quarta-feira, 17 de março de 2010

Sinapses líquidas ou Das noites líquidas de um obsessivo

Em mais uma das horas frívolas em que o sono era tudo que lhe faltava, portanto tudo que perseguia, deitou-se…

Roubou o fogo dos deuses, congelou em breu o mundo, e então, nas entrelinhas destes corridos minutos, conseguiu fantasiar um instante reflexivamente pacífico…

Mas os átomos todos em seus matizes vinham em sua direção, ganhando por cenário as paredes escuras que o fechar de seus olhos levantara, e aquilo era tudo de estonteante; surgiam tomates às suas ideias, zuniam as almas aos seus ouvidos, que agora eram tais qual liquidificador…
Toda matéria até então condensada de seus medos, de sua esperança, de sua forjada vitória, de sua certeira derrota explodia em !big bang! espalhando em vento infinito a poeira infinita que se faria matéria-prima de seus novos pesares…

“- Comigo dançarás?
- Não
- Mas, por que não?
- És o último da fila… Sai, tu não estás, não! Sai, tu não estás, não! És o Virgílio daqui! És o corcunda Virgílio daqui! Conta teu mito em outro lugar, ó, Virgílio daqui!
- Restam-me as penas, mas não só as com que escrevo… Restam me não só as penas, mas fúria, amor e medo. Restam-me penas e nunca brinquedos...”

Acordou.

Percebeu nem em sono livrar-se de si e de outrem. Pois, a matéria líquida dos sonhos alimentava a usina hidrelétrica de suas viagens psíquicas em arroubo mais que extático.

- O mundo é tão pleno de ideias que não mais respeita sequer ambientes oníricos.

2 comentários:

  1. A velha luta entra o querer se libertar e a volta à prisão. A superação e a volta às limitações. Andar com as cabeças nas nuvens, mas sempre com os pés no chão.

    A velha necessidade de se entortar, quebrando assim, a coerencia das "verdades" impostas para atingirmos o Ideal, e a velha volta à realidade crua das palavras. Viva ao Rei Bosta.

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  2. Desculpe escrever por aqui. Emende a leitura da Fundamentação com a crítica da razão prática. Será bem interessante. Pegará logo as teses de Kant. Por experiência: o direito ainda não fugiu de Kant, nomes de peso estão imbuídos do Kantismo. Portanto, continue com afinco essas leituras de Kant, poderá ser uma ferramenta para entender e criticar as teorias do direito com maior facildade! Naquele meu texto, somente fiz umas arrumações de idéias, localizei Kant entre os filosófos, e por ter kant como aurauto, será fácil criticar Kelsen posteriormente. Embora já vi interpretações que o comparam a Wittgenstein e a escola de Viena. Desculpe também as vacilações na hora da explicação, confesso que fui pego de surpresa. Mas se quiser marcar algum dia para debatermos esses assunto será um prazer pra mim. Valeu!

    Nem todos tem essa coragem de enfrentar Kant.
    parabéns!

    Anderson Eduardo

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