segunda-feira, 4 de abril de 2011

A sombra do Cinema Novo

As primeiras hist'orias contadas no cinema eram relativas a super centralizacao cultural e o imperialismo. Nao era de se estranhar, pois estava em vigor nessa epoca da Historia grandes "civilizacoes" colonizarem os paises ditos mais fracos. E e claro, que no meio proto- midiatico nao iria ser diferente: mocinho euro-americano sendo o heroi armado indo ao combate dos indios inapropriados para a terra. Esse enredo vigorou por muito tempo, e se pensarmos no classico do cinema mudo ,"O nascimento de uma nacao", do americano Griffith, vemos claramente a relacao estabelecida pelo imperialismo do inicio do seculo XX.


As decadas foram se passando e as vanguardas foram ficando de saco cheio das narrativas nada inovadoras que so engessavam o pensamento do publico. Para os paises do Primeiro Mundo, os cineastas nao tinham nada a reclamar, pois o poder ideologico estava nas maos deles. Enquanto que nos paises do Terceiro Mundo, os diretores acreditavam que se podia pensar no cinema diferente, mais politico e autonomo. Caso muito discutido no Brasil, nos anos 60, no cinema Novo de Glauber Rocha.


Nao que essa ideia foi criada essencialmente pelos cinema-novistas brasileiros, mas ela ja vinha sido pensada e repensada em outros paises como na Franca, pelo Godard e Truffaut, na Alemanha, pelo Fassbinder e Herzog, Argentina, pelo Fernando Solanas. Todos eles almejavam uma estetica e etica diferente da linha ideologica holywoodiana. E quanto aos paises terceiro-mundistas, havia mais um adicional: a questao da auto afirmacao nacional do paises. Pensar no cinema enquanto meio de producao de politica nacional. No Brasil, houve uma relacao estreita entre o cinema e o Estado em que Getulio Vargas, 1930, criou uma lesgislacao, que so tomou impulso nos anos 60, para conter a legislacao internacional de Mercado.


Aproveitando os incetivos do governo, o Cinema Novo aproveitou para propagar as suas ideias e intencoes. Encontramos o regionalismo barroco do Glauber em "Deus e o diabo na terra do sol" e "Terra em transe" e o nacionalismo urbano de Nelson Pereira do Santos em "Boca do Lixo". Mas o reinado nao durou muito para eles, pois apesar de terem em comum a proposta de um cinema autentico, divergiam quanto a questao nacionalista do Cinema Novo. Assim, surgia o cinema Marginal brasileiras. Ambos pregavam o o baixo custo da producao, mas a marginalidade do cinema Marginal ultrapassava qualquer intencao politica de nacionalidade do pais. Abusavam na critica do nacionalismo, colocando personagens pouco intelectuais e pertecentes da escoria urbana: a prostituta, o bandido- heroi, a mocinha mal carater e por ai vai, muito bem representado pelo "Bandido da luz Vermelha" do Rogerio Sganzerla.


Como todo partido, a fragilidade e contradicoes de ideias sempre aparecem. E nao foi diferente no cinema Novo. Mas no entanto, os conflitos ideologicos fizeram o cinema como arena de ideias que sao colocadas e requestionadas a todo instante. O que na contemporaneidade, claro que nao aconteceu por completo, mas o publico e os cineastas tenham se preocupado muito em atingir um modelo americanizado enfeitado pelos efeitos especiais. Concordo que tenhamos que estar pulsando nas veias do mercado, pois antes de ser arte, o cinema e uma industria apoiada pelo tripe da producao, distribuicao e exibicao. Mas que por isso, as ideias inovadoras, e as vezes politicas, poderiam ser concorridas na sala multiplex e nao apenas os "E se eu fosse voce"s. Acredito nas palavras de Silvio Tendler, em uma entrevista na Tv Brasil sobre o seu filme mais recente "Utopia e Barbarie", quando diz que nem os cineastas estao mais dispostos para produzir o cinema politico, como a maioria dos espectadores nao estao dispostos a verem nada mais que se distancie do produto internacional introduzidos pelos efeitos especiais.


Parece que a lei do mercado e mais forte e muito dos sentidos. Forte, que perpetua, depois de algumas idas e vindas das propostas vanguardistas, a ideia proposta anteriormente no cinema mudo.



* meus caros,


desculpas pelas falhas de pontuacao. meu teclado ainda nao tem disponivel a configuracao em portugues.



um beijo a todos!

2 comentários:

  1. Godard faz filmes para estudantes de comunicação social.

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  2. Mai,

    Adorei o seu texto! Compactuo com você quando observa a necessidade da criatividade em envolver ao mesmo tempo a arte cinematográfica no mercado com tramas que venham a trazer novas abordagens.

    O grande problema que eu vejo no Brasil é que essas novas abordagens muitas vezes não passa de esteriotipo de intelectual auto-classificado de vanguardista. Se houve ua reação contrária ao cinema que estimulava a centralização imperialista no contexto do surgimento do cinema novo, posso dizer que os pobres marginalizados de Glauber no "Deus e o diabo" passam por uma trama tão traduzida de acordo com os interesses acadêmicos que termina sendo uma outra forma de colonização,porém, uma centralização colonialista nacional hehehe.

    Acho que diante de um contexto no qual a cultura urbana prevalece na vida da maioria das pessoas, onde essas pessoas se deparam com a sociedade do consumo, da volatilidade, da impaciência em lidar com as contradições, o entretenimento surte efeito, dai por que os filmes brasileiros hoje em dia estão fazendo grandes sucessos, pois terminam trazendo modelos de tramas extremamente xerocadas dos modelos hegemonicos e comerciais dos grandes oligopólios cinematográficos que povoam todo o mundo.

    Acredito que o que devemos fazer é ajustar o entretenimento com a possibilidade da ludicidade. Podemos muito bem assistir uma trama sem grandes cansaços mentais, sabendo extrair concepções alertas e criticas sobre as coisas.

    Se querem de fato uma arte que provoque tensões e estranhamentos nas pessoas, o que não dá mais é ter que lidar com uma produção dita intelectual cheia de modelos prolixos e distantes de uma prática consciente dos consuidores; assim como também não dá pra se construir uma trama reproduzindo meramente um modelo hegemônico que apesar de ser mais traduzivel pra massa, pode também ser tão recortado do contexto quanto o modelo engajadinho de ser.

    bjs

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