Algumas vezes sou remetido ao pensamento de que as personalidades “boas” da história tenham vivido apenas com intuito de serem diferentes da maioria, com único objetivo de simplesmente não serem iguais aos outros.
Busco incessantemente argumentos que sustentem o alicerce da bondade no ser humano. Pois, como uma avalanche contínua furiosa, nos são mostradas provas a cada dia do quão malévolo pode ser o homem (não deixando de me incluir neste aspecto). Mesmo não sendo por propósito, acabam por atingir, ou ao menos fustigar, os que estão a sua volta com suas atitudes egoístas, olhando sempre para dentro de si, erroneamente baseados em conceitos de individualidade, como se fossem parte independente da unidade primária na qual estão inseridos e não dependessem dela; agem ora cegos por instintos, ora cegos por razões.
O único animal que tem a opção de viver em harmonia nos meio-ambientes em que vive, ainda opta por atritos que tem gênese no seu próprio ser, produzidos única e exclusivamente por sua psique que, muitas vezes, transformar-se-ão em imensos infernos astrais autodestrutivos.
Apresento-lhes então a nossa fabulosa natureza dualista:
Entretanto, existe em nós um grande potencial, assim como a semente é a arvore e assim como o presente é o futuro, que devemos relacionar às nossas virtudes. Pois sem considerar cautelosamente esta “característica”, somos apenas mais uma raça de animais, com mais uma defesa biológica, que pretensiosamente chamamos de “consciência racional”, e a julgamos como fator de superioridade quando nos comparamos a outros seres vivos.
Potencial primo, que eleva Taj Mahal e Pietá, sinfonias e orquestras, prosas e sonetos.
Trago ainda, então, para figurar, versos de Olavo:
“Vives ansiando em maldições e preces
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano”
Uma lei inexorável dos princípios universais.
Convido-te, leitor, à reflexão.
Josua,
ResponderExcluir"uma defesa biológica, que pretensiosamente chamamos de “consciência racional”
Certa vez eu disse que a cultura poderia ser a simbolização dos instintos. Classificaram-me de determinista, assim como me classificam de muitas coisas. Pergunto: e se acreditamos que a razão é algo desconectado do instinto, não seria uma forma de determinismo, visto que cegamente eu acreditaria que o homem veio dela com tanta certeza? Se concebemos a razão como algo capaz de nos proporcionar um olhar sensato e consciente para as coisas, por que precisamos de leis? Sim, se não tivessemos a lei, nossa "razão" faria com que nos destruíssemos em curto espaço de tempo. A agressividade, por mais que muitas vezes seja justificavel por uma causa (razão), ela é antes de mais nada, instinto de sobreviência, é natureza. Somos bichos. Não somos ruins. Somos ruins para a concepção cultural que nós bichos-humanos criamos como forma de tentarmos viver na melhor harmonia possivel. Contudo podem surgir leis e mais leis que nossos instintos estão lá borbulhando e constantemente entrando em erupção tal qual um vulcão. Isso é condenável? Para a razão sim, mas não somos só razão! Isso é normal! Naturalmente faz parte de um ciclo de sobrevivência entre nós, esses lindinhos animais que sonhamos em espécie.
um bom texto
abraços meu menino
Só uma coisa, Vina: esse é o texto de Israel.
ResponderExcluirIsrael,
ResponderExcluirKKKKKKKKK Foi mal meu caro. Respondi ao seu comentário como Josua. É a força do hábito das quarta-feiras. Desculpe, mas enfim, não deixou de ser um excelente texto que abordou muito bem sobre " esses lindinhos animais que sonham espécie".
Bem vindo ao torto.
Abraços
E um excelente comentário também!
ResponderExcluirVina,
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário e concordo com muito do que foi dito!
Gostaria apenas de observar uma reflexão sobre um período da sua fala:
"e se acreditamos que a razão é algo desconectado do instinto, não seria uma forma de determinismo, visto que cegamente eu acreditaria que o homem veio dela com tanta certeza?"
Acredito que não há como haver uma forma de determinismo pois, numa abordagem psicológica analítica, tanto os instintos (que se fazem mais aflorados na sombra) quanto a razão (que se faz mais aflorada na persona) fazem parte de uma coisa só: a psique. São intimamente conectados pois estão num constante intercâmbio de informações. Ou seja, não há como concluir que o homem é só razão ou sou só instinto, visto que a premissa não se sustenta.
Ps: desculpas aceitas pela troca do nome!! kkkkk
Interessante, Israel! Acrescento ainda: se não há uma linha cognitiva, ao menos teórica, que sustente a divisão da psique entre instinto e razão, devo acreditar que pouco haveria, também, uma linha que sugerisse maior ou menor importância entre ambos, ou que predissesse qual estaria imbuído de maior carga valorativa. Sendo assim, o conhecimento, a moral, a técnica, as crenças, isto é, todos os malabarismos culturais utilizados pelo homem (lembrando que destes derivou sua hegemonia entre os animais), poderia ser posto muro abaixo, não havendo diferença entre ser e estar.
ResponderExcluirPode-se conceber, por fim, e não deterministicamente, que em qualquer ponto da evolução humana a subjetividade ganhou força e separou-o cada vez mais do seu ímpeto primitivo, ainda que não o eliminando por completo, mas ressimbolizando-o.
Sensacional Lou! Antropológico!
ResponderExcluirmuito bom texto Irael! seja bem vindo ao torto! um abraco
ResponderExcluirMaira