segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Revisando o torto

Como ficou decidido que segunda-feira é o dia da publicação dos meus textos no site, e já que essa segunda é a primeira segunda-feira do mês, eu resolvi fazer um balanço sobre as concepções do torto que foram expostas por mim ao longo do mês anterior.

Antes de eu partir para a discussão de alguns pontos sobre o Movimento, eu gostaria de novamente relembrar aos leitores que a forma como o torto é concebido pelos textos dos outros tortos, encontra-se diretamente ligada à forma como esses tortos concebem o que para eles é o torto. Não há necessidade de impormos um ponto de vista. No Movimento, o torto para pertencer a esse Movimento, não busca de seus membros um consenso sobre suas formas de pensar. Cada um possui seus próprios argumentos, sentem-se livres em refutar as opiniões dos outros tortos, e nem por isso deixam de se relacionar entre si.

Essa liberdade de cada um manifestar a sua argumentação sobre o torto, deve-se ao fato do torto não acreditar em uma Verdade plena das coisas. No entanto, apesar do torto saber que suas opiniões subjetivas possuem um papel de grande importância sobre suas ações, ele acredita que inevitavelmente, ele possui opiniões do que ele acha certo e do que ele concebe como errado.

Se por um lado, o torto acredita que ninguém possui a Verdade absoluta da realidade, por acreditar que ninguém é perfeito, uma vez que para ele, os indivíduos, assim como ele, são humanos, e que por isso, não estão livres dos seus erros e das imprevisibilidades de seus atos; por outro lado, o torto, mesmo nunca vendo a verdade como eterna, ele tem consciência de que possui suas verdades. A diferença é que o torto admite que essas verdades logo são re-questionadas por outras verdades. Enfim, ele acredita que suas verdades se modificam a todo instante.

Porém, por admitir que é humano, o torto, mesmo buscando lidar da melhor forma possível com a realidade, também é dotado de falhas, e que por isso mesmo, não está livre em vacilar com o outro. Mesmo acreditando na importância de se transitar entre as leis e as subjetividades, ele não nega a possibilidade dele mesmo contradizer suas opiniões. Mesmo admitindo a importância da lei, o torto é falho e muitas vezes responsável por fazer perpetuar determinadas condutas que ele mesmo condena, agindo muitas vezes da forma que ele mesmo acredita como antiética.

No entanto, é bom lembrar que o torto se encontra muitas vezes predisposto a revisar seus atos, assim como seus argumentos. Uso a expressão "muitas vezes" porque o torto, por também ser produto do meio, inevitavelmente possui classificações e preconceitos, e, portanto, sente dificuldades em sempre romper com determinadas crenças e padrões que ele incorporou ao longo de sua convivência com o social, mesmo admitindo a importância de requestionar os padrões que lhe são impostos.

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