sexta-feira, 29 de abril de 2011

BRECHA

Às vezes é assim a vida segue seu trânsito deslizando por meio de causas, ideologias, crenças e perspectivas. Quanto a mim? Não vejo o todo que vai além. Vejo plantas, vejo bichos, imagens paradas, músicas sofisticadas, uma vida regrada, emotiva, materialista, nem sempre lucrativa. Recheada de tristezas e alegrias, algozes e carrascos que escolhi para que me acompanhem vida afora. Também cultivo amigos, bem poucos. Nem todos são dignos de confiança, nem mesmo eu. Procuro respostas e encontro as minhas verdades em princípios éticos e valores pouco cultivados ao meu redor. Fico distante do fétido das relações que não vivi e das pessoas que não conheço. Essas que sentencio e descarrego todo o meu julgamento. Com muitos réus e nenhum inocente, condeno o mundo por me ter como seu cúmplice. Toda a possibilidade do que é o amor, do que é nobre escorrem pelo ralo. Torna-se um belo cenário da minha apatia, do meu medo e da minha vida. Tudo fica no escuro, todos estão no escuro, demônios existem e deus abandonou o barco. Sobra meu eu esburacado pelos estilhaços causados por essa falta. A lacuna desenhada naquele tronco é a minha brecha que nunca fecha. As folhas nascem e apodrecem, seguem o curso de suas vidas morrendo e renovando. E, eu? Prefiro o tronco petrificado com a brecha, vazio, sem nada, sem vida, úmida. Nada resta a não ser optar pelo sofrimento da árvore.

2 comentários:

  1. Vim aqui para te oferecer um presente
    que recebí e seguindo as regras,
    indico aos merecedores do mesmo.
    Versátile Blogger...
    Aguardo sua visita...
    Um abraço e parabéns pelo conteúdo do blog.

    ResponderExcluir