quarta-feira, 3 de março de 2010

Acerca do Projeto Ficha Limpa

*Quero propor um debate aqui*

Vi, recentemente, uma discussão entre os deputados José Genoino (PT/SP) e Chico Alencar (PSOL/RJ) no programa “Brasil em Debate”, transmitido pela TV Câmara, a respeito do projeto de lei que “altera a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, que estabelece, de acordo com o art. 14, § 9º da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato”. Trata-se do projeto “Ficha Limpa”, que cuidará de aumentar o tempo de inelegibilidade de alguns futuros candidatos.

Entre as idas e vindas do debate, José Genoino, em que pese todo o seu recente histórico de que temos conhecimento, soltou uma frase no mínimo intrigante. Algo como: “não estaríamos subestimando a capacidade de discernimento dos votantes?”. É, pois, neste sentido que eu gostaria de conduzir, uma vez que escrevo para o site do Torto, esta reflexão.

Lembrei-me da volta de Collor como senador. Apesar das intenções que patrocinaram seu impedimento, a famigerada Globo não já bateu na tecla do seu envolvimento com a corrupção? Independetemente da intenção subliminar, não foi a tão criticada, por ser “aparelho ideológico”, revista Veja que publicou a denúncia de Pedro Collor? Aliás, lembro-me muito bem de que num passado próximo a imprensa insistiu na divulgação da lista dos inelegíveis.

Eu não estou defendendo os “aparelhos ideológicos”, só para ratificar, eu estou apenas propondo a reflexão: será que os cidadãos trouxeram Collor, por exemplo, de volta ao poder porque não tinham acesso à informação de que ele teria se envolvido com corrupção?
Para correr ainda menos o risco da leviandade, lembro-me de que até mesmo William Bonner anunciou em tom de crítica a volta de corruptos ao poder.
Faço novamente a pergunta: até que ponto não nos queremos colonizados?

Recolheram 1,3 milhão de assinaturas dos cidadãos. Se eles são tão críticos a este ponto, qual o sentido, portanto, do projeto? Não se chega ao poder através do voto?

5 comentários:

  1. Meu caro Josué, no Brasil se sistema quiser um jegue no poder o povo vota. Inclusive os diplomados, não todos é claro.

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  2. Pois é meu caro Josué eu é que não vou responder, esse paradoxo enorme, mas posso apontar uma questã. Será que em nosso país o debate político inserido no cotidiano das pessoas seja quase zero? O que importa então uma noticia aqui e ali se as pessoas não conseguem fazer uma leitura do que estão vendo? A informação irá perdurar, então, no consciente das pessoas por algumas horas e tchau! Não sei se meu discurso está sendo raso, mas é isso que posso apontar para um problema complexo como esse. Parabéns

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  3. Veja bem Josua, primeiramente eu posso dizer que essa problemática trazida em seu texto, é extremamente polêmica.
    Apesar de concordar com a sua pessoa ao se questionar se de fato os cidadãos não tiveram acesso a informação, eu posso dizer o seguinte: apropriando-me da perspectiva interessantíssima trazida pelo astronauta torto Reuel, será que ter informação, seja de fato ter uma leitura crítica dessa informação?
    Acredito que o problema do brasileiro, não passe simplesmente através do olhar que fazemos do povo como uma categoria rasa e impossibilitada de fazer escolhas como me pareceu a visão de Roosevelt, porém, acho que esse problema é muito mais complexo.
    Primeiro: as informações dos grandes aparelhos ideológicos, como você bem denominou, são informações rasas, e não informações criticamente construtivas e formativas. Informa-se muita coisa, mas não se leva a fundo nenhuma dessas informações.
    Segundo: esse segundo momento é levado pelo primeiro. Ou seja: o brasileiro, por ter sido historicamente educado a base de um Estado político que não fez parte das suas espontâneas necessidades, mas sim, imposto por interesses econômicos dos países colonizadores, não tem o hábito de dialogar com o Estado, e portanto, esse Estado é divorciado da sociedade. Por ser um abismo dos interesses reais da sociedade, essa sociedade não entende a política, e sequer tem o interesse em registrar as conjunturas vivdas por essa política, e por isso mesmo, não tem uma memória social viva sobre as decisões tomadas por seus representantes ao longo da história. Junte-se isso ao teor superficial das informações jogadas por esses meios de comunicação ideológicos, e verá que, se por um lado o povo não é uma tábua rasa, por outro, o povo não tem essa relação tão consciente com o seu sistema político.
    Enfim, realmente eu posso dizer que não podemos subestimar assim o povo, mas por outro lado, a forma como esse povo apreende essa informação, e a relação que ele tem com a sua politica, nos faz pensar com mais carinho sobre essa questão que você veio travar em seu texto

    Bjs TorTOs

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  4. Luciana Dinelli do 3º A ano do Colégio de Aplicação7 de março de 2010 às 13:34

    Eu li o texto e não concordei com a frase do deputado José Genuíno. Na minha concepção, o povo (a maioria) não tem discernimento, e a compra de votos ainda é uma realidade. Se a lei for aprovada, ótimo, senão, "cada povo tem o político que merece."

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  5. Mateus Oliveira 2ºB do CODAP9 de março de 2010 às 10:28

    Na verdade esse assunto não é de se espantar muito, pois como já sabemos, a corrupção já tomou conta das pessoas(principalmente dos políticos). É natural ouvir esse tipo de comentário dos políticos, já que estes não se importam com a opnião pública e sim se o público vai ou não votar neles.
    As pessoas votam porque tem quem fale: "Se você votar em mim, vai ganhar uma casa nova..." Os cidadãos sabem que os políticos são corruptos, mas se deixam enganar por falsas promessas. Esse é o problema...

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