quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma Provocação

Recenetemente, numa aula de Antropologia I, um nobre colega  fez uma interferência enquanto o professor explicava o uso atual do termo transculturação ao invés de aculturação, uma vez que aculturação sempre implicará a afirmação hegemônica de uma cultura. Tal interferência deu-se da seguinte maneira: o  colega falou que não caberia à antropologia inventar novos termos, uma vez que sempre haverá uma cultura hegemônica.

Tomei a liberdade de dar a contrapartida afirmando que não deveríamos nos ater ao ser das coisas, que a crítica deve existir e que as palavras, bem como todos os símbolos, podem ter força normativa. Portanto no caso de se substituir um termo que, embora igualmente carregado de ideologia, pense a não-naturalização de um proselitismo, da não-estigmatização de uma cultura a fim de subordiná-la, é extremamente válida, uma vez que se trata de um dever-ser, de uma prescrição.

Ora, amigos, isto me lembra da discussão acerca da concepções constitucionais. Entre estas, destaco aqui  a concepção sociológica de Lassalle, que advogava ser a Constituição mera condicionada pela cultura. Se a Constituição escrita não fosse espelho do ser de uma sociedade -  o que, para Lassalle, seria a Constituição real -, seria relegada a “mera folha da papel”. Em contrapartida, o alemão Konrad Hesse reconhecia na Constituição também uma força normativa, ou seja, ela também seria condicionante, uma vez que prescreve um dever-ser, aponta para um rumo, quer ele já esteja sendo seguido, quer não o esteja.

Não precisaria nem ir tão longe para provar o que Hesse afirma. Ora, eu vivi a construção da obrigação  de se usar cinto de segurança no Brasil, e isto que agora é costume teve seu ponto inicial numa lei ordinária. Hoje, não usar o cinto de segurança é, na visão de muitos, não só uma infração, mas algo moralmente reprovável. Outro exemplo disto seria o estacionamento em vaga destinada a deficientes etc. Obviamente que esta leis trouxeram consigo discussões oficiais e não-oficiais por parte do próprio governo, da mídia e foi posto, certamente, até mesmo nas mesas de bar, mas isto não extingue o fato de que primeiro elas tenham tido de ser postas.
A assertiva do nobre colega trazida no início do texto de que “que não caberia à antropologia inventar novos termos, uma vez que sempre haverá uma cultura hegemônica” se esbarra nisto tudo. Ora, vamos a mais um simples exemplo, a lei brasileira que sanciona o racismo ainda não o fez extinto, é fato. Mas daí dizer que ele nunca o será? Será que na época em que o país vivia a coisificação do negro, que desde seu transporte nos navios negreiros era submetido à ingestão de, dentre outras coisas, ratos in natura, e que estava exposto à arbitrariedade penal dos senhores e congêneres havia a cogitação da possibilidade de uma lei que reputasse o racismo a crime inafiançável?

Voltando à problematização inicial do texto, portanto, temos, através da remodelagem de certos termos antropológicos, uma tentativa de prescrição de um dever-ser, afinal, este pode ser perfeitamente atingível, tendo em vista os exemplos supracitados.

Tendo em vista o assunto dar ainda muito pano pra a manga, vamos ao debate.

7 comentários:

  1. eu axoo assim dentro do estado a politica predomina sobre a cultura . a cultura vai ser a construçao da politica e economia dentre daquele estado . observaçao o brasil e umrojeto de estado , o juridico brasileiro e so uma dissimulaçao diferente dos eua no qual as penas de estado e aplicada .claro sou contra o estado .
    dps complemento + quero colocar mençao sobre strauss.
    mas quando tiver relaxado e sem nada o que fazer .
    alan

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  2. Josua,

    Sequer eu chego a cogitar que o termo transculturação é apenas um dever ser. Ele é! Acontece que paralelo a ele existe também a cultura hegemônica. Compactuo com o seu colega quando ele diz que sempre haverá uma cultura hegemônica, no entanto, eu tambem acho que processos sociais associativos como a asimilação de uma cultura com outra também ocorre e mais: em um contexto global como o nosso, apesar de haver a hegemonia de uma cultura diante das outras, não há como negar que as culturas extrapolaram suas delimitações territoriais para se hibridarem, formando uma especie de rede de infindáveis elementos culturais envolvidos em uma complexa miscelânea de tendências, portanto, existe uma trans-culturação, e por isso mesmo, não acredito que possa ser um dever-ser, é!

    muito bem construido seu texto

    abraços

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  3. olha n tenho pouco interesse no torto orisso escrevo de forma bemdespreocupada semfalar comcuidado ou falar coisas que sao inteligentes ou n .pr pra mim o torto nao tem quase vaor nenhum etbm as essoas neles grandes bosta sao alem dorepseito pessoal tenho as 2essoas como vina e sameul . na maioria das vezes otorto coloca seus assutos de forma bastnte imediata, niguem se preocupa se o mundo globalizado vai acabar em breve ou n. veio o mundo vai mudar profundamente daqui 2 ou 4 anos em especial as potencias mundiais que tem otimos indices sociais em especial europa.
    bla bla intelectual n e tao importante
    alan
    hahaah ainda colequei um nonsense

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  4. http://www.youtube.com/watch?v=wg5SU_bDNsA
    alan

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  5. Alan,

    Gostaria de avisar que se nós do torto expomos o e-mail para os leitores publicarem seus textos, é por que nós estamos interessados em seu olhar para o futuro. Se não houve ninguem disposto a falar sobre a bola de cristal do amanhã, você tem que aproveitar e publicar um texto mostrando essa faceta não-imediatista, isto é, diferente da que você encontra no torto. Agradeço muito pelos seus comentários, são de grande contribuição, mas peço para que você escreva um texto acerca do futuro do futuro. Quanto mais textos,mais ideias para enriquecer o site. É disso que o torto precisa e quer.

    abraços

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  6. vlw . vou ver se escrevo .mas tem algum problema se ele for votado a esfera economica .
    alan

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  7. se estivesse 1 momento de paz e ocio faria 1 texto de participaçao no torto e 1 idea organizada. se bem que agora estou em paz e ocio. mas n tanto por causa dos estudos. tempinho de chuva agradavel esse
    alan

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