O jogo do homem com a mulher é jogo de meia palavra. Isentar parte de nossa violência simbólica não nos é, por vezes, pertinente (não que não seja coerente), afinal tudo se arrefece, pois a mulher nos quer seguros, homens de músculos e sentimentos fortes. Acaba-se com a psique da mulher, por isso a anarquia do homem frágil é desrespeitada pela mãezinha que acolhe e embala nossos sonhos.
Mulher, figura irresistível, castro tua animalidade, me castra a fraqueza. O bem dito amor, apesar de proclamado por alguns como o mais sem razão dos afetos, me parece que tem que ser posto no plano cartesiano, programado na maioria das vezes pelos homens, mesmo que sem bombons, shopping center e cinema. Tem que ser isento a priori de qualquer norte tortuoso, melhor, vamos sistematizá-lo:
- Uma frase inteligente (do ponto de vista relativo do que pode ser chamado de “inteligência”). E aquele velho beija pra depois perguntar.
- A idealização: retiramos aqui qualquer fragilidade ou menção de dor futura que possamos exalar para o ser desejado (principalmente pelo homem).
- O tal do estar, mas nem tanto: somos pessoas com muita informação e pouca segurança, portanto queremos seres apegados/desapegados, assim você quer beijar, mas nem tanto, quer amar, mas nem tanto, está apaixonado, mas nem tanto. É solido, porém nem tanto. O ideal é mostrar que se importa com o outro, ligar e mandar mensagens afetuosas.
- Momento de intimidade: agora tudo se resolveu e a aquelas necessidades estão passando. Então se ama, mas... Ela é linda e maravilhosa, mas tem aquela coisinha que não se atura. E essas coisas devem ser ditas, pois isso dá um ar de intimidade, afinal ela tem que saber que você a conhece de alguma forma.
Pois é, meus caros e minhas caras, o problema do amor, em qualquer um de seus infinitos graus, é quando tudo isso se descontrola e você acaba tecendo fios segundo a sua infinita inconsciência, até deixar tudo uma doce loucura, e virar um estúpido rapaz de fato, no êxtase, na histeria, na obsessão, na loucura. O melhor é deixar tudo arrefecer e descansar o peito enquanto tudo explode, desaguando e tratando o medo e o sofrimento com ternura.
Cessada essa viajem, gostaria de falar agora que, em nossos dias as mulheres de alguma forma estão superando o papel de sexo passivo nas relações. Alguns avanços como mais espaço no mercado de trabalho e a construção social da auto-afirmação feminina, têm modificado a relação da mulher com o homem. Um empecilho voraz que acomete a mulher é que, quando ela toma a iniciativa na paquera, ainda que em nossos dias, se torna estigmatizada, e um acaba dizendo pro outro: “– Brother, aquela mulher é muito atirada! Só serve pra pegar mesmo”. Coisas desse gênero que, como Elaine Mesoli falou, acabam soando na mente do homem como uma divisão das mulheres entre “para casar” e as para o “lanchinho”.
Já foi o tempo onde a mulher tinha por necessidade, além da coerção social que era gritante, de castrar o sexo por conta da ausência de métodos anticonceptivos eficazes, pois se ela se deitasse com vários homens, não poderia saber nem quem era o pai de seu filho. Hoje, nós temos artefatos que suprimem essa necessidade de anulação da própria libido, desde as pílulas até a camisinha. Para conhecermos o pai do bebê existem os exames de DNA e há até mesmo a possibilidade de engravidar sem transar com um homem com as inseminações artificiais. Tudo isso, somado à independência financeira, transferiu poder para a mulher, inclusive com relação à maneira como e com quem faz sexo. O problema é que o avanço material não acompanhou o simbólico. Afinal, em conflitos de poder há sempre resistência e tensão. Não estou dizendo que as coisas não mudaram. Entretanto, é uma mudança ainda insipiente, por isso quis chamar a atenção para o retrógrado modo de ver nossas irresistíveis mulheres, que ainda perdura e, não obstante, ainda as massacram. Inclusive aos homens também, pois como há resistência e tensão de ambos os lados, o dominado muitas das vezes sente prazer por estar em sua condição e o dominador, em alguns casos pode sofrer quando o mesmo tenciona a relação de dominação. É o caso dos homens frágeis ou tímidos.
Mulher, figura irresistível, castro tua animalidade, me castra a fraqueza. O bem dito amor, apesar de proclamado por alguns como o mais sem razão dos afetos, me parece que tem que ser posto no plano cartesiano, programado na maioria das vezes pelos homens, mesmo que sem bombons, shopping center e cinema. Tem que ser isento a priori de qualquer norte tortuoso, melhor, vamos sistematizá-lo:
- Uma frase inteligente (do ponto de vista relativo do que pode ser chamado de “inteligência”). E aquele velho beija pra depois perguntar.
- A idealização: retiramos aqui qualquer fragilidade ou menção de dor futura que possamos exalar para o ser desejado (principalmente pelo homem).
- O tal do estar, mas nem tanto: somos pessoas com muita informação e pouca segurança, portanto queremos seres apegados/desapegados, assim você quer beijar, mas nem tanto, quer amar, mas nem tanto, está apaixonado, mas nem tanto. É solido, porém nem tanto. O ideal é mostrar que se importa com o outro, ligar e mandar mensagens afetuosas.
- Momento de intimidade: agora tudo se resolveu e a aquelas necessidades estão passando. Então se ama, mas... Ela é linda e maravilhosa, mas tem aquela coisinha que não se atura. E essas coisas devem ser ditas, pois isso dá um ar de intimidade, afinal ela tem que saber que você a conhece de alguma forma.
Pois é, meus caros e minhas caras, o problema do amor, em qualquer um de seus infinitos graus, é quando tudo isso se descontrola e você acaba tecendo fios segundo a sua infinita inconsciência, até deixar tudo uma doce loucura, e virar um estúpido rapaz de fato, no êxtase, na histeria, na obsessão, na loucura. O melhor é deixar tudo arrefecer e descansar o peito enquanto tudo explode, desaguando e tratando o medo e o sofrimento com ternura.
Cessada essa viajem, gostaria de falar agora que, em nossos dias as mulheres de alguma forma estão superando o papel de sexo passivo nas relações. Alguns avanços como mais espaço no mercado de trabalho e a construção social da auto-afirmação feminina, têm modificado a relação da mulher com o homem. Um empecilho voraz que acomete a mulher é que, quando ela toma a iniciativa na paquera, ainda que em nossos dias, se torna estigmatizada, e um acaba dizendo pro outro: “– Brother, aquela mulher é muito atirada! Só serve pra pegar mesmo”. Coisas desse gênero que, como Elaine Mesoli falou, acabam soando na mente do homem como uma divisão das mulheres entre “para casar” e as para o “lanchinho”.
Já foi o tempo onde a mulher tinha por necessidade, além da coerção social que era gritante, de castrar o sexo por conta da ausência de métodos anticonceptivos eficazes, pois se ela se deitasse com vários homens, não poderia saber nem quem era o pai de seu filho. Hoje, nós temos artefatos que suprimem essa necessidade de anulação da própria libido, desde as pílulas até a camisinha. Para conhecermos o pai do bebê existem os exames de DNA e há até mesmo a possibilidade de engravidar sem transar com um homem com as inseminações artificiais. Tudo isso, somado à independência financeira, transferiu poder para a mulher, inclusive com relação à maneira como e com quem faz sexo. O problema é que o avanço material não acompanhou o simbólico. Afinal, em conflitos de poder há sempre resistência e tensão. Não estou dizendo que as coisas não mudaram. Entretanto, é uma mudança ainda insipiente, por isso quis chamar a atenção para o retrógrado modo de ver nossas irresistíveis mulheres, que ainda perdura e, não obstante, ainda as massacram. Inclusive aos homens também, pois como há resistência e tensão de ambos os lados, o dominado muitas das vezes sente prazer por estar em sua condição e o dominador, em alguns casos pode sofrer quando o mesmo tenciona a relação de dominação. É o caso dos homens frágeis ou tímidos.
Caro Reuel, a parte literária foi fantástica, bem como a parte da crítica.
ResponderExcluirVejo por este viés, de fato, qual seja, as tensões parecem estar minimizadas no que diz respeito a conflito de gêneros quando se trata de um aspecto econômico (a mulher enquanto autônoma e consumidora), mas no que tange à sexualidade propriamente dita, ainda há muitíssimos estigmas.