sábado, 7 de abril de 2012

Três aforismos

Comprimindo-se a autonomia do indivíduo sobre si mesmo ao laconismo sóbrio das leias e das medidas restritivas, não se infunde sobre a natureza conflitante das coisas uma tão desejada ordem que se realiza continuamente, mas se retira daquele as chances de estabelecer uma consciência mais aprofundada sobre as implicações concretas dos seus atos, impossibilitando-o de se tornar verdadeiramente responsável. Desse modo, estou contra: a criminalização da maconha e do aborto, as campanhas antitabagismo, as políticas ambientais, os desafetos dos gays, os detratores de uma política laicizada e de uma educação emancipatória, os discursos pós-modernos que nunca cansam de salientar a opcionalidade de suas verdades tortas.
*
A corrupção é, em efetividade, uma prática arbitrária legitimada pela profundidade do saber utilitário repassado dentro das academias. Antes dos políticos, dos publicitários e dos juristas, os seus professores deveriam ser enquadrados.
*
Aos existencialistas, tais como Nietzsche e Camus, uma postura absurda se apresenta como aporte de uma resistência individual frente a um problema de dimensões extraordinárias, residindo na impermeabilidade deste a força-motriz através da qual se pode delinear um sentido para a vida. Ser absurdo hoje, portanto, implica em afirmar o capitalismo enquanto problema de dimensões extraordinárias e filiar-se ao batalhão dos que ousam combatê-lo.

Um comentário: