quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Reforçando o Torto

O movimento torto é formado por quatro pessoas (por enquanto) que não invalidam nada além do desrespeito ao espaço alheio.

Vimos (vamos ser redundantes para ver se fixa por osmose) miseráveis, guerrilheiros, militantes, comunistas, cristos e cia ltda chegarem ao poder e o mundo continuar a mesma porcaria sem democracia de fato. Isto impossibilita definitivamente uma mudança no mundo? Não. Aliás, como bem reforço em meu manifesto que pode ser lido nos textos de dezembro, que as nossas palavras podem virar lixo daqui a um segundo, e que a sociedade pode muito bem se reaparelhar neste espaço de tempo. O que queremos afirmar é que, em posse do exemplo supracitado (poderia dar milhares fora da esfera política) não acreditamos mais em uma posição plena perante esta "realidade" humana que por si só, morando sob tutela de um significante, já mostra uma cara de convenção quase sem querer.

Nossa posição muito provavelmente incomode a muitos. É difícil aceitar esta navalhada tratada a álcool que tem sido a história humana.
Você pode até ser militante ou conservador e ser torto, desde que não assuma a famosa postura proselitista e não pense que porque o outro não se posiciona perante esta grande convenção que é o mundo da mesma forma que você é necessariamente destituído de senso crítico.

Aliás, alguns gostam de dizer que só a história mostrará os resultados. Concordo plenamente. Por isso digo que o futuro é um não-verso poético. E todos estão submetidos a suas surpresas, portanto, que tal respeitar todas as concepções, desde que elas se respeitem entre si?

O ser humano tem a irritante mania de querer que o outro se adeque a suas concepções. Daí, você vê Marcelo Déda, ex-militante fervoroso, mandando, agora como governador do estado de Sergipe, os policiais tirarem à força os militantes que invadiam uma palestra do ministro da educação e se pergunta: ainda querem que eu levante a bandeira de uma ideologia? O movimento torto não condena este levante, mas pede apenas espaço sem condenação aos que não levantam.

Vimos, nos debates referentes ao movimento no orkut, pessoas criando justificativas e se embriagando delas, sem se darem conta, pobres coitadas, de que os parâmetros da justificativa são subjetivos. Podem espernear, mas quem se posicionar como detentor do parâmetro não encontrará aderência da parte de um torto. Isso porque o torto, para seus parâmetros declaradamente subjetivos, está justificado em sua desconfiança.

Por isso o "amo a tudo, mas não me apego a nada". Porque, na nossa concepção, que não pretendemos impor a ninguém, a história humana tem mostrado que seu amor pode exemplarmente virar ódio em dois segundos. Bombas atômicas já estouraram, genocídios sempre existiram, os detentores do cristianismo, doutrina do amor puro, são grandes vilões da intolerância.

Não temos medo de soarmos infantis, porque estamos convictos de que procede a alusão que já fizeram. Fechamos os olhos, quando abrimos o mundo realmente é o mesmo. O mundo cheio de ideologias intolerantes, movimentos fervorosos e etc continua o mesmo. Então, por que não se pode transitar em concepções sem se prender a nenhuma?
Viram como o movimento torto não é tão niilista quanto parece? Ele tem, dentro de seus parâmetros é claro, suas justificativas.

Paz e amor (ops, quase vacilo, já iriam enquadrar o movimento em uma ideologia passada)
Felicidade e tolerância! (assim fica melhor)

3 comentários:

  1. Perfeito Josué!
    Infelizmente, muitas pessoas com suas tendências classificatórias, tendem a encarar o torto como alguém que se nega a ter reponsabilidades com o mundo. Como você bem observou, não é por que não acreditamos em uma Verdade plena, que necessariamente achamos que a sociedade não possa se reestruturar, nem que não possa ser de nosso dever enquanto agentes atuantes e construtores da cultura, requestionarmos aquilo que para nós não esteja sendo satisfatório aos nossos olhos. Outra observação bastante pertinente que eu encontrei em seu texto, foi a de que o torto evita ao máximo invadir o espaço alheio.
    Porém, tenho um ponto a reforçar: mesmo que o torto acredite que o respeito ao cantinho do outro seja a forma mais sensata de conviver com a sociedade, não significa dizer que o torto também não vacile em suas posturas ao pensar o lugar do outro. Como tenho dito, o torto é humano, e por ser humano, possui suas limitações e seus valores. E é por ter tudo isso que o torto, inevitavelmente também possui preconceitos, e que por isso mesmo, não está livre em errar ao lidar com os valores alheios.
    E outra coisa: quem disse que o torto flutua sem rumo e sem sentido? Com relação a esse ponto, você foi formidável ao mostrar que quem se posicionar como detentor do parâmetro, não encontrará aderência da parte de um torto, porém, ao mesmo tempo você observa que o torto possui seus parâmetros, mas parâmetros que possuem seus pontos de vista, mas que, por saber que as verdades são sempre reformuladas, esses parâmetros não assumem uma natureza rigida, impositiva. Enfim, como você mesmo disse: "o torto, para seus parâmetros declaradamente subjetivos, está justificado em sua desconfiança", afinal, amar a tudo, mas não se apegar a nada, não deixa de ser uma forma de parâmetro.

    ResponderExcluir
  2. Após lê o seu texto,concordo em parte quando no seu último parágrafo deixa subjetivamente a sua filosofia "amar a tudo e não se apegar a nada"Porém ao meu ver é muito dificil acontecer isto desde quando somos humanos e temos emoções... realmente seria ótimo, se isso podesse acontecer. Está concepçao é bastante prática, contudo muito difícil de vivencia-la. Em fim, avaliando o Mov. Torto: é um movimento filosofico cheio de idéias de liberdade comtudo com suas limitações. E sobre otexto o autor deixou transparecer as suas angútias quanto a realidade e o medo de amar.

    ResponderExcluir
  3. "amar a tudo e não se apegar a nada"Porém ao meu ver é muito dificil acontecer isto desde quando somos humanos e temos emoções... realmente seria ótimo, se isso podesse acontecer. Está concepçao é bastante prática, contudo muito difícil de vivencia-la".

    Concordo com você anônimo

    ResponderExcluir