados à fogueira que ardia a descontento da noite, suas duas filhas mais novas, se perguntavam por que a mãe não saía daquele lugar. A senhora à beira da fogueira quase não movia suas mãos cravadas entre as pernas, seu corpo prostrado em direção à fogueira.

São Sebastião era o nome da localidade, de poucas casinhas e vegetação expeça. Acordava dona Josefa sempre com pensamentos obsessivos a respeito da serra, a mesma ficava logo à frente da sua casa. A serra é chamada de Serra do Fogo, porque uma velha historia contava que antigos índios acendiam grandes fogueiras nesta serra para dançar, e em muitas noites escuras a serra se alumiava de tal forma que a serra parecia estar em chamas.

A senhora me contava às vezes que não encontrava as coisas dentro de sua casa, e acusava sempre as duas filhas – Carmo fia da pé, você pegou meu anel cão!? Carmo respondia que não, sem entender sua mãe, pois a mesma não tinha pegado nada. Contou-me Josefa outra vez que entrara no rio que ficava abaixo de uma grota às margens de sua propriedade, ela se encantara, pois por instantes via seu anel acima de uma rocha escura, ameaçou pegá-lo, mas o mesmo se esfumaçou.

Em uma tarde clara, dois homens de pele vermelha vestidos de bermuda e camisas estranhas e largas. Chegaram à porta de sua casa e entregaram um pedaço de pano com alguma coisa dentro que não era para ser aberta naquele momento, bem como olhando para a senhora afirmaram – O que tem de mais valido são as coisas que se põem na alma, a matéria mesmo densa em brasa viva se desintegra.

Seguindo o mesmo ritual à frente da fogueira, enquanto suas filhas caiam no sono Josefa sumia com as brasas da Serra do Fogo.

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