quarta-feira, 8 de junho de 2011

Do que é o riso, Companheiro?

Texto postado fora do horário habitual, por conta de queda de rede local.

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Quase tudo o que esteja disposto no tempo e no espaço pode me fazer rir.

Isto já foi objeto de análises várias: das mais casuais às mais acuradas, inclusive com afinco por parte daquelas teorias que se assumem limitadas, mas que se arvoram a explicar tudo. Nada feito.

Rio porque rio. Às vezes porque o interlocutor tem a intenção de me fazer rir, muitas vezes porque sua fala acaba me remetendo a outra experiência altamente risível, e, muito mais vezes ainda, porque percebo peculiaridades em sua fala que quebram o que espero por lógico.

Esta última causa pode trazer um corolário interessante. Às vezes estou rindo no momento em que alguém fala, dentro de uma roda de amigos, por conta dos trejeitos peculiares do falante. As pessoas que compõem a roda me observam com olhar médico, como se no meu caso só se pudesse tratar de patologia. Engraçado, quando por ventura faço imitação pública da pessoa que falava, aí sim todos tocam a rir. Deve ser porque a natureza me deu um miolo a menos e uma sensibilidade a mais.

Por mais inacreditável que pareça, na maioria das vezes, ao rir não estou ridicularizando o objeto do riso. Convencer as pessoas disto é que se faz tarefa quixotesca. Talvez por isto tenha as procurado cada vez menos. Se estas me procuram, sabem do risco de presenciarem uma profunda e sincera gargalhada. Mas, devo dizer, não condeno a insegurança alheia.

Muito embora deva explicar que se rio, por exemplo, de determinada idiossincrasia, é porque esta pode estar no momento a me provocar dolorido prazer, a exemplo das cócegas, ou a me remeter a agradáveis lembranças, ou a lembrar-me de certa quebra de discurso ou evolução esperada de algum plano da vida real, ou, aí sim entra o ridículo, me faz pensar que se trata de um estado de excitação por algo desnecessário, ou da indeferença a algo que se deva ser exaltado. Enfim, estes elementos muitas vezes estão justapostos, é tudo muito complexo.

Apesar de tudo, consigo ser coerente. Suporto com paz de espírito a reciprocidade do riso. Não que a coerência deva ser lá tão exaltada, afinal, se a razão luta para suprimnir o instinto, talvez a incoerência seja algo bem mais próprio ao ser do húmus. Parênteses à parte, deix’eu rir pra não chorar!

3 comentários:

  1. É engraçado isso de riso. É engraçado isso de dizermos "é engraçado".Os motivos são os mais diversos para um riso, sorriso ou gargalhada. Pessoais diria eu. Agora existem intervenientes culturais que te cerceiam o riso. Na Rússia rir de um deficiente físico é comum, no Brasil, é crime. O comediante Danilo Gentili em seu blog no dia 19/02/2010 (que engraçado, no dia do meu aniversário) publicou um texto que através de um exemplo estabelece diferenças fundamentais entre a cultura do riso estadunidense e a brasileira. Chama-se "Aí é que está a graça" e pra quem tiver interesse na reflexão, segue o link do referido blog: http://danilogentili.zip.net/

    Ademais Josué, suas imitações me fazem rir muito. Nunca mais as vi. Você deveria, se de sua vontade for, fazer um vlog mostrando essa arte. Riria litros.

    Ah, e pra quem não tem um faro apurado para o humor e rir de coisa coisa, visita aí:http://oblogdediego.blogspot.com/
    A casa é sua.

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  2. Presenciei uma apresentação sua em uma aula xou promovida por Gilvan Costa, acho que foi 2005 ou 2006, fazendo imitacoes do prof nazareno, do prorpio gilvan também, e contando piadas. Fantastico. Antes desse post ainda nao tinha associado sua pessoa aquela da apresentacao, parabens voce é muito bom.

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  3. Obrigado, caros amigos, pelos comentários analíticos. Muito construtivos. Abraço!

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