segunda-feira, 26 de março de 2012

Masturbacao, uma concepcao de Gustav Klimt





Abrir as pernas para a vida,
Se prostituir para o mundo.
O orgasmo surge depois de
uma forca construtiva
que desagua para destruicao.
Sexualidade e poder sao duas forcas
que se interpoem em um duelo entre
a vida e a morte.
Para que se horrorizar com as agitacoes dos
labios vaginais, se isso se traduz num alivio
plenamente prazeroso?
Hipocrisia,
todos se jogam nas ondas da vergonha,
para ocultar as suas manifestacoes obscenas.
Tanto as mulheres
quanto os homens
avergonhados pela sua natureza.


* Tela do pintor simbolista-austriaco Gustav Klimt(1862-1918). Essa pintura foi produzida em 1907-1908, chamada de Danae.

13 comentários:

  1. É isso minha cara,
    Nos travestimos e nos paresentamos no mundo como que fossemos exatamente o que não somos. No entanto, em termos de sociedade a hipocrisia social tem seu lugar. Mas não precisamos viver a irracionalidade do dogma social pelo dogma social. Devemos refletir sobre tudo sobre tudo os tabus e partir para uma praxis - um quererfazer como dizia Freire. Parabéns belo texto e boa pintura.

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  2. Roosevelt,

    Admiro Klimt, pois ele aborda em suas pinturas, temas sensuais que chocaram o seu tempo. Se ainda somos mal -resolvidos com a nossa sexualidade, o que dira de dois seculos atras.
    Nao faltaram e nem faltara, pintores, artistas ou um cidadao ou nao cidadao comum que desordene a ordem e que nos deixem sem respostas a tal reacao. Vivemos nummundinho previsivelmente mediocre como se ja nascessemos com uma cartilha e uma bussola desorientada para tentar a sorte.

    e isso ai. Um grande abraco.

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  3. Da mesma forma que a sociedade sempre se fechou à alteridade, marginando a sanatórios e clínicas de reabilitação indivíduos donos de idiossincrasias que os difere do tipo de cidadão idealizado pelas convenções, a moral sempre trabalhou em defesa da negação do corpo e suas consequentes potencialidades.

    Muito boa a pintura.

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    1. Muito bom Joao Paulo!O que se torna mais interessante e que, a sociedade disciplinar passou a ser a sociedade da ordem `positiva' sacralizamos o corpo em busca do ideal. Ainda continuamos cheios de sintomas pq o poder se materializa nao na ordem do desejo, mas nos fetiches exemplares, como se nossos corpos sao postos a serem seguidos pelos modelos da vitrines.

      Abracos

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  4. Maíra,

    Somos todos uns hipócritas. Vivemos em meio a uma realidade fingida. Mais hipócritas ainda somos nós que sabemos dessa hipocrisia e continuamos a insistir na hipocrisia. Sei lá, as vezes penso que a necessidade da sociedade em manter as coisas em ordem, antes de ser por mera negação dos instintos, serve também para pôr em ordem esse caos que vive se ordenando a velocidade da luz na infinidade desse todo inatingível chamado realidade. Temos medo do fluido, carregamos um trauma dos nossos tempos primeiros onde viviamos sentindo o real em seu sentido pleno como animais unicamente.

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    1. Sim Vina,

      Somos todos hipocritas. Nao conseguimos manter ou conciliar o principio do prazer e realidade. Os nossos instintos sao agressivos para expressarmos livremente na sociedade onde existem varios outros desejos flutuantes. A hipocrisia tabem e uma defesa, medo daquilo que nao conseguimos explorar, como vc mesmo disse,a fluidez. O fluido e escorregadio , irreparavelente incontrolavel.

      bjos

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  5. Pois é, quantos não transam "as escondidas" e ainda castram os outros enchendo a própria sociedade de sintomas.... Como observou Vina, mesmo compreendendo a problemática em partes ainda rodamos na ciranda da mentira para não sofrermos penalidades da coerção moral vigente, sabemos disso. Qual seria o caminho? qual o limiar entre a razão ética e o homem bicho? Se a castração em nosso mundo gera vários problemas, mas ao mesmo tempo o que aconteceria se dessemos ouvidos a realizar todos os desejos? Como as coisas deveriam ser? Acredito numa possível confluência ética que pelo menos, minimize a hipocrisia e as "endemias", mas isso é ainda resquício de uma infantilidade minha. Porque a nivel social e pragmático chegar a um consenso sobre a sexualidade é tão complicado, que o vejo tão distante quanto o fim da "luta de classes" e a "sustentabilidade". Para que estabeleça O PODER é necessario castrar a liberdade alheia, é necessário "controlar os corpos", é necessário sublimar o gozo àquilo que é plausível pelo controle, mas como acabar com o poder para gozar se o próprio poder representa um pênis gigante? estao vinculados, se criam e e se destroem: "Sexualidade e poder sao duas forcas que se interpoem em um duelo entre a vida e a morte." doidera vey!!!!


    Miguel

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    1. Miguel,

      Muito de fuder seu comentário. Mas eu acho que a razão ética pode muito bem conviver com o bicho-homem. Acredito que o mal da civilização foi se exceder de tantas castrações. A civilização tem adoecido demais os homens pois tem cobrado coisas que muitas vezes estão além da capacidade dos homens. Os indios não viviam tranquilamente? Deixaram por um acaso de criar mitos, tabus, mecanismos de controle moral, ético em suas culturas? Não. O problema não se encontra na tentativa de se unir razão e instinto, e sim na excessiva carga de exigência imposta pela civilização. Outra coisa que eu acho é que devemos cobrar menos de nossa razão e nos deixar fluir um pouco em nossos instintos. Antes que algum simplista venha a dizer que eu estou negando a importância da racionalidade, o que eu estou querendo dizer é que a partir do momento em que o homem coloca a razão como um fator preponderante em sua vida e se nega a aceitar sua relação animal, esse homem agrega em seu curriculo existencial muitas doenças psiquicas e fisicas. Cada vez que recorremos mais e mais a razão, mais longe das possibilidades de mudanças concretas nos encontraremos, pois a verdade mesmo é que somos instintos que se apoiam em posturas racionais apenas como forma de evitar ao máximo reações entre os humanos que venham a pôr em risco a sua própria espécie. Só isso.

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    2. Muito bom Miguel!

      Tb ja fiz muito desses questionamentos e sinceramente concluo que nao ha conclusao. Viver entre humanos e muito dificil, e conciliar os seus desejos e pior ainda. Como disse anteriormente, Vivemos eternamente nesse impasse porque estamos entre as eternas forcas dos nossos instintos e egos. Nada mais e que o mal- estar na civilizacao. Podemos aliviar, usar artificios ou resgatar antigos vicios, mas essa estranha sensacao de nao pertencimento em meio do vazio existencial prevalece num eterno retorno. Tentar entender as nossas sombras, podem nos levar a uma viage sem fim, no entanto evitar as nossas manifestacoes inconscientes nos trazem a nossa propria alienacao existencial.

      um abraco!

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  6. Creio que fomos expulsos do paraíso e estamos nos escondendo do pai supremo, atrás de galhos e folhas. Creio que tenho muitos entraves psiquicos que foram gerados pela interiorização da cultura calvinista-protestante ao qual fui criado, afinal, pedi perdão a Deus por me masturbar até os meus 16 anos mais ou menos, isso deve ter deixado marcas no meu inconsciente. É o que sinto mais raiva, são dessas representações que ficam nas cochias de nosso mundo ordinario, cotidiano, e que puxam as cortinas no flagra de um momento inconscientemente repudiável. Porém, a antropologia nos diz que o processo de interiorização da cultura vai até a hora da sua morte, quem sabe, com algumas iniciativas nós equilibramos melhor essas tensões, e possamos enfiar o dedo no cú sem magua de nós. Como diz meu velho, salve o torto!

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  7. Fantastico Reuel!

    Desde que fomos expulsos do paraiso, nao me lembro quando, provavelmente em cada mudanca historica somos re-expulsos, sentimos o fardo peso da culpa. Nao conseguimos descortinar as nossas vontades diabolicas pelo escatologico e o repudiavel. Preferimos andar em linhas retas dos nossos obscenos cotidiano. Se o nosso instinto e podre, a nossa cultura e mais ainda, ela fede como um arbutre abodrecido pelos vermes.
    Digo que posso admirar aquele que se escancara para o mundo deixando que a brisa fria e incomoda penetre no orificio estreito entre as pernas.


    um abraco

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    1. Maíra,

      "Nao conseguimos descortinar as nossas vontades diabolicas pelo escatologico e o repudiavel."

      Você tocou em um ponto interessante. É engraçado, mas a nossa sociedade nega tanto a nossa condição animal, que tudo aquilo que nós trazemos como meras condições instintivas como cagar, trepar, mijar, peidar, a cultura logo nos ensina que esse mecanismo pertence a esfera da baixa cultural.

      Adoro fazer essas experiências em sala de aula. Quando vou abordar acerca das egras de conduta impostas pela sociedade, eu logo me utilizo desses exemplos ditos "chulos" e percebo que se por um lado os alunos ficam curiosos com o que estou falando, por outro eles riem extremamente tensionados com o que estou falando. É isso: somos a vontade de resgatarmos nosso lado animal, mas nos sentimos culpabilizados em retornar para esse esse lado. É um querer sem querer, é um odiar cheio de desejos. É o velho confronto entre a natureza e a cultura.

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  8. Um confronto que nao termina nunca, Vina. Mesmo para aqueles que se permitem dar um afrouxamanto nos acordos sociais. Como diz Reuel, Viva torto! Pois o torto nos da a condicao de por empauta as nossas inquietacoes (mesmo que haja cuidados, digamos, que diplomaticos).


    Um abraco

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