segunda-feira, 13 de junho de 2011

Perdidos no xadrez

Aracaju não é uma capital preparada para receber turistas. Ela se encontra entre duas capitais de grande peso no mercado turístico como Maceió e Salvador e passa despercebida. Neste texto eu quero falar sobre a precariedade das informações contidas nas placas expostas nas ruas sobre as localidades da cidade, sobre a falta de conhecimento do Aracajuano do nome de seus bairros e ruas e sobre sua dificuldade em direcionar e orientar determinados lugares aos turistas.

Não é exagero o que vou dizer. A Universidade Federal de Sergipe (UFS) fica localizada em São Cristóvão. São Cristóvão é um município de Sergipe. Para qualquer pessoa que more na capital Aracaju, a UFS não fica tão próxima ao Conjunto Augusto Franco. Mas vamos com calma: não é perto em proporção às distâncias dos lugares em Aracaju. De carro, um lugar em Aracaju mais distante do outro fica a 25 minutos, isso para quem estiver aprendendo a dirigir.

Além de pequena, Aracaju com sua forma de um tabuleiro de xadrez, não possui grandes complexidades. Se você estiver dirigindo em uma rua e errar o caminho, basta você entrar na próxima rua. Quando falo dessa simplicidade, eu estou falando de Aracaju apresentada aos turistas. No entanto, mesmo com toda essa simplicidade, nós sabemos que turista é sempre turista e precisa de orientações, mas será que um turista se encontra orientado em Aracaju?

O turista necessita de placas para se orientar, mas se ele quiser ir ao Orlando Dantas e passar pelo viaduto do DIA, ele vai enxergar nas placas apenas Praias e Shoppings. Como ele optará em seguir pelo São Conrado se esse nome nem consta nas placas e nem ele sabe que o Orlando Dantas vem depois de São Conrado? Shoppings? Quais? Um dos shoppings se localiza no Bairro Jardins e outro na Coroa do Meio. Os turistas não têm a obrigação de saber disso.

Sem placas para guiar, os turistas buscam informação dos aracajuanos. Contudo, os nomes oficiais não são iguais às nomeações que os aracajuanos dão as localidades. Isso confunde o turista. Esclarecendo: se um turista em plena avenida Rio de Janeiro pergunta a qualquer aracajuano onde fica a avenida Augusto Franco, é bem provável que ele não saiba responder, pois ele não sabe que a avenida Rio de Janeiro é a própria avenida Augusto Franco.

Além da confusão que fazemos com os nomes oficiais dos lugares, existe um outro grande problema. Mesmo os aracajuanos conhecendo os lugares questionados pelos turistas, eles possuem grandes dificuldades em orientá-los. Acredito que isso se deva a um paradoxo: pelo fato da cidade ser pequena, os nativos não se preocupam em marcar pontos referenciais para se localizarem. No entanto, o turista, por não conhecer o lugar, precisa desses referenciais.

Exemplo: se um turista pergunta a um nativo como se faz para chegar a Avenida Augusto Maynard pela Avenida Barão de Maruim, ele muitas vezes não sabe informar com detalhes as rotas para o turista, dar um lugar como referência para localizar o turista, mostrar quantas esquinas ele passará depois tal lugar, dentre outros detalhes. Em geral, o morador de Aracaju direciona de forma muito resumida como: é só ir direto, é um pouco mais na frente, pra lá, etc.

Talvez se Aracaju fosse maior e tivesse uma complexidade maior de ruas, de curvas, o nativo, por necessidade própria em seu cotidiano, se veria obrigado a demarcar pontos de referências mais precisos para ele próprio, uma vez que ele mesmo sentiria dificuldade de se localizar pelo excesso de imagens. No entanto, como Aracaju é pequenina, ele não se preocupa em demarcar com detalhes determinado lugar, pois tudo se encontra próximo a tudo.

Apesar de acreditar no tamanho da cidade como uma hipótese para justificar o porquê do aracajuano não saber orientar melhor o turista, não acredito que isso seja um ponto que de fato venha a ser o único que traga uma justificativa para esse problema verificado em Aracaju, afinal, existem cidades que são menores que ela e nem por isso deixam de se encontrar preparadas para atender o turista no nível de informação, como também no mercado turístico.

Acredito que essa dificuldade se deva também a falta de conhecimento que o aracajuano tem de seu próprio lugar. Se tem uma coisa clara em Aracaju, é a indiferença e a falta de pertencimento dos nativos com essa capital. Esse não se sentir pertencido talvez provoque um divórcio entre o indivíduo com o seu meio. Apesar de cotidianamente ambos se encontrarem ligados, eles não se reconhecem e terminam por viver um cotidiano distante um do outro.

Com isso, podemos notar que Aracajuinha não se encontra preparada para receber turistas. Pergunto: onde estão os estudantes e os demais profissionais do turismo? Quais são os projetos que andam sendo executados para fazer com que Aracaju seja um espaço aberto ao turismo? Soube que existem cursos de turismo que sequer estudam a história de Aracaju e de Sergipe. Esses cursos existem para servir qual intuito? Qual a contribuição social que eles buscam alcançar?

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