terça-feira, 23 de março de 2010

Corpo cansado.

Obs.: Queria justificar alguma coerência neste texto para o torto, mas creio que ele por se só com seus labirintos valorativos dão essa tônica torta. Falo brevemente, mas pretendo que esses versos reverberem.

Canto, sobretudo porque sofro
Sofro certamente porque vivo
Algo haver com alguma coisa casta ou carente
Certamente clamando perdão.

Dos dias que não são para lembrar
Sobra sempre essa maresia
Que lembra uma canção
Que chocam sons sem saber
O vento a pedra o mar...

E no final todos ficam assim
A bala culpando o revolver
O revolver culpando a mão
A mão culpando a cabeça
E por fim o tiro culpando o peito.

Quer saber o que está vendo na realidade?
Pergunte para um cachorro a razão do seu cansaço.

7 comentários:

  1. Sensacional! Um arroubo estético que me fez lembrar esta passagem do grande Wisnik:

    "Também sei a dor de que te poupas
    Eu sei, o mundo é cruel!
    Mas, eu te pergunto com que roupas
    Vais contracenar o teu papel?"

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  2. Oh! Obrigado Josué ! É isso mesmo, roupas e sentidos coadunam com a dor e com a inexplicável natureza das coisas (como a necessidade da verdade e a supressão dela por sigo mesmo a todo instante, como um fluxo dualistico). Mas deixo a cabo dos leitores decifrar o resto pq assim não tem graça...

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  3. muito bom o seu poema, no entanto, eu gostaria de acrescentar algo a mais sobre seu comentário ao comentário de Josua: a afirmação negada pela própria verdade e a sua negação afirmada por ela mesmo, vai muito mais além de um fluxo dualística. Eua credito que o emaranhado das porroiveis probabilidades para a verdade é um fluxo trans, inter, pois o du ainda se aceita a dança do maniqueismo, e eu acho que essa dança transborda os limites do salão

    bjs

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  4. "transborda os limites do salão"

    Que fodaa!! hehehe
    Vlw Vina

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  5. Eu reconheço o peso da realidade sobre os que a vivem e dela não podem fugir, é fato, é real, mesmo sem termos um olhar claro para a mesma. Contudo discordo plenamente da visão perssimista e também da visão otimista. Acredito que devemos ser realistas, e em vez de vivermos choramingando como adolecentes recalcados, viver a vida naquilo que ela tem de bom para nos oferecer, ou será que vamos negar isso? Fazê-lo seria uma profunda imperícia mental.

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  6. Creio que não seria essa minha intenção no texto. Mas respondendo o q vc fala: quando falo da dor da vida não falo necessariamente q ele é dor. Embora, muitas vezes com a dor chegamos ao êxtase e vice-versa. Seria idiotice negar a felicidades q o mundo nos dá... Acho q o foco do texto não é o pessimismo não, mas a tua interpretação é real no momento que vc projeta sentidos ao texto, quem seria eu...

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  7. gosto da prosa sobre o cansaço.
    um tanto mais leve pela doçura que todo poema possui. até os mais densos.
    um apanhado de vivências gera cansaço, cansaço gera reflexão, e reflexão, sem dúvida gera conhecimento.

    muito bom.

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