segunda-feira, 25 de abril de 2011

Jegues ordinários

A construção do espírito cientifico é um processo, porém, existem aqueles que optam em ser dementes e submissos ao senso comum, além de incapazes de exercitar o pensamento, preferindo a velha comodidade do óbvio. Esses miseráveis aprenderam a moral indigna e medíocre da civilização ao ter vergonha de mostrarem as xoxotas ou as picas, mas foram incapazes de se libertar dos espíritos de macacos. São tipos de animais que estudam pra caralho, mas não conseguem criar lógicas por conta própria.

Esses animais tendem a ser os queridinhos do senso comum justamente por serem senso comum, pois não praticam hábitos ditos condenáveis pela sociedade, negam-se a se confrontar com os valores vigentes, fecham os olhos ao aceitar a hierarquia de carne e osso e não reagem aos comentários idiotas dos velhos. São amados pelos grandões que chefiam a realidade expondo para os outros os grandes resultados mentirosos constatados nas estatísticas. São seres comprometidos com a responsabilidade, mas com medo de fugir da ordem. São seres que ajudam a manter os valores morais intactos, não entram em desordem, não provocam tormentas indagadoras, não assumem posturas que contrariam a ordem vigente, não reconhecem nada a um palmo de suas ventas de jegues ordinários, não requestionam verdades feitas. Nada!

Entram nas salas de aula, copiam o que é exposto, voltam pra casa, tomam banho, vêem um pouco da novela e não reconhecem um por cento das criticas que se podem ser feitas ao mundo através dessas novelas, assim como são incapazes de tecer críticas a eles próprios e ao que acabaram de ler, pois a leitura não é exercício emancipatório. Ao contrário, a leitura é dever de casa, e dever é labuta, e labuta é máquina, e máquina é cronômetro, e cronômetro é industria, e industria é tempo, e tempo é dinheiro, e dinheiro pulsando apenas em meio à labuta, à máquina, ao cronômetro e à indústria, significa burrice, uso sem sentido, estética sem ímpeto, sonho sem desejos.

Esses animais leram todas as apostilas e livros indicados pelos professores, porém pergunto: vão à biblioteca com fome de conhecimento pedir empréstimo de qualquer livro para gozarem da leitura em suas casas? Optam pelo menos alguns miseráveis minutos de suas vidas para irem a qualquer sebo de livros? Vão as livrarias? Esquecem do tempo ao pararem em qualquer banca de jornal? Não, afinal, eles estudam, mas não são curiosos, eles cumprem com suas responsabilidades, mas não reconhecem a importância do conhecimento. Não perdem uma aula, mas perdem a possibilidade de dialogar, de confrontar e de se contradizer com as relações que se constroem nas mesas de bares onde os vagabundos alcoolizados e odiados se encontram. Ao debaterem sobre algo que acontece nos ambientes educacionais, só sabem lembrar das exigências expostas pelos professores, isso por que são moribundos andando para tirar xérox de apostilas, são seres voltados para as técnicas e não enxergam nada além do que seja procedimento e mecanicidade.

Eles não são nada. E eu? Sou alguma coisa a mais além do mesmo nada que eles são?



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3 comentários:

  1. Realmente! E como há jegues ordinários em nosso pasto! Embora concorde com sua insinuação final, que todos nós comemos da mesma grama, jegues,mulas e até corujas...

    Compartilho plenamente!

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  2. eu e vc somos burros josue .
    gostei do seu comunismo fecal .
    alan

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  3. Quer saber, Vina? Eu não tô nem aí. Quero é meu diploma e meu dinheiro no bolso. Quem quiser que vá fazer reflexões profundas sobre o nada e o absurdo da fome. Farinha pouca, meu pirão primeiro.

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