O torto, pelo menos em minha concepção, acredita que a vida é marcada por curvas tortas e mudanças, e por isso mesmo, neste texto eu vejo a necessidade de repensar algumas idéias expostas por mim. Essas idéias dizem respeito à relação do torto com a ambigüidade. Já me foram feitas muitas criticas sobre a concepção que faço do torto. Já disseram que minha lógica é a lógica da anulação das minhas próprias afirmações, assim como já chamaram atenção para a postura indecisa do torto. Confesso que muitas dessas criticas me fizeram repensar algumas de minhas opiniões.
Uma observação: a mudança de perspectiva que eu ando sentindo acerca do torto, além de ter sido influenciada pelas críticas, sugestões, refutações e observações dos leitores, é resultado também de minha experiência com a clinica psicanalítica. Na terapia, fui percebendo que muitos de meus discursos estavam carentes de significantes que refletiam questões mais práticas da vida. Notei que palavras como foco, eixo, projetos, principio de realidade, castração, decisão, foram palavras que não repercutiam nas minhas experiências cotidianas.
O que quero dizer com isso? Ora, a escrita é reflexo do pensamento do autor. Se eu, sem me aperceber, negava todas as palavras que me cobravam compromisso com as decisões na vida, é mais que óbvio que eu terminei por refletir isso em meus textos sobre o torto. O meu olhar mostrava uma postura que muitas vezes terminou por de fato anular minhas próprias afirmações, visto que a minha concepção afirmava e se negava. Mas percebi que essa ambigüidade era reflexo de um medo de assumir a decisão e poder pagar caro pelo preço dela.
No entanto, ainda insisto em defender certos pontos de vista. Esses pontos se referem à natureza oscilante da realidade e ao exercício de se avaliar a realidade por vários ângulos. Quando encaro a realidade como oscilante, reconheço a história e as mudanças culturais pelas quais sempre passaram os homens, aprendendo assim, a não me prender em posturas mofadas e inertes por admirar a dinâmica do humano, como acho que valiar a realidade sob vários ângulos também faz com que eu evite posicionamentos simplistas e limitados sobre minhas opiniões.
Portanto, não é por que eu percebo a necessidade de retirar o torto de uma postura ambígua, que eu deixe de admitir que a vida é feita de ambiguidades. Sei que a vida não deixará de ter seus dilemas, e que nem sempre o que é bom é de fato bom, e o que é mal é de fato mal, mas acho que o meu torto deve assumir um lado, mesmo sabendo que esse lado seja momentâneo e que não represente a única verdade do mundo e que o lado que eu assuma não necessariamente venha trazer resultados desejados por mim, até por que sei que essa vida é entortada.
Outra coisa: não é por que eu assuma um lado, que eu necessariamente deva achar que o torto deve assumir apenas um partido. Como eu disse, o que eu acho é que meu torto deve aprender a ter mais facilidade em tomar decisões, mas a partir do momento em que eu enxergo que a realidade é ambígua, reconheço de antemão que não existe verdade absoluta para me apoiar, e é por isso que mesmo que eu tenha tomado uma opção, não deixarei de negociar com o outro lado. Buscarei assumir escolhas, não me manter cego às minhas escolhas.
Para concluir, devo dizer o seguinte: o meu torto já se perdeu demais ao negar assumir suas decisões. Ele tem que aprender a enfrentar os preços de suas decisões e aceitar as perdas para trilhar os caminhos de suas novas conquistas. Agora é a hora dele encontrar seu foco e não se manter disperso em suas posturas. Por outro lado, sei que também é necessário que ele não perca de vista a natureza ambígua da vida para que não cometa os mesmos erros dessa humanidade simplista e intolerante. Enfim, é hora de ser um torto decidido e entortado.
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COLUNA DE VINA TORTO SOBRE MÚSICA E SOCIEDADE
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Tenho achado bastante produtiva esta fase sua de resignificação. Além de extremamente coerente (mesmo que isto pareça um paradoxo) até mesmo com sua proposta inical no Torto, estes seus textos têm servido de reflexão pessoal também para mim. Abração!
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