CABOCLA DO RIO
Havia uma estrada na roça.
A roça sempre esteve lá, mas eu não.
A estrada que vi na roça, era uma estrada de roça.
Deve levar a algum lugar.
À mandioca, ao milho, ao feijão.
E a verdura beija o chão, e no inverno saudamos a São João.
O apóstolo Pedro não se vexa, pois logo sua missa é rezada.
Povo na praça, crianças em roupas de gala, tem até primeira
comunhão!
Havia uma morena na roça.
A estrada a encantou.
E a morena me cegou.
Foi como fitar a lâmina do Sol zangado.
Apaixonei-me, fui um coração atordoado.
A cabocla era da beira do rio.
Tinha cheiro de mato.
Seu hálito era de jardim bem cuidado.
Sua silhueta juvenil me dava febre, e de olhá-la calafrio.
Tomei a estrada da roça.
Passei por muitos pastos.
E não sei por que não me lembro mais o caminho de volta.
A cabocla virou sereia e me levou para o fundo rio...
Roosevelt,
ResponderExcluirEntendi o seu texto da seguinte maneira: ao longo de nossa vida, nós transitamos por vários caminhos, encantamo-nos com as coisas, as coisas nos aparecem, depois vão embora, e nós nem sequer sabeos de onde começou a nossa estrada, como também não sabemos em que momento surgiu o nosso encanto. É meio que estaros andando por ai e vivermos o tempo das coisas e uma descrição tão minuciosa mas ao mesmo tempo tão vulnerável e rápida assim como um feixe de luz. Até mesmo o caminho pelo qual sempre andamos e sempre vemos as mesmas coisas, não passa de fanntasias que fazemos acerca dessas coisas. O concreto termina por sumir ao vento abstrato da imaginação, assim como o abstrato o longe, o perto, o encanto, a dor... e a sereia com a sua beleza, nos leva à desgraça do fundo. A beleza e a fealdade nos amam com a mesma intensidade e com a mesma sinceridade inesperada de ser.