Neste contexto de volta ao Torto ponho-me a refletir brevemente
acerca de seu discurso ao longo destes quase três anos.
De início tínhamos uma ideia tipicamente weberiana com doses
acentuadas de um pessimismo ácido e uma serenidade quase cômoda frente às
aporias em que o homem é colocado no percurso de sua história.
Textualidade estritamente escrita, contingência, apreensão
limitada da realidade, ausência de uma filosofia do sujeito (portanto, tal qual
Weber, afastávamos o cálice da normatividade, acreditando, sim, na convergência
de vontades individuais), cansaço frente aos sistemas teleológicos de
pensamento e congêneres pareciam-me passos homogêneos no caminhar da criança
torta.
Hoje vemos um deslocamento na relação entre os signos; e
talvez isto seja de se comemorar. Era mesmo a proposta do Movimento
movimentar-se. Hoje vemos gotas, que corriam de forma bem mais velada, surgirem
mais ousadas no que diz respeito à influência de Marx, por exemplo,
fundamentando um texto ou outro; a normatividade já se insinua levemente aqui e
ali, novos intercâmbios entre o texto escrito e outros tipos de textos são
muito bem-vindos etc.
Bem, isto é só um esboço, pois a real intenção é reacender o
debate entre os amigos autores e os demais que têm acompanhado a evolução e a
involução torta.
Josua,
ResponderExcluirPrimeiro, tenho a dizer que estou extremamente feliz por saber de sua volta.
Quanto ao seu texto, vou responder acerca de como eu vejo as mudanças em minhas produções, até por que atualmente eu ando relendo todos os meus textos e todos os meus comentários postados no torto. Sem contar que se existe alguma coisa que posso responder por mim, essa coisa são as cagadas (como diz Roosevelt) que eu construi ao longo dos meus discursos nesses quase três anos.
Bom, eu posso dizer o seguinte: desde as primeiras produções, eu sempre fiz questão de salientar que o movimento torto era um movimento em movimento. Não tinha duvidas de que de acordo com novas experiências que vamos nos confrontando, nós fóssemos alterando muito de nossas idéias, assim como ainda alteraremos.
É devido a isso que eu acredito que o lado fenomenológico não se rompeu. Pelo menos com relação a mim, continuo acreditando que o homem é uma parte que se quer todo, mas esse todo que ele enxerga não deixa de ser apenas uma das partes desse todo que ele quer ser. Continuo insistindo na subjetividade do homem, nas bases das verdades sustentadas por fantasias oriundas muitas vezes devido às dores da existência, etc.
Pelo menos nas releituras que venho fazendo acerca dos meus textos produzidos até então, o que eu posso notar é que o torto abdicou dos exaltados dilemas e partiu para uma solução desses dilemas. Contudo, continuo acreditando que por mais que se haja uma tentativa de soluções e de novas estratégias, o fluxo, o processo, a continuidade das tramas continuarão, e por isso mesmo, as soluções não passam de novos caminhos em meio a uma infinidade de vetores que rabiscam nossa existência e a existência dos outros ao nosso redor.
Eu mesmo tenho repensado alguns pontos acerca da cultura de massa. Tenho redefinido minhas opiniões a partir das experiências que tenho arrecadado com meus alunos. No entanto, continuo insistindo que existem subjetividades, mesmo sabendo de muitas das intenções da produção massiva. Continuo negando visões apocalípticas estruturantes que tendem a reduzir o mundo da complexidade estética do sujeito a um mero fator determinante do mercado.
Eu enxergo tanta autonomia do sujeito-consumidor (prefiro essa denominação para não torná-lo mero dado de estatística), que eu acredito no uso crítico da cultura de massa, pois que quem a consome tem capacidade imensa de poder fazer uma reviravolta em seu conceito acerca do mundo e da realidade que ele constrói.
Mas eu acredito que as relações de poder sempre foram visíveis no discurso aqui nos textos. O que não era visível, e isso eu falo pelas MINHAS produções, eram tentativas de buscar soluções que pairassem em planos concretos.
Posso dizer por mim, que as minhas grandes bases que eu guardo para os meus discursos ainda sofrem grandes influências fenomenológicas, pois encaro o humano enquanto performance, enquanto estético. Acho um absurdo reduzi-lo a fatores sócio-econômicos, assim como tendem a afirmar muitos que se dizem marxistas.
Sua pessoa é muito benvinda neste espaço amigo Josué.
ResponderExcluirFormação clássica do Torto! Do caralho.
ResponderExcluirFalta você Lou. Não sabe a falta que faz
ExcluirVina TorTO
Valeu!
Excluirhttp://www.sabernarede.com.br/urubus
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