segunda-feira, 30 de abril de 2012
Ate onde alcanca as cadeias Pos-modernas
Nao tentarei definir o pos-modernismo ate porque a propria palavra demanda uma cadeia infinita de significados. Tentando simplificar, ou melhor, colocar apenas uma otica sobre ele, pos-moderno e aquilo que esta a frente do moderno. Toda estetica, momento historico e cultura sofre uma mudanca devido a uma saturacao do significado que a sociedade toma como representacao. O modernismo se esgotou nos anos 50 e deu a luz ao pos-modernismo. Ele e o seu filho mal criado, ele e um parto indesejado fruto de uma gestacao conturbada. Derrubado foi o castelo de cartas para que a partir dele fosse reconstruido pelo avesso: impossivel se solidificar, impossivel identificar qualqer estrutura reparavel. Esse e o pos-moderno depois da decada de 60 o qual foi colocado para repensar na estrutura falida que nao cabia mais ter alguma continuidade.
No entanto, as sombras modernas aparecem para escurecer essa manifestacao viva e antropofagica. Colocando em termos praticos, algumas miticas revolucoes aconteceram, a entrada dos sutias no mercado de trabalho, a ascensao do partido gay nas avenidas, o homem tecno-robotizado imprestavel como estilo de vida. Esse ultimo e lamentavel, definitivamente um erro no codigo genetico dos nossos dias, um atentado a um ataque cardico no coracao ululante pos-moderno. A socidade nao da conta da imensa complexidade do humano esquizoide, fraturado pelas demandas do tempo. Por isso, ela apela para que ele seja enquadrado pela mofada esteira da linha de montagem fordista.
Modelo para entrevistas de emprego e um erro, uma tentativa de enquadrar aquilo que nao se enquadra. Esperar uma possibilidade de humano workholic infalivel e uma invencao que esta preste a acontecer no seculo seguinte. Ao mesmo tempo que, tentar abrir um leque de personalidades possiveis para que assim levante a bandeira de respeito as diferencas, e um desrespeito a burrice. Todos estao de olho naquilo do que e altamente possivel. Altamente possivel para o lucro, para a beleza, para o poder e , nao mais, para a estupidez. Todos estao numa ninharia de estupidos. Cegos por uma perspectiva sem qualquer projecao.
Pos-modernismo nao cabe ao mictorio de Dechamps ou a verborragia simbolica dos planos cinematicos de David Lynch. Esse pos esta nas ruas desconcertantes onde as pessoas passam sem se tocar. Ele esta no mosaico de Gaudi o qual debocha dos arranha-ceus das grandes cidades metropolitanas. Ele esta na ordinaria diferenca social entre os Primeiros e Terceiros Mundos, que alguns paises vivem de Mac Donald, Channel e Hollywood, enquanto outros se alimentam de moscas. Assim, ele esta. Na micro-biotica, na inteligencia artifcial e nas celulas- troncos, enquanto que muitas velharias permanecem vivas e congeladas no tempo.
O pos-modernismo e um ideal de anti-seguidamente-frustrado, o qual e esperado ansiosamente pelos olhos e desesperadamente afastado pelas maos. Sonha-se em carros voadores, traficos de avioes, espaco-naves e edificios gigantes que tocam o ceu. Felizmente, esse sonho sem qualquer proposito de unilateralidade, so existe na imaginacao de Fritz. Fritz Lang.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Argumentum
O pensamento, ao ser transmitido pelo discurso, projeta-se à realidade como uma verdade em relação ao que é pensado. Seu conteúdo resguarda da alteridade uma identidade pessoal que o faz único. Sua singularidade reconhece no diverso identidades também autênticas. Em um plano restrito, uma singularidade que se contrapôs à outra pode requestar para si mais validade, não sendo lícito que também o cobre frente à totalidade. Porque a totalidade não é a transmissão discursiva do pensamento projetado à realidade como uma verdade sobre si mesma e nem concede a planos isolados a permissão de transcendê-la: a totalidade é uma projeção contínua e pura dos fatos. E somente em relação a ela, e não a circunstâncias desencadeadas restritivamente, a verdade se desnuda e a justiça é feita.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
SEJA VALENTE
O dia amanheceu. Todos foram fazer alguma coisa no curto espaço que dividimos.
Ouvi falas muitas. Todas contavam uma história com Agar.
A casa se encheu de fonemas diversos compondo um todo diferente, porém, harmônico.
O homem estava lá. Na casa onde vivo, falo e sinto.
O homem do mato;
O homem do asfalto;
Aquele de carne;
Aquele de aço.
A tarde era nova quando os pássaros voltaram para a pequena gaiola chamada mundo meu.
Não ligue!
A casa serve aos propósitos nosso.
Ontem rezei um Pai Nosso e não me esqueci da Ave Maria.
Que alegria!
Ele está aqui!
Eu não o vi quando entrou. Nem o portão de ferro bateu.
Nem a porta gemeu ante o peso da madeira velha.
Não sou ateu.
Nem teólogo.
Nem acredito em cinderela.
A noite chegou e com ela os morcegos.
Aparelhos voadores.
De frutas, comedores.
Eles assustam o escuro noturno.
Quem não tem medo do barulho de suas asas?
A conversa voltou. As palavras voltaram a estalar no ar como bombinhas de surpresas.
Eram feias, eram belezas.
O silencio tornou. Só o ronco da mulher ao lado quebrava o luto da noite.
Amanheceu o dia novamente.
Seja valente!
quarta-feira, 25 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Minhas memórias musicais
Desde minha infância eu fui convidado a ter um imenso prazer com a música. Na verdade, até o meu nome já traz a música, pois é inspirado no compositor e poeta Vinicius de Moraes. Meus pais sempre me estimularam a vivenciar esse caminho. Quando pequeno, se havia algo que me imobilizava por muito tempo eram as músicas, principalmente do projeto de Vinícius de Moraes chamado “A arca de Noé”. Por vezes também me vinha de forma angelical a voz de minha tia Raquel Leite que atualmente canta em cerimônias de casamento e que ainda continua se apresentando em eventos musicais. Por sinal, tive a felicidade de vê-la interpretar uma composição minha e de meu querido Guga no festival do Sescanção chamada “Barvigulina”.
Ao longo de minha vida, eu fui crescendo e tendo contato com músicas bastante populares. Apesar de meus pais terem sido pessoas vitoriosas por terem conquistado um patamar privilegiado na hierarquia social, eles são oriundos dos setores periféricos da sociedade. Portanto, suas bagagens de repertórios musicais eram provenientes desses meios. Fui ouvindo artistas como Paulo Sérgio, Waldik Soriano Os Incríveis, Roberto Carlos, The Fevers, Luiz Gonzaga, Golden Boys, etc. Com tamanha freqüência com estes artistas, eu fui pegando gosto por eles. Minha mãe vez ou outra comprava para mim aquelas fitas cassetes e me apresentava caras como Alceu Valença, Belchior, Geraldo Vandré, mas realmente apesar de me apresentar essas músicas ditas da MPB, não me recordo de ter ouvido essas músicas com regularidade em minha casa.
No decorrer do tempo, ao chegar a minha pré-adolescência, eu tive o imenso prazer de passar um mês em São Paulo sob a companhia de Edê que na época tocava com a banda “Sampa Crew” e com o seu tio Waldir Celestino, conhecido como Dadi. Mesmo tendo Edê com um envolvimento muito mais intenso com a música, foi com Dadi que eu passei a ter meus primeiros contatos com a música e com a arte em geral. Poeta, Dadi me apresentou muitas poesias suas e de outros poetas, assim como me abriu um leque imenso com a música. Dadi também tinha um grande acervo de músicas instrumentais e tinha uma influência muito forte com a chamada belas-artes. Dali eu acredito que tenha começado a me surgir um estímulo em gostar de curiosar a dita música que tendemos a denominar de clássica.
Eu me lembro que antes de encontrar com Dadi em minhas férias em Sampa, eu já trazia em minha mala o meu velho walkman com algumas fitas dos Paralamas do Sucesso, Gabriel, O Pensador, Lulu Santos, etc. Foi se passando o tempo e meu contato com a música foi se ampliando. Lembro-me que estando de volta em Aracaju, eu ia à CD Club e locava cd´s do Metallica, Nirvana, Lobão, Megadeth, Legião Urbana, Sepultura, Black Sabbath, Raul Seixas, Ramones, Engenheiros do Hawaii, Ira!, Screaming Trees, Guns and Roses, etc. Lembro que nesse meu momento da adolescência, eu passei também a ter contato com rock and roll mais sujo e pesado principalmente através de Neila, minha primeira namorada que morava na Barra dos Coqueiros, sem contar meus contatos com o rock brasileiro.
Por outro lado, não curtia estudar, nem buscar conhecimento. Só queria ouvir músicas, rabiscar os cadernos com frases furiosas de um menino que se deliciava com a violência por naquele momento ainda não ter vivido de fato a verdadeira violência que é a existência adulta diante da vida. Vivendo o meu segundo grau do ensino médio, minha situação referente às minhas notas era lamentável. Para tentar melhorar minha situação, tive aulas com Kelliton meu querido Cérebro, hoje meu grande amigo. Kelliton me levou a um universo jamais imaginado por mim. Estou falando não só do prazer em buscar conhecimento e de reconhecer a importância da prática científica, mas das doideras da vida. Andando com Cérebro, eu me via em festas universitárias, em discussões acadêmicas e aos poucos fui tomando gosto pela coisa.
Ao entrar na universidade eu trazia comigo dois grandes prazeres: a arte e a ciência. Além de eu ter tido toda uma influência de músicas super populares através de meus pais, ao viver o mundo acadêmico e me deliciar com inúmeras teorias sociológicas, antropológicas, filosóficas, históricas, passei a aprofundar meu repertório musical dito mais alternativo. Frequentando a AAU (Associação Atlética Universitária) na UFS, matando aula para jogar tênis de mesa, ouvir um bom rock and roll, tomar umas cervejas e dar uns agarros pelos labirintos do Campus, conheci uma turma que foi me trazendo mais referências musicais. Juntando essa nova experiência, fui conhecendo a chamada música de vanguarda. Eu me extasiava com as propostas opositivas da vanguarda, com seu discurso de relatividade, de quebra dos modelos tradicionais.
A partir dessas experiências eu fui formando minha postura musical. Ou seja, fui preservando na minha memória as músicas de minha infância, agregando as experiências e a valorização das artes ditas clássicas devido ao meu querido Dadi, também fui agregando minhas influências pelas músicas extremamente populares através de meus pais, assim como outras produções musicais da dita MPB apresentadas por minha mãe. Além disso, agreguei o rock and roll pesado através de Neila e meus infindáveis contatos com o rock brasileiro, terminando por me apropriar das músicas alternativas e as mais experimentais como as de vanguarda na universidade, justamente por encontrar nestas músicas incessantes reflexões que passei a ter depois de ter aprendido a gostar de navegar no universo da ciência com Kelliton (Cérebro).
É devido a toda essa experiência que minha influência musical se passa por muitas referências. Não existe uma delimitação clara em mim no que diz respeito ao erudito, ao popular ou ao massivo. Sou todos eles e adoro todos eles. Outro ponto que eu gostaria de ressaltar se refere ao olhar que eu faço entre a ciência e a arte. Por eu ter vivido situações com pessoas que souberam me estimular a dialogar com os dois universos, não acredito que o universo artístico esteja divorciado do universo científico. Gosto de transitar entre os dois. Acredito que posso através da arte produzir conceitos científicos, assim como posso fazer ciência sem me desvincular de toda uma postura estética que faço dela, afinal, arte e ciência pertencem ao mundo da poética do olhar de cada um, seja no se emocionar ao ouvir uma música, seja no se admirar com mais uma nova descoberta.
Ao longo de minha vida, eu fui crescendo e tendo contato com músicas bastante populares. Apesar de meus pais terem sido pessoas vitoriosas por terem conquistado um patamar privilegiado na hierarquia social, eles são oriundos dos setores periféricos da sociedade. Portanto, suas bagagens de repertórios musicais eram provenientes desses meios. Fui ouvindo artistas como Paulo Sérgio, Waldik Soriano Os Incríveis, Roberto Carlos, The Fevers, Luiz Gonzaga, Golden Boys, etc. Com tamanha freqüência com estes artistas, eu fui pegando gosto por eles. Minha mãe vez ou outra comprava para mim aquelas fitas cassetes e me apresentava caras como Alceu Valença, Belchior, Geraldo Vandré, mas realmente apesar de me apresentar essas músicas ditas da MPB, não me recordo de ter ouvido essas músicas com regularidade em minha casa.
No decorrer do tempo, ao chegar a minha pré-adolescência, eu tive o imenso prazer de passar um mês em São Paulo sob a companhia de Edê que na época tocava com a banda “Sampa Crew” e com o seu tio Waldir Celestino, conhecido como Dadi. Mesmo tendo Edê com um envolvimento muito mais intenso com a música, foi com Dadi que eu passei a ter meus primeiros contatos com a música e com a arte em geral. Poeta, Dadi me apresentou muitas poesias suas e de outros poetas, assim como me abriu um leque imenso com a música. Dadi também tinha um grande acervo de músicas instrumentais e tinha uma influência muito forte com a chamada belas-artes. Dali eu acredito que tenha começado a me surgir um estímulo em gostar de curiosar a dita música que tendemos a denominar de clássica.
Eu me lembro que antes de encontrar com Dadi em minhas férias em Sampa, eu já trazia em minha mala o meu velho walkman com algumas fitas dos Paralamas do Sucesso, Gabriel, O Pensador, Lulu Santos, etc. Foi se passando o tempo e meu contato com a música foi se ampliando. Lembro-me que estando de volta em Aracaju, eu ia à CD Club e locava cd´s do Metallica, Nirvana, Lobão, Megadeth, Legião Urbana, Sepultura, Black Sabbath, Raul Seixas, Ramones, Engenheiros do Hawaii, Ira!, Screaming Trees, Guns and Roses, etc. Lembro que nesse meu momento da adolescência, eu passei também a ter contato com rock and roll mais sujo e pesado principalmente através de Neila, minha primeira namorada que morava na Barra dos Coqueiros, sem contar meus contatos com o rock brasileiro.
Por outro lado, não curtia estudar, nem buscar conhecimento. Só queria ouvir músicas, rabiscar os cadernos com frases furiosas de um menino que se deliciava com a violência por naquele momento ainda não ter vivido de fato a verdadeira violência que é a existência adulta diante da vida. Vivendo o meu segundo grau do ensino médio, minha situação referente às minhas notas era lamentável. Para tentar melhorar minha situação, tive aulas com Kelliton meu querido Cérebro, hoje meu grande amigo. Kelliton me levou a um universo jamais imaginado por mim. Estou falando não só do prazer em buscar conhecimento e de reconhecer a importância da prática científica, mas das doideras da vida. Andando com Cérebro, eu me via em festas universitárias, em discussões acadêmicas e aos poucos fui tomando gosto pela coisa.
Ao entrar na universidade eu trazia comigo dois grandes prazeres: a arte e a ciência. Além de eu ter tido toda uma influência de músicas super populares através de meus pais, ao viver o mundo acadêmico e me deliciar com inúmeras teorias sociológicas, antropológicas, filosóficas, históricas, passei a aprofundar meu repertório musical dito mais alternativo. Frequentando a AAU (Associação Atlética Universitária) na UFS, matando aula para jogar tênis de mesa, ouvir um bom rock and roll, tomar umas cervejas e dar uns agarros pelos labirintos do Campus, conheci uma turma que foi me trazendo mais referências musicais. Juntando essa nova experiência, fui conhecendo a chamada música de vanguarda. Eu me extasiava com as propostas opositivas da vanguarda, com seu discurso de relatividade, de quebra dos modelos tradicionais.
A partir dessas experiências eu fui formando minha postura musical. Ou seja, fui preservando na minha memória as músicas de minha infância, agregando as experiências e a valorização das artes ditas clássicas devido ao meu querido Dadi, também fui agregando minhas influências pelas músicas extremamente populares através de meus pais, assim como outras produções musicais da dita MPB apresentadas por minha mãe. Além disso, agreguei o rock and roll pesado através de Neila e meus infindáveis contatos com o rock brasileiro, terminando por me apropriar das músicas alternativas e as mais experimentais como as de vanguarda na universidade, justamente por encontrar nestas músicas incessantes reflexões que passei a ter depois de ter aprendido a gostar de navegar no universo da ciência com Kelliton (Cérebro).
É devido a toda essa experiência que minha influência musical se passa por muitas referências. Não existe uma delimitação clara em mim no que diz respeito ao erudito, ao popular ou ao massivo. Sou todos eles e adoro todos eles. Outro ponto que eu gostaria de ressaltar se refere ao olhar que eu faço entre a ciência e a arte. Por eu ter vivido situações com pessoas que souberam me estimular a dialogar com os dois universos, não acredito que o universo artístico esteja divorciado do universo científico. Gosto de transitar entre os dois. Acredito que posso através da arte produzir conceitos científicos, assim como posso fazer ciência sem me desvincular de toda uma postura estética que faço dela, afinal, arte e ciência pertencem ao mundo da poética do olhar de cada um, seja no se emocionar ao ouvir uma música, seja no se admirar com mais uma nova descoberta.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Beabá
As exigências desumanas da filosofia se mostram aos iniciandos quando estes começam a tomar consciência de que a boa articulação da forma tem de estar associada ao fomento de questões problemáticas. Nesse ponto, em específico, as suas singularidades afastam-na da poesia, cuja articulação dos versos, seja através de rimas ou não, concentrando um sentido mais evidente ou não, cumpre já com a tarefa de promover rupturas. A tão falada busca pela verdade, há muito endossada ao vocabulário filosófico como principal meta do amigo da sabedoria, constantemente joga quem se aventura pela estrada escura do conhecimento sobre o paredão da ignorância. Comprimido a ele, impotente diante de seu incomensurável tamanho, a angústia de saber que, na verdade, pouco sabe emerge como primeiro e decisivo passo, e, nos seus desdobramentos, pode tanto lhe frustrar o ânimo para a busca de novas perspectivas e estratégias de atuação quanto lhe servir de mola propulsora na superação dos estorvos surgidos ao longo do caminho cujo marco final é a “verdade”. A filosofia é, então, por si mesma uma disciplina emancipadora, que alarga as certezas do indivíduo a possibilidades infinitas de redefinições, restringindo-lhe a pretensão de acomodar-se com o que conhece. No fundo, a atividade do filósofo, sendo reforçada continuamente pela autocrítica, resume-se a uma vontade perpétua de superação da ignorância e da indigência, uma vez que as suas ideias, tão sujeitas ao devir quanto tudo o que elas abraçam, encontram-se sempre a um ou mais passos da totalidade que perfaz o seu tempo. E este, como bem postula Heráclito, por morrer a cada dia a fim de viver sua própria morte, restabelece-se ao centro da investigação filosófica repleto de significados inéditos, confirmando a validade da mais verdadeira máxima socrática - “Só sei que nada sei” - como condição incontornável de quem se põe a pensar.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Por uma Piranhas mais alternativa
Atualmente eu estou residindo em Piranhas, município localizado no alto sertão de Alagoas. No entanto, vivendo cotidianamente com as experiências piranhenses, o que pude notar até então é que seus habitantes se encontram muito presos apenas aos discursos da cultura massiva. Sem tirar a importância que eu também visualizo nesse tipo de cultura, mas infelizmente, essas culturas massivas tendem a diluir a memória de seus habitantes e o senso de história entre eles.
A cultura massiva, por ter como finalidade o consumo, tende a provocar esse lapso de memória entre os indivíduos justamente por se encontrar preocupada apenas com o resultado imediato do lucro. Além disso, esse tipo de cultura é marcada por uma tentativa de abranger um público consumidor em busca de produtos “novos”, correndo sempre em busca do amanhã, tendendo a retirar todas as particularidades e a historicidade que definem a cultura da localidade.
É claro que os indivíduos possuem valores próprios construídos socialmente. Ao viver em sociedade, os membros inevitavelmente constroem redes de relações entre eles e essas redes contêm códigos que fazem com que eles se reconheçam enquanto parte integrante de uma determinada cultura. Por isso mesmo que eu acredito que apesar de haver certa diluição da memória, não compactuo com a idéia de que essa memória seja por toda extinta.
Entretanto, o que noto em Piranhas é que a prática com a cultura massiva é excessiva. É interessante, mas mesmo que essa cultura não consiga apagar todos os traços que configuram uma dada realidade, por outro lado ela de certa forma abala qualquer particularização da localidade. É necessário fazer surgir eventos que dialoguem com a memória, com novas linguagem estéticas, e por que não, com a industria cultural também.
Não sou por todo um oponente da indústria cultural. Acredito que esse modelo de cultura terminou por se adaptar a toda uma organização burocrática típica da sociedade industrializada. Se vivemos em um contexto no qual o lucro é a finalidade de tudo, a cultura não foi uma exceção. Porém, a minha critica se direciona a partir do momento em que vejo uma indústria da cultura segregadora, rotineira, e que não permite aos indivíduos vivenciarem outras formas de linguagens estéticas.
A arte tem como função primordial possibilitar com que o sujeito inserido em seu contexto histórico passe a se reconhecer enquanto um agente construtor e ativo dessa história. O papel da arte está em provocar no indivíduo um estranhamento, fazendo com que a partir desse estranhamento, ele passe a se situar no seu tempo e no seu espaço, mas para isso, a arte deve buscar provocar o re-questionamento do indivíduo com a totalidade do seu ser e com as contradições dadas em seu dia a dia.
Ao colocar o indivíduo em confronto com as contradições, a arte gera um indivíduo capaz de reavaliar o seu olhar acerca do mundo no qual ele se encontra, além de proporcionar a ele um desencontro consigo mesmo estimulado pela arte, para que com isso ele passe a se situar em seu contexto. Portanto, a função da arte é desenvolver no sujeito um olhar crítico capaz de indagar e se orientar em seu contexto, abrir um leque que permita com que ele explore todos os caminhos possíveis de sua percepção.
É por isso que Piranhas deve começar a criar eventos que possibilitem a seus habitantes articular a sua história através de suas manifestações folclóricas, como produzir um contato desses habitantes com outras formas de linguagens que não fiquem reduzidas apenas a mesmice da cultura de massa. Tendo essa concatenação entre o passado, enriquecimento com outras diversidades estéticas e diálogo com a cultura de massa, poderemos tornar esses indivíduos mais aptos em fazer uma leitura mais crítica do mundo.
Entretanto, temos que ter cuidado em não cairmos no olhar elitista de querer separar o forró eletrônico, pagode, arrocha, com o discurso da pureza cultural do folclore. Devemos estar aptos em compreender que a diversidade não deve ser apenas falada, e sim, apreciada, pois do contrário, faríamos um evento capaz de agregar as diferenças, mas de forma segregadora. O importante é fazer com que os indivíduos sejam capazes de visualizar o processo histórico de várias formas de cultura de sua localidade.
O importante é se criar um evento capaz de agregar em um mesmo espaço e ao mesmo tempo, uma mistura de tendências. Encontraríamos nele música gospel, heavy metal, brega, musicas instrumentais, as alternativas, as de tendências mais experimentais, etc. Junto a isso teriam apresentações de danças, folguedos, peças teatrais, amostra de artes plásticas, artesanatos, palestras referentes à várias temáticas, amostra de artes cinematográficas, fotografias, culinárias, etc.
Ou seja, o importante é tornar o evento um espaço capaz de abarcar ao mesmo tempo uma variedade infinita de coisas. O objetivo é mostrar que em um mesmo espaço as diversidades podem muito bem co-existir entre elas. Além disso, o importante é mostrar que em um evento como esse, as pessoas possam ter a possibilidade de perceber que elas vivem em meio a uma realidade composta de infindáveis formas de estilos e que a sociedade é constituída por uma pluralidade de valores e culturas.
A proposta de um evento desse confrontaria os indivíduos com a diversidade, revelaria coisas novas e produziria novos sentidos a partir de uma re-elaboração de novos olhares produzidos por eles. Enfim, um evento disposto a gerar novas hibridações, trocas, fusões em uma miscelânea de tendências, estimulando a fazer com que os sujeitos percebessem que a cultura se amplia e se modifica constantemente, possibilitando com que eles se inserissem em um espaço mais plural e mais democrático.
A cultura massiva, por ter como finalidade o consumo, tende a provocar esse lapso de memória entre os indivíduos justamente por se encontrar preocupada apenas com o resultado imediato do lucro. Além disso, esse tipo de cultura é marcada por uma tentativa de abranger um público consumidor em busca de produtos “novos”, correndo sempre em busca do amanhã, tendendo a retirar todas as particularidades e a historicidade que definem a cultura da localidade.
É claro que os indivíduos possuem valores próprios construídos socialmente. Ao viver em sociedade, os membros inevitavelmente constroem redes de relações entre eles e essas redes contêm códigos que fazem com que eles se reconheçam enquanto parte integrante de uma determinada cultura. Por isso mesmo que eu acredito que apesar de haver certa diluição da memória, não compactuo com a idéia de que essa memória seja por toda extinta.
Entretanto, o que noto em Piranhas é que a prática com a cultura massiva é excessiva. É interessante, mas mesmo que essa cultura não consiga apagar todos os traços que configuram uma dada realidade, por outro lado ela de certa forma abala qualquer particularização da localidade. É necessário fazer surgir eventos que dialoguem com a memória, com novas linguagem estéticas, e por que não, com a industria cultural também.
Não sou por todo um oponente da indústria cultural. Acredito que esse modelo de cultura terminou por se adaptar a toda uma organização burocrática típica da sociedade industrializada. Se vivemos em um contexto no qual o lucro é a finalidade de tudo, a cultura não foi uma exceção. Porém, a minha critica se direciona a partir do momento em que vejo uma indústria da cultura segregadora, rotineira, e que não permite aos indivíduos vivenciarem outras formas de linguagens estéticas.
A arte tem como função primordial possibilitar com que o sujeito inserido em seu contexto histórico passe a se reconhecer enquanto um agente construtor e ativo dessa história. O papel da arte está em provocar no indivíduo um estranhamento, fazendo com que a partir desse estranhamento, ele passe a se situar no seu tempo e no seu espaço, mas para isso, a arte deve buscar provocar o re-questionamento do indivíduo com a totalidade do seu ser e com as contradições dadas em seu dia a dia.
Ao colocar o indivíduo em confronto com as contradições, a arte gera um indivíduo capaz de reavaliar o seu olhar acerca do mundo no qual ele se encontra, além de proporcionar a ele um desencontro consigo mesmo estimulado pela arte, para que com isso ele passe a se situar em seu contexto. Portanto, a função da arte é desenvolver no sujeito um olhar crítico capaz de indagar e se orientar em seu contexto, abrir um leque que permita com que ele explore todos os caminhos possíveis de sua percepção.
É por isso que Piranhas deve começar a criar eventos que possibilitem a seus habitantes articular a sua história através de suas manifestações folclóricas, como produzir um contato desses habitantes com outras formas de linguagens que não fiquem reduzidas apenas a mesmice da cultura de massa. Tendo essa concatenação entre o passado, enriquecimento com outras diversidades estéticas e diálogo com a cultura de massa, poderemos tornar esses indivíduos mais aptos em fazer uma leitura mais crítica do mundo.
Entretanto, temos que ter cuidado em não cairmos no olhar elitista de querer separar o forró eletrônico, pagode, arrocha, com o discurso da pureza cultural do folclore. Devemos estar aptos em compreender que a diversidade não deve ser apenas falada, e sim, apreciada, pois do contrário, faríamos um evento capaz de agregar as diferenças, mas de forma segregadora. O importante é fazer com que os indivíduos sejam capazes de visualizar o processo histórico de várias formas de cultura de sua localidade.
O importante é se criar um evento capaz de agregar em um mesmo espaço e ao mesmo tempo, uma mistura de tendências. Encontraríamos nele música gospel, heavy metal, brega, musicas instrumentais, as alternativas, as de tendências mais experimentais, etc. Junto a isso teriam apresentações de danças, folguedos, peças teatrais, amostra de artes plásticas, artesanatos, palestras referentes à várias temáticas, amostra de artes cinematográficas, fotografias, culinárias, etc.
Ou seja, o importante é tornar o evento um espaço capaz de abarcar ao mesmo tempo uma variedade infinita de coisas. O objetivo é mostrar que em um mesmo espaço as diversidades podem muito bem co-existir entre elas. Além disso, o importante é mostrar que em um evento como esse, as pessoas possam ter a possibilidade de perceber que elas vivem em meio a uma realidade composta de infindáveis formas de estilos e que a sociedade é constituída por uma pluralidade de valores e culturas.
A proposta de um evento desse confrontaria os indivíduos com a diversidade, revelaria coisas novas e produziria novos sentidos a partir de uma re-elaboração de novos olhares produzidos por eles. Enfim, um evento disposto a gerar novas hibridações, trocas, fusões em uma miscelânea de tendências, estimulando a fazer com que os sujeitos percebessem que a cultura se amplia e se modifica constantemente, possibilitando com que eles se inserissem em um espaço mais plural e mais democrático.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Canibalismo: uma arte para o controle populacional
Mesmo que muitos teoricos acreditem que a teoria do `Bom Selvagem` esteja ultrapassada pelo romantismo, fazemos dela, nos dias de hoje, uma forte crenca. Utilizamos artificios para legitimar essa teoria, como disciplinarizacao dos individuos, uma tentativa forcosa e completamente contraditoria. A sociedade disciplinar de Foucault nao esta afinada como a teoria contempoanea, o que o mesmo afirmou isso. A coercao progressivamente foi substituida pela valorizacao do desejo. O desejo se tornar um fator que o poder elege para controlar a forca dos homens. Perspectiva pouco controlavel, pois o principio do prazer transborda, em algumas vezes, os requisitos da realidade. A realidade se define pela continuo conflito entre conciliacoes de desejos dos individuos numa civilizacao regradas por leis cristas.
Um ato de canibalismo foi considerado macabro. Esse epsodio nos fez lembrar a cultura in-civilizada dos neandertais. `A sociedade da Neve` descreve o acidente ocorrido nos Andes em 1972 em que jogadores de rugby estavam a bordo, de Montevideo para Santiago, quando o acidente ocorreu. Para sobreviver contra o frio e a fome, eles apelaram para o canibalismo, alguns deles consentiam esse ato, pois sabiam que em poucos minutos nao iriam resistir. Escandalo, mas justificavel. Curioso foi o caso de canibalismo em Sao Paulo, cometido por um homem e duas mulheres os quais esquartejaram possivelmente 8 mulheres, e dos seus musculos e suas visceras utilizaram para fazer recheio das `empanadas` as quais eram vendidas em Pernambuco. Ritual do diabo? Bruxaria? Esquizofrenia? Nao irao faltar especialistas para analisar o caso considerado absurdamente fora do normal.
Esse absurdo foi justificado como ritual de purificacao e contencao de populacao. Na importa as justificativas, mas o homem dentro da sua filogenia e bicho. Bicho que rui,bicho que ataca e bicho que come. A civilizacao endossa as leis como meio de sobrevivencia. Thomas Hobbes afirmava isso em Leviata, sem um Estado para conter as vontades humanas, a sociedade entraria em processo degenerativo. Como o Brasil nao ha uma iniciativa de contecao populacional, alguns cidadaos incomodados com essa questao resolveu surgerir o canibalismo como solucao. Essa e uma saida para bichos tambem, como meio de controlar o inchaco em seu eco- habitat. Esta ai,uma prova que o homem , e mulher tambem, e essencialmente bicho. Para que insistir na falivel teoria do frances Rousseau?
Somos tao hipocritas, isso piora quando se considera no meio academico entre cientistas e supra - intelectuais, incapazes de cometer barbarie, pois a barbarie e para aqueles que desprovido de intelectualidade e, ao mesmo tempo, inundado pelos instintos demoniacos. Mesmos em civilizacoes anti- progressiva- tecnologicas, ditas primitivas,rarissimas foram as tribos que comiam uns aos outros nos livros academicos de historia. Historia e representacao daquilo que uma pretensa intelectualidade acredita, de um modo totamenlte a-historico e desconexo com o presente. Freud nao acreditava nisso, Nietzsche tambem nao. O passado sempre volta, em constante `eterno retorno`, ou seja, as nossas vontades, mesmo bem recalcadas e muito, bem reprimidas sempre retorna. Claro que ha diferencas, cada um reage diferentemente ao seu problema, mas o nosso monstro demoniaco sempre estara em plena prontidao quando despertado.
A reacao aqui na Irlanda nao foi diferente. Alguns tabloides e jornais publicaram esse fato o qual tive a oportunidade de ouvir alguns comentarios, inclusive de irlandeses. Claro que `isso e um absurdo`, `humanamente impensado`. Obvio que o Primeiro Mundo tinha que ter essa opiniao acerca dos primitivos brasileiros. Nao duvido que aqui tambem haja o canibalismo como pratica. Se ainda nao tem, quem sabe o governo nao aprova, pois a ilha, apesar de nao haver a superpopulacao brasileira, esta inundada de estrangeiros. Quem sabe a saida nao seja essa, carnes humanas de diferentes nacionalidades, expostas no proximo acougue no canto da esquina? Talvez assim a ONU comece a refletir melhor sobre os direitos humanos cheio de humanidade.
A Irlanda e um pessimo exemplo. Nao sei por que existem irlandeses que se auto- titulam como civilizados. Em varias regioes, incluindo Inglaterra, como Liverpool, amadores de luta organizam duelos, entre aqueles que estao descapturados pelo sistema de trabalho, similar a politica do `pao e circo` na Roma Antiga, para arrecadar fortunas. Ha uma diferenca, eles podem se golpearem ate morrer, mas nao chegam a experimentar a sua propria carne.
O experimento da carne humana como prato gastronomico ja nao e mais selvagem, pode se considerar um requinte. Um verdadeiro requinte `a la Hannibal`. Se somos os primeiros na filogenia, e obvio que a nossa carne e para poucos. Poucos que ousam ultrapassar a genetica da nossa sociedade escabrosa. Se o canibalismo for uma saida para contencao de populacao, poderia existir leis que determinassem quem cairia na navalha primeiro. Assim, arrisco nos civilizados, donos de intelectualidade e sabedoria para governar o pais. Ele seriam uma boa sugestao para serem expostos como carne de primeira.
* Amigos Tortos,
Nao poderei postar meu texto na segunda -feira da proxima semana porque estarei viajando. Peco permissao aos autores para publica-lo na quarta-feira. Abracos
Um ato de canibalismo foi considerado macabro. Esse epsodio nos fez lembrar a cultura in-civilizada dos neandertais. `A sociedade da Neve` descreve o acidente ocorrido nos Andes em 1972 em que jogadores de rugby estavam a bordo, de Montevideo para Santiago, quando o acidente ocorreu. Para sobreviver contra o frio e a fome, eles apelaram para o canibalismo, alguns deles consentiam esse ato, pois sabiam que em poucos minutos nao iriam resistir. Escandalo, mas justificavel. Curioso foi o caso de canibalismo em Sao Paulo, cometido por um homem e duas mulheres os quais esquartejaram possivelmente 8 mulheres, e dos seus musculos e suas visceras utilizaram para fazer recheio das `empanadas` as quais eram vendidas em Pernambuco. Ritual do diabo? Bruxaria? Esquizofrenia? Nao irao faltar especialistas para analisar o caso considerado absurdamente fora do normal.
Esse absurdo foi justificado como ritual de purificacao e contencao de populacao. Na importa as justificativas, mas o homem dentro da sua filogenia e bicho. Bicho que rui,bicho que ataca e bicho que come. A civilizacao endossa as leis como meio de sobrevivencia. Thomas Hobbes afirmava isso em Leviata, sem um Estado para conter as vontades humanas, a sociedade entraria em processo degenerativo. Como o Brasil nao ha uma iniciativa de contecao populacional, alguns cidadaos incomodados com essa questao resolveu surgerir o canibalismo como solucao. Essa e uma saida para bichos tambem, como meio de controlar o inchaco em seu eco- habitat. Esta ai,uma prova que o homem , e mulher tambem, e essencialmente bicho. Para que insistir na falivel teoria do frances Rousseau?
Somos tao hipocritas, isso piora quando se considera no meio academico entre cientistas e supra - intelectuais, incapazes de cometer barbarie, pois a barbarie e para aqueles que desprovido de intelectualidade e, ao mesmo tempo, inundado pelos instintos demoniacos. Mesmos em civilizacoes anti- progressiva- tecnologicas, ditas primitivas,rarissimas foram as tribos que comiam uns aos outros nos livros academicos de historia. Historia e representacao daquilo que uma pretensa intelectualidade acredita, de um modo totamenlte a-historico e desconexo com o presente. Freud nao acreditava nisso, Nietzsche tambem nao. O passado sempre volta, em constante `eterno retorno`, ou seja, as nossas vontades, mesmo bem recalcadas e muito, bem reprimidas sempre retorna. Claro que ha diferencas, cada um reage diferentemente ao seu problema, mas o nosso monstro demoniaco sempre estara em plena prontidao quando despertado.
A reacao aqui na Irlanda nao foi diferente. Alguns tabloides e jornais publicaram esse fato o qual tive a oportunidade de ouvir alguns comentarios, inclusive de irlandeses. Claro que `isso e um absurdo`, `humanamente impensado`. Obvio que o Primeiro Mundo tinha que ter essa opiniao acerca dos primitivos brasileiros. Nao duvido que aqui tambem haja o canibalismo como pratica. Se ainda nao tem, quem sabe o governo nao aprova, pois a ilha, apesar de nao haver a superpopulacao brasileira, esta inundada de estrangeiros. Quem sabe a saida nao seja essa, carnes humanas de diferentes nacionalidades, expostas no proximo acougue no canto da esquina? Talvez assim a ONU comece a refletir melhor sobre os direitos humanos cheio de humanidade.
A Irlanda e um pessimo exemplo. Nao sei por que existem irlandeses que se auto- titulam como civilizados. Em varias regioes, incluindo Inglaterra, como Liverpool, amadores de luta organizam duelos, entre aqueles que estao descapturados pelo sistema de trabalho, similar a politica do `pao e circo` na Roma Antiga, para arrecadar fortunas. Ha uma diferenca, eles podem se golpearem ate morrer, mas nao chegam a experimentar a sua propria carne.
O experimento da carne humana como prato gastronomico ja nao e mais selvagem, pode se considerar um requinte. Um verdadeiro requinte `a la Hannibal`. Se somos os primeiros na filogenia, e obvio que a nossa carne e para poucos. Poucos que ousam ultrapassar a genetica da nossa sociedade escabrosa. Se o canibalismo for uma saida para contencao de populacao, poderia existir leis que determinassem quem cairia na navalha primeiro. Assim, arrisco nos civilizados, donos de intelectualidade e sabedoria para governar o pais. Ele seriam uma boa sugestao para serem expostos como carne de primeira.
* Amigos Tortos,
Nao poderei postar meu texto na segunda -feira da proxima semana porque estarei viajando. Peco permissao aos autores para publica-lo na quarta-feira. Abracos
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Dialética
Tese
Ambicionando o descanso, deito-me; tenho o corpo mole de viver os dias; ao lado, depois da parede, meu cachorro late, e, como sempre, é para ninguém. Escuto o chiado inquebrantável do rádio do meu vizinho; baladas carnavalescas grudam-se aos meus ouvidos; sem que eu perceba, depois de já ter desviado a atenção para outra circunstância, o visgo rítmico dessas músicas animadas, estúpidas como são, atuam nos meus lábios, e as canto para mim mesmo, sentindo depois vergonha íntima, numa espécie de mixórdia que deve ser silenciada. Vou ao computador, curvo a coluna para os lados da cadeira plástica, e olho o que vi há muito pouco tempo, fazendo caretas que ninguém as conhece, esmorecido pelo tédio, pelo calor, pela falta de vida da cidade onde vegeto dias previsíveis. Armo, então, ao quintal a preguiçosa velha; à sua frente, finco um banco onde possa despejar as minhas patas; comigo me acompanham fumo, o cachimbo e um livro, que decerto lerei como se não o lesse, enquanto sorvo e libero, pela boca ressecada, uma fumaça prazerosa. Anoitece, os mosquitos não me perdoam a carne, e a comem, penicam, deixando-a rubra e repleta de abscessos. Desarmo, destituído de energia, o circo montado para o espetáculo do conhecimento - cadeiras e utopias, cada uma no seu lugar. Um inverno soberano, de repente e absurdo, me arrefece à alma e, ofegante, ponho na xícara talvez o décimo café do dia. Janto como um javali guloso; logo após estiro o meu corpo gordo sobre a cama, com o ventilador ligado ao pé da minha cabeça, e olho as telhas inexpressivas perante à escuridão que preenche meu quatro. Um alívio de estar perdido dá-me a mão repugnante; adormeço pensando em futuro, trabalho... Cruel, muito cruel, quem me pôs dentro das veias esse sopro orgânico. Sonho a felicidade como uma realidade inadmissível.
Antítese
Em face das nuances contingenciais da existência, apresenta-se, como escopo, a verdade – síntese de um tempo justaposto a outro. Há quem desmereça, frente o espetáculo, a importância do pão, nutrindo mais sua alma de quadros e de poemas que lançando mão de esforços para erradicar a fome e a miséria. A filosofia, a exemplo da boa vontade, tergiversa estacionada ao fulcro de sua imaterialidade, e a história, vista em recorte, torna-se, com todos os seus Césares, um estorvo intransponível. Insatisfeito com a monotonia de sua autorreflexão construtora de últimas verdades, o homem converte as imagens obtidas através de sua clarividência em crença, advogando, sem nunca medir esforços para alcançar os almejados fins, que os niilistas muito esclarecidos subam ao trono deste mundo vil para, despótica e indiferentemente, governá-lo. Obsessos em seu cansaço, regurgitando a insatisfação de uma tal dor geral e infinita, os cabisbaixos contemporâneos são puro solipsismo, guiados sob as trevas pelo imperativo hedonista do prazer irrestrito, e a sociedade, sob a suspeita contínua de uma irrefutável cosmovisão, é senão aquilo que se encontra abaixo de narizes oniscientes cuja intuitição é inconteste. As particularidades são generalizadas, atribui-se ao homem uma essência primária e assim, nas trincheiras das batalhas hodiernas, vemos tiros contra moinhos de vento enquanto os verdadeiros dragões cingem entre os dentes o reino decadente a ser salvo.
Síntese
Um espectro ronda a UFS – o espectro da plena indignação. Se os nossos representantes antes desdenhavam de seus opositores levando a termo o sarcasmo e o cinismo afiançados pela estabilidade eleitoral conquistada ao longo dos tão exibidos cinco anos de gestão, agora, transposto o tempo em que o sofisma da radicalidade acobertou uma voz mais áspera e convicta dos seus desejos, ninguém pode mais se dar ao luxo de, usando a antiga fórmula, denegrir a intencionalidade da postura irascível que já foi tomada e muitas vezes mais ainda queremos assumir: estando à altura do problema contra o qual nos rebelamos, não poderia ser mais franca e orgânica do que ela é.
A leviandade com que as questões estudantis até aqui foram tratadas, desnudando a fraca seriedade da Integração-UJS mesmo aos olhos mais relapsos, traduziu para nós, os indignados, o maior êxito político que os nossos representantes obtiveram durante todo esse período: ter contribuído para que os estudantes da UFS, alheados da realidade supurada, sequer pudessem chamar a si mesmos de desatentos. A Integração-UJS os fez simplesmente indiferentes e, em uso de um catecismo profano que foge em todas as medidas ao arcabouço ideológico que a antepara no nível da teoria, imprimiu sobre o corpo discente a resignação e a opinião mecânica como imperativo categórico. Porém, ao ter logrado quem se detém aos dilemas da universidade criticamente pondo-lhe o bordão de radical, conjurou os seus fins levando adiante um asqueroso jogo de compadres, o mesmo que condenou o Brasil ao apodrecimento, sem nunca discutir um problema verdadeiro à luz do dia. Ora, o ditado é muito claro: quem não deve não teme!
O indivíduo que se atém ao valor da experiência cotidiana e faz dela o alicerce sobre o qual erige os seus pontos de vista, sente brotar dentro de si um forte sentimento que, se não é retido como um apetrecho castrador em razão do qual uma ficção pessoal é delimitada, atua sob a circunstância de uma brutal sede de mudança. O fato estranho, porém, nasce quando a situação dada como objeto concreto a ser discernido através de nossa vivência é solapada pela projeção ingênua que a faz um estágio degradado da vida a ser superado futuramente, com a aquisição de ferramentas facilitadoras que a tornem prescindível. Ou seja, o fato estranho da UFS é vê-la como a caracterização perfeita de como as pessoas tratam a coisa pública, fazendo desta dimensão presente um atributo de menor importância frente a tudo o que se irá ter depois. Isto é: ainda que o Padre Pedro-Campus represente um singelo gesto de humilhação aos estudantes por parte das empresas, os mesmos preferem se subjugar ao que ele é enquanto coisa dada e que pode ser transposta a cobrar das empresas um transporte público mais decente – em outras palavras, eles são cônscios de que a vida lhes dá garantias de que entrarão na Petrobrás e comprarão um carro. A mesma lógica serve para explicar o sentido primordial da relação que os estudantes têm com universidade em geral.
Desse modo, que há de radical em se lançar à luta para confrontar essa lógica dispersa e pouco engajada com compromissos mais nobres? O sofisma da radicalidade é um artifício esdrúxulo – e, sem dúvida, elaborado por um ignaro – usado para redobrar os estudantes e reciclar o monopólio do DCE. Que outra razão haveria para se explicar o corpo mole da Integração-UJS em relação a assuntos urgentes como o transporte público e os problemas ocasionados pela expansão impensada da universidade? Observe-se que o sufocamento da dialética propugnado pelos nossos representantes não remete a uma gestão democrática, construída sob os auspícios da totalidade, mas a um regime tirânico onde uns poucos ditam as regras. Sendo assim, representantes, é importante lhes frisar: os indignados, além de seus inimigos declarados, querem restituir à universidade todas as suas potencialidades, preenchendo-lhe até mesmo com aquelas que antes da hecatombe ela não tinha.
Ambicionando o descanso, deito-me; tenho o corpo mole de viver os dias; ao lado, depois da parede, meu cachorro late, e, como sempre, é para ninguém. Escuto o chiado inquebrantável do rádio do meu vizinho; baladas carnavalescas grudam-se aos meus ouvidos; sem que eu perceba, depois de já ter desviado a atenção para outra circunstância, o visgo rítmico dessas músicas animadas, estúpidas como são, atuam nos meus lábios, e as canto para mim mesmo, sentindo depois vergonha íntima, numa espécie de mixórdia que deve ser silenciada. Vou ao computador, curvo a coluna para os lados da cadeira plástica, e olho o que vi há muito pouco tempo, fazendo caretas que ninguém as conhece, esmorecido pelo tédio, pelo calor, pela falta de vida da cidade onde vegeto dias previsíveis. Armo, então, ao quintal a preguiçosa velha; à sua frente, finco um banco onde possa despejar as minhas patas; comigo me acompanham fumo, o cachimbo e um livro, que decerto lerei como se não o lesse, enquanto sorvo e libero, pela boca ressecada, uma fumaça prazerosa. Anoitece, os mosquitos não me perdoam a carne, e a comem, penicam, deixando-a rubra e repleta de abscessos. Desarmo, destituído de energia, o circo montado para o espetáculo do conhecimento - cadeiras e utopias, cada uma no seu lugar. Um inverno soberano, de repente e absurdo, me arrefece à alma e, ofegante, ponho na xícara talvez o décimo café do dia. Janto como um javali guloso; logo após estiro o meu corpo gordo sobre a cama, com o ventilador ligado ao pé da minha cabeça, e olho as telhas inexpressivas perante à escuridão que preenche meu quatro. Um alívio de estar perdido dá-me a mão repugnante; adormeço pensando em futuro, trabalho... Cruel, muito cruel, quem me pôs dentro das veias esse sopro orgânico. Sonho a felicidade como uma realidade inadmissível.
Antítese
Em face das nuances contingenciais da existência, apresenta-se, como escopo, a verdade – síntese de um tempo justaposto a outro. Há quem desmereça, frente o espetáculo, a importância do pão, nutrindo mais sua alma de quadros e de poemas que lançando mão de esforços para erradicar a fome e a miséria. A filosofia, a exemplo da boa vontade, tergiversa estacionada ao fulcro de sua imaterialidade, e a história, vista em recorte, torna-se, com todos os seus Césares, um estorvo intransponível. Insatisfeito com a monotonia de sua autorreflexão construtora de últimas verdades, o homem converte as imagens obtidas através de sua clarividência em crença, advogando, sem nunca medir esforços para alcançar os almejados fins, que os niilistas muito esclarecidos subam ao trono deste mundo vil para, despótica e indiferentemente, governá-lo. Obsessos em seu cansaço, regurgitando a insatisfação de uma tal dor geral e infinita, os cabisbaixos contemporâneos são puro solipsismo, guiados sob as trevas pelo imperativo hedonista do prazer irrestrito, e a sociedade, sob a suspeita contínua de uma irrefutável cosmovisão, é senão aquilo que se encontra abaixo de narizes oniscientes cuja intuitição é inconteste. As particularidades são generalizadas, atribui-se ao homem uma essência primária e assim, nas trincheiras das batalhas hodiernas, vemos tiros contra moinhos de vento enquanto os verdadeiros dragões cingem entre os dentes o reino decadente a ser salvo.
Síntese
Um espectro ronda a UFS – o espectro da plena indignação. Se os nossos representantes antes desdenhavam de seus opositores levando a termo o sarcasmo e o cinismo afiançados pela estabilidade eleitoral conquistada ao longo dos tão exibidos cinco anos de gestão, agora, transposto o tempo em que o sofisma da radicalidade acobertou uma voz mais áspera e convicta dos seus desejos, ninguém pode mais se dar ao luxo de, usando a antiga fórmula, denegrir a intencionalidade da postura irascível que já foi tomada e muitas vezes mais ainda queremos assumir: estando à altura do problema contra o qual nos rebelamos, não poderia ser mais franca e orgânica do que ela é.
A leviandade com que as questões estudantis até aqui foram tratadas, desnudando a fraca seriedade da Integração-UJS mesmo aos olhos mais relapsos, traduziu para nós, os indignados, o maior êxito político que os nossos representantes obtiveram durante todo esse período: ter contribuído para que os estudantes da UFS, alheados da realidade supurada, sequer pudessem chamar a si mesmos de desatentos. A Integração-UJS os fez simplesmente indiferentes e, em uso de um catecismo profano que foge em todas as medidas ao arcabouço ideológico que a antepara no nível da teoria, imprimiu sobre o corpo discente a resignação e a opinião mecânica como imperativo categórico. Porém, ao ter logrado quem se detém aos dilemas da universidade criticamente pondo-lhe o bordão de radical, conjurou os seus fins levando adiante um asqueroso jogo de compadres, o mesmo que condenou o Brasil ao apodrecimento, sem nunca discutir um problema verdadeiro à luz do dia. Ora, o ditado é muito claro: quem não deve não teme!
O indivíduo que se atém ao valor da experiência cotidiana e faz dela o alicerce sobre o qual erige os seus pontos de vista, sente brotar dentro de si um forte sentimento que, se não é retido como um apetrecho castrador em razão do qual uma ficção pessoal é delimitada, atua sob a circunstância de uma brutal sede de mudança. O fato estranho, porém, nasce quando a situação dada como objeto concreto a ser discernido através de nossa vivência é solapada pela projeção ingênua que a faz um estágio degradado da vida a ser superado futuramente, com a aquisição de ferramentas facilitadoras que a tornem prescindível. Ou seja, o fato estranho da UFS é vê-la como a caracterização perfeita de como as pessoas tratam a coisa pública, fazendo desta dimensão presente um atributo de menor importância frente a tudo o que se irá ter depois. Isto é: ainda que o Padre Pedro-Campus represente um singelo gesto de humilhação aos estudantes por parte das empresas, os mesmos preferem se subjugar ao que ele é enquanto coisa dada e que pode ser transposta a cobrar das empresas um transporte público mais decente – em outras palavras, eles são cônscios de que a vida lhes dá garantias de que entrarão na Petrobrás e comprarão um carro. A mesma lógica serve para explicar o sentido primordial da relação que os estudantes têm com universidade em geral.
Desse modo, que há de radical em se lançar à luta para confrontar essa lógica dispersa e pouco engajada com compromissos mais nobres? O sofisma da radicalidade é um artifício esdrúxulo – e, sem dúvida, elaborado por um ignaro – usado para redobrar os estudantes e reciclar o monopólio do DCE. Que outra razão haveria para se explicar o corpo mole da Integração-UJS em relação a assuntos urgentes como o transporte público e os problemas ocasionados pela expansão impensada da universidade? Observe-se que o sufocamento da dialética propugnado pelos nossos representantes não remete a uma gestão democrática, construída sob os auspícios da totalidade, mas a um regime tirânico onde uns poucos ditam as regras. Sendo assim, representantes, é importante lhes frisar: os indignados, além de seus inimigos declarados, querem restituir à universidade todas as suas potencialidades, preenchendo-lhe até mesmo com aquelas que antes da hecatombe ela não tinha.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
EDUCAÇÃO E MEMÓRIA
Nos dias atuais, os profissionais de educação abordam seus alunos com metodologias novas, que com toda certeza fizeram efeito em outras realidades. No momento, minha preocupação não é fazer julgamentos sobre essas metodologias, até mesmo porque não conheço a fundo todas elas. Alguém disse em um evento sobre educação que nossa realidade de muitos fracassos e poucos progressos não tem como causa as teorias. De certa forma discordo.
A experiência de sala de aula nos diz que, pelo menos, duas coisas acontecem ao usarmos determinadas teorias. A primeira é a apropriação errada da teoria. O profissional deseja aplicar uma teoria que deu certo em certa realidade, mas, não percebe a conjuntura de nossa realidade. Isso é o mesmo que dizer que um meio sócio cultural diferente exige, pelo menos, uma adequação da teoria à realidade em que ela se manifesta.
Em segundo lugar, nossa estrutura educacional não nos dá chances para a aplicação das teorias adaptadas devido a sua fragilidade. Nossas verbas são poucas, e nossa sociedade quase em sua totalidade é pobre de capital simbólico formal o que torna o ingresso do educando na escola muito mais complicado, pois, o eixo família/escola – pilar de uma educação mais interativa está empobrecido.
A relação escola/sociedade é uma relação de contradições. A escola é reprodutora de modelos, o que não está totalmente errado. No entanto, quando ela reproduz o modelo de exclusão social quando entende que a teoria é tudo e que não necessita dialogar com a realidade do aluno para suprir o que em casa ele não teve em termos de conhecimentos mínimos como saber reconhecer o título de um texto, ela não enxerga o todo, fala para uma massa hegemônica. O aluno é tratado como povo, sem rosto, sem história.
A falta desses pequenos saberes, que em outros países, em outras realidades ou em outras classes sociais, se aprende em casa, dificulta muito a aplicação das teorias. Isso na maioria dos casos nos lança no fracasso escolar. Fica claro aqui que o problema não se encontra na teoria em si, mas, em sua aplicação ou adequação. Portanto, acho correto pensar que temos problemas com as teorias sim.
Um exemplo que deixa a questão muito clara é o rompimento com memorização dos rudimentos, digamos assim, da aritmética. Pequenas coisas como 9x5, por exemplo, que muitos alunos do fundamental não sabem. E não sabem por que o profissional de educação rompeu com a antiga memorização da tabuada em nome de uma critica da realidade ainda muito precoce. O mesmo ocorre com verbos no português e regras morfológicas em nome de uma linguística que faz do texto o objeto maior, contudo, não existe texto sem palavras.
Não quero aqui dizer que as novas teorias do ensino da matemática ou do português estão erradas, digo apenas, que elas, na sua maioria, foram construídas para outras realidades, muito estranhas a nossa. Nosso país é muito pobre, embora rico culturalmente, no que diz respeito a cultura livresca e escolar. Tenho visto que a velha tabuada e os paradigmas verbais fazem efeito. Que o ditado pode muito contribuir com o letramento do aluno que teve ao longo de sua história de vida pouquíssimo contato com o mundo escolar e intelectualizado. Penso como Freire, no entanto, saiu um pouco de seus modelos usando-os como estratégias para fazer o aluno aprender e depois apreender a realidade pelo olhar de uma lente mais dialética.
A necessidade de crescer o vocabulário em uma determinada faixa etária, às vezes, impõe uma abordagem behaviorista do ato de ensinar. Existem crianças que necessitam com mais urgência construir um corpo mnemônico de vocábulos para uma maior recepção e transmissão de sentidos. Se o mecanismo de apreensão da realidade perpassa o cognitivo e penetra no biológico; o processo de julgamento dos dados e classificação das coisas depende de uma máquina psíquico orgânica. Assim, necessita de estímulos externos para fortalecer sua capacidade de meta-cognição.
A experiência de sala de aula nos diz que, pelo menos, duas coisas acontecem ao usarmos determinadas teorias. A primeira é a apropriação errada da teoria. O profissional deseja aplicar uma teoria que deu certo em certa realidade, mas, não percebe a conjuntura de nossa realidade. Isso é o mesmo que dizer que um meio sócio cultural diferente exige, pelo menos, uma adequação da teoria à realidade em que ela se manifesta.
Em segundo lugar, nossa estrutura educacional não nos dá chances para a aplicação das teorias adaptadas devido a sua fragilidade. Nossas verbas são poucas, e nossa sociedade quase em sua totalidade é pobre de capital simbólico formal o que torna o ingresso do educando na escola muito mais complicado, pois, o eixo família/escola – pilar de uma educação mais interativa está empobrecido.
A relação escola/sociedade é uma relação de contradições. A escola é reprodutora de modelos, o que não está totalmente errado. No entanto, quando ela reproduz o modelo de exclusão social quando entende que a teoria é tudo e que não necessita dialogar com a realidade do aluno para suprir o que em casa ele não teve em termos de conhecimentos mínimos como saber reconhecer o título de um texto, ela não enxerga o todo, fala para uma massa hegemônica. O aluno é tratado como povo, sem rosto, sem história.
A falta desses pequenos saberes, que em outros países, em outras realidades ou em outras classes sociais, se aprende em casa, dificulta muito a aplicação das teorias. Isso na maioria dos casos nos lança no fracasso escolar. Fica claro aqui que o problema não se encontra na teoria em si, mas, em sua aplicação ou adequação. Portanto, acho correto pensar que temos problemas com as teorias sim.
Um exemplo que deixa a questão muito clara é o rompimento com memorização dos rudimentos, digamos assim, da aritmética. Pequenas coisas como 9x5, por exemplo, que muitos alunos do fundamental não sabem. E não sabem por que o profissional de educação rompeu com a antiga memorização da tabuada em nome de uma critica da realidade ainda muito precoce. O mesmo ocorre com verbos no português e regras morfológicas em nome de uma linguística que faz do texto o objeto maior, contudo, não existe texto sem palavras.
Não quero aqui dizer que as novas teorias do ensino da matemática ou do português estão erradas, digo apenas, que elas, na sua maioria, foram construídas para outras realidades, muito estranhas a nossa. Nosso país é muito pobre, embora rico culturalmente, no que diz respeito a cultura livresca e escolar. Tenho visto que a velha tabuada e os paradigmas verbais fazem efeito. Que o ditado pode muito contribuir com o letramento do aluno que teve ao longo de sua história de vida pouquíssimo contato com o mundo escolar e intelectualizado. Penso como Freire, no entanto, saiu um pouco de seus modelos usando-os como estratégias para fazer o aluno aprender e depois apreender a realidade pelo olhar de uma lente mais dialética.
A necessidade de crescer o vocabulário em uma determinada faixa etária, às vezes, impõe uma abordagem behaviorista do ato de ensinar. Existem crianças que necessitam com mais urgência construir um corpo mnemônico de vocábulos para uma maior recepção e transmissão de sentidos. Se o mecanismo de apreensão da realidade perpassa o cognitivo e penetra no biológico; o processo de julgamento dos dados e classificação das coisas depende de uma máquina psíquico orgânica. Assim, necessita de estímulos externos para fortalecer sua capacidade de meta-cognição.
terça-feira, 10 de abril de 2012
O velho feliz
Fazia tempo que ele não sabia o que era se sociabilizar com as pessoas. Durante mais de um ano, sua rotina era tomar conta de sua amada esposa que definhava a cada dia que se passava. Após o falecimento dela, ele continuou a não freqüentar os espaços públicos.
Certo dia ao se acordar, resolveu abrir a janela e se deu conta do quanto grandiosa era a vida. Apesar de ele reconhecer a falta que sua esposa fazia todos os dias, ele determinou para ele que sua vida deveria prosseguir.
Ao completar seus vinte e dois aninhos, seu neto resolveu reunir a família inteira em um restaurante. Na mesa se encontravam seus filhos, genros, noras e seus demais netos. Ao servirem um drinque, ele fez questão de se levantar da cadeira para fazer um brinde ao seu neto aniversariante e à vida.
Fez um discurso que emocionou a todos que estavam na mesa. Relembrou dos tempos de juventude, da ganância em realizar projetos para o mundo, mostrou a todos os netos o quanto a vida valia a pena ser vivida, mesmo quando ela presenteava com circunstâncias nem sempre agradáveis. Falou sobre a falecida esposa e tirou lágrimas de todos.
Porém, em um tom firme, falou que era necessário se esquecer das tristezas da vida, afinal, para os que se encontravam naquela reunião, a vida continuava. Pediu a todos para que soubessem se usufruir da vida do aniversariante e não da morte daquela que todos amavam.
Brincou, cantou, bebeu, conversou como nunca mais havia conversado. Seu ânimo era tanto que ainda levou seu neto mais novo para brincar no parque que havia dentro do restaurante, conversou com seus netos adolescentes sobre suas ex-namoradas e discursou sobre política, religião, dentre outras coisas.
Ele queria tanto aproveitar a vida depois de tanto tempo cuidando de sua falecida esposa que prometeu ao filho mais velho terminar o dia em um clube. Ficou entusiasmado ao saber que no clube teria uma seresta daquelas que só ele sabia amar com tamanha intensidade.
Dentro do carro, resolveu passar em casa para tomar um banho antes de ir ao clube. Entrou em casa e logo se deparou com a fotografia da esposa. Respirou fundo, olhou o mundo da janela de seu condomínio, abraçou a moldura com a foto entre o peito e chorou como nunca mais havia chorado.
Depois de muito chorar, entrou no banheiro, olhou-se no espelho e viu como o tempo já havia desgastado a sua fisionomia.
Seu filho que o esperava no clube, começou a ficar impaciente com a demora do pai. Ligou para o celular dele e nada.
Resolveu ir ao apartamento. Chegando lá teve a sorte de encontrar a porta da frente sem a chave. Entrou no quarto a procura do velho, passou pela cozinha, pela área de serviço e nada. Ao ver a porta do banheiro fechada, bateu e só conseguia ouvir o barulho da água do chuveiro. Chamou bastante o pai e não obteve resposta.
Resolveu chutar a porta do banheiro e ela se abriu. Lá dentro encontrou o seu velho.
Certo dia ao se acordar, resolveu abrir a janela e se deu conta do quanto grandiosa era a vida. Apesar de ele reconhecer a falta que sua esposa fazia todos os dias, ele determinou para ele que sua vida deveria prosseguir.
Ao completar seus vinte e dois aninhos, seu neto resolveu reunir a família inteira em um restaurante. Na mesa se encontravam seus filhos, genros, noras e seus demais netos. Ao servirem um drinque, ele fez questão de se levantar da cadeira para fazer um brinde ao seu neto aniversariante e à vida.
Fez um discurso que emocionou a todos que estavam na mesa. Relembrou dos tempos de juventude, da ganância em realizar projetos para o mundo, mostrou a todos os netos o quanto a vida valia a pena ser vivida, mesmo quando ela presenteava com circunstâncias nem sempre agradáveis. Falou sobre a falecida esposa e tirou lágrimas de todos.
Porém, em um tom firme, falou que era necessário se esquecer das tristezas da vida, afinal, para os que se encontravam naquela reunião, a vida continuava. Pediu a todos para que soubessem se usufruir da vida do aniversariante e não da morte daquela que todos amavam.
Brincou, cantou, bebeu, conversou como nunca mais havia conversado. Seu ânimo era tanto que ainda levou seu neto mais novo para brincar no parque que havia dentro do restaurante, conversou com seus netos adolescentes sobre suas ex-namoradas e discursou sobre política, religião, dentre outras coisas.
Ele queria tanto aproveitar a vida depois de tanto tempo cuidando de sua falecida esposa que prometeu ao filho mais velho terminar o dia em um clube. Ficou entusiasmado ao saber que no clube teria uma seresta daquelas que só ele sabia amar com tamanha intensidade.
Dentro do carro, resolveu passar em casa para tomar um banho antes de ir ao clube. Entrou em casa e logo se deparou com a fotografia da esposa. Respirou fundo, olhou o mundo da janela de seu condomínio, abraçou a moldura com a foto entre o peito e chorou como nunca mais havia chorado.
Depois de muito chorar, entrou no banheiro, olhou-se no espelho e viu como o tempo já havia desgastado a sua fisionomia.
Seu filho que o esperava no clube, começou a ficar impaciente com a demora do pai. Ligou para o celular dele e nada.
Resolveu ir ao apartamento. Chegando lá teve a sorte de encontrar a porta da frente sem a chave. Entrou no quarto a procura do velho, passou pela cozinha, pela área de serviço e nada. Ao ver a porta do banheiro fechada, bateu e só conseguia ouvir o barulho da água do chuveiro. Chamou bastante o pai e não obteve resposta.
Resolveu chutar a porta do banheiro e ela se abriu. Lá dentro encontrou o seu velho.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Um ser Cotidiano, Um ser continuo
Um dia eu quero me acordar e acidentalmente ler um trecho banal,
porem desconhecido.
Unusual nas linhas de um jornal.
Quero me levantar e nao precisar escovar o dente.
Ir diretamente ao boteco e pedir um ordinario
cafe dobrado e sem acucar.
Quero voltar para casa
e ir diretamente para minha cama.
Tentar voltar para o meu sonho confuso o qual nao explica nada.
Nem por que a ponta do lapis se encontra de cabeca para baixo.
Quero voltar a acordar,
e no meio da tarde, abrir um livro
aquele de Nelson Rodrigues que morfou no meu armario
E assim, juntamente com as suas ideias
Eu possa exercitar o meu ser continuo.
porem desconhecido.
Unusual nas linhas de um jornal.
Quero me levantar e nao precisar escovar o dente.
Ir diretamente ao boteco e pedir um ordinario
cafe dobrado e sem acucar.
Quero voltar para casa
e ir diretamente para minha cama.
Tentar voltar para o meu sonho confuso o qual nao explica nada.
Nem por que a ponta do lapis se encontra de cabeca para baixo.
Quero voltar a acordar,
e no meio da tarde, abrir um livro
aquele de Nelson Rodrigues que morfou no meu armario
E assim, juntamente com as suas ideias
Eu possa exercitar o meu ser continuo.
sábado, 7 de abril de 2012
Três aforismos
Comprimindo-se a autonomia do indivíduo sobre si mesmo ao laconismo sóbrio das leias e das medidas restritivas, não se infunde sobre a natureza conflitante das coisas uma tão desejada ordem que se realiza continuamente, mas se retira daquele as chances de estabelecer uma consciência mais aprofundada sobre as implicações concretas dos seus atos, impossibilitando-o de se tornar verdadeiramente responsável. Desse modo, estou contra: a criminalização da maconha e do aborto, as campanhas antitabagismo, as políticas ambientais, os desafetos dos gays, os detratores de uma política laicizada e de uma educação emancipatória, os discursos pós-modernos que nunca cansam de salientar a opcionalidade de suas verdades tortas.
*
A corrupção é, em efetividade, uma prática arbitrária legitimada pela profundidade do saber utilitário repassado dentro das academias. Antes dos políticos, dos publicitários e dos juristas, os seus professores deveriam ser enquadrados.
*
Aos existencialistas, tais como Nietzsche e Camus, uma postura absurda se apresenta como aporte de uma resistência individual frente a um problema de dimensões extraordinárias, residindo na impermeabilidade deste a força-motriz através da qual se pode delinear um sentido para a vida. Ser absurdo hoje, portanto, implica em afirmar o capitalismo enquanto problema de dimensões extraordinárias e filiar-se ao batalhão dos que ousam combatê-lo.
*
A corrupção é, em efetividade, uma prática arbitrária legitimada pela profundidade do saber utilitário repassado dentro das academias. Antes dos políticos, dos publicitários e dos juristas, os seus professores deveriam ser enquadrados.
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Aos existencialistas, tais como Nietzsche e Camus, uma postura absurda se apresenta como aporte de uma resistência individual frente a um problema de dimensões extraordinárias, residindo na impermeabilidade deste a força-motriz através da qual se pode delinear um sentido para a vida. Ser absurdo hoje, portanto, implica em afirmar o capitalismo enquanto problema de dimensões extraordinárias e filiar-se ao batalhão dos que ousam combatê-lo.
terça-feira, 3 de abril de 2012
A vanguarda e a cultura de massa segundo Eduardo Portella
Segundo Portella (1978), a vanguarda deve se encontrar diretamente vinculada à realidade da produção da significação de alguma localidade, afinal, de acordo com ele, a vanguarda é resultado de toda uma imersão social e deve se encontrar diretamente envolvida com as produções de significações construídas socialmente, uma vez que “o homem não é uma abstração, mas um enredo, que se desenvolve num determinado cenário, num tempo específico” (1978; p:12).
Quando a vanguarda não é resultado da visão do mundo, ela “será ingênua, será mera exibição de excentricidade, vago e ocioso capricho” (1978; p:12). Para Portella, essa é a condição da vanguarda no Brasil pelo fato do país historicamente ter necessitado copiar os modelos coloniais, e por isso mesmo de acordo com o autor, “a vanguarda seria o que vem de fora e não o que sai de dentro (1978; p:12). Para Portella, a vanguarda no Brasil não passa de uma mímica banal.
Limitada a essa característica submissa, a-histórica, a vanguarda no Brasil, antes de se encontrar inserida nas reais necessidades do contexto histórico, resume-se a um mero formalismo alheio a população em geral. É por isso que para Portella, quando a vanguarda abdica de partir através de uma leitura mais crítica da sociedade em seu tempo histórico, ela “perde a sua comunicação coletiva, deixa de ser o estilo de muitos para ser a moda de alguns” (1978; p:13).
É por avaliar a importância da vanguarda enquanto imersão social, que Portella diferencia a vanguarda do vanguardismo. Segundo o autor, a vanguarda se encontra diretamente articulada com a prática histórica substituindo a utopia abstrata pela utopia concreta, ou seja, a uma utopia capaz de se completar em realidade deixando de “ser a moda de alguns para ser a linguagem de todos” (1978; p:32), uma vez que cria “uma linguagem, produto originário de significações existenciais próprias” (1978; p:15).
Já o vanguardismo, sobre a plataforma da participação política, não preserva a memória presente, passada e futura por se encontrar submetido meramente ao tecnicismo, veiculando apenas “uma visão mecanizada da linguagem e da história” (1978; p:20-21), se auto-apresentando como portador de uma única verdade. O vanguardismo se revela “como modo de produção textual fechado e unidimensional” (1978; p:19) mantendo traços caracterizados por retóricas monopolizantes.
É por isso que para Portella, a vanguarda tem que abdicar de sua postura de vanguardismo e assumir sua condição histórica. A vanguarda não deve se subjugar aos valores limitados às técnicas, visto que essa mera submissão representa o empobrecimento da totalidade da existência e a arte constitui força humanizadora e fenômeno fundamental da própria existência, uma vez que a arte é uma relação mediada entre sujeito e o objeto, e que por isso mesmo não comporta qualquer unilateralismo.
A vanguarda, constituindo-se enquanto reflexo do processo hstórico, para alargar seu campo expressivo, deve constantemente se rever e atualizar a noção de vanguarda e com isso sempre buscar criar novos parâmetros artísticos. Contudo, a vanguarda deve ter em mente que o novo não existe isoladamente, ou seja, “o novo não pode ser um simples corte sincrônico: o novo tem uma velha história (...) o novo deve necessariamente ser o renovado, a tradição questionada pelo presente e revitalizada pela ante-visão do futuro” (1978; p:29).
O novo está incluso no processo histórico, e para entendermos esse novo, precisamos compreender o processo anterior para transformarmos o passado em um futuro de forma crítica, afinal, “a história não é só presente, ou futuro, ou passado. O tempo é uma estrutura unitária, onde contracenam futuro, presente e passado” (1978; p:35). É por isso que para o autor, a vanguarda terá de “descartar-se de sua submissão a-histórica ao “mito do novo” (1978; p: 63).
Em se tratando da cultura de massa, Portella observa que a criação é um processo limitado, pois se reduz à esfera da reprodutibilidade do consumo. Para esclarecer isso, o autor nos mostra que a criação diante da sociedade de consumo tem como finalidade apenas criar outro produto nas prateleiras do mercado, dando-nos muitas vezes a ilusão de que existem inovações, mas que essas inovações promovem a modificação dos elementos do sistema, mas nunca do sistema em sua totalidade.
A criação na sociedade de consumo se expressa através da desestruturação dos esteriótipos que “não passa de uma mímica enganadora, em cima da qual se implanta a nova esteriotipia e preserva-se a demanda do produto” (1978; p:44). Ou seja, “criar na sociedade dos nossos dias passou a ser sinônimo de gerar intermináveis necessidades de consumo. (1978; p: 45). Portanto, “enquanto a criação subverte toda a engrenagem, o mecanismo do consumo modifica apenas as peças da engrenagem” (1978; p:45).
O que podemos perceber é que quando a vanguarda é pensada enquanto uma prática histórica, maior será o seu campo de imersão e compreensão social. Quando a vanguarda abdica em encarar o homem enquanto agente ativo e passivo da práxis, ela tende a descontextualizá-lo dificultando o diálogo e a reconciliação dele mesmo enquanto totalidade do seu ser. Ou seja, termina substituindo o pluralismo crítico pela dogmatização de uma suposta superioridade.
No que diz respeito à cultura de massa, Portella (1978) observa que assim como o vanguardismo, ela se encontra diretamente relacionada ao tecnicismo marcado pelo contexto industrializado. O autor atenta que as duas linguagens terminam por buscar o padrão ao invés de desenvolverem mensagens propicias para novas produções e interpretações. Porém, o que Portella vem mostrar é que o vanguardismo com toda a sua arrogância e prolixidade, diferente da cultura de massa, terminou por ser rechaçado da história.
PORTELLA, Eduardo. Vanguarda e Cultura de massa, editora Tempo Brasileiro, 1978.
Quando a vanguarda não é resultado da visão do mundo, ela “será ingênua, será mera exibição de excentricidade, vago e ocioso capricho” (1978; p:12). Para Portella, essa é a condição da vanguarda no Brasil pelo fato do país historicamente ter necessitado copiar os modelos coloniais, e por isso mesmo de acordo com o autor, “a vanguarda seria o que vem de fora e não o que sai de dentro (1978; p:12). Para Portella, a vanguarda no Brasil não passa de uma mímica banal.
Limitada a essa característica submissa, a-histórica, a vanguarda no Brasil, antes de se encontrar inserida nas reais necessidades do contexto histórico, resume-se a um mero formalismo alheio a população em geral. É por isso que para Portella, quando a vanguarda abdica de partir através de uma leitura mais crítica da sociedade em seu tempo histórico, ela “perde a sua comunicação coletiva, deixa de ser o estilo de muitos para ser a moda de alguns” (1978; p:13).
É por avaliar a importância da vanguarda enquanto imersão social, que Portella diferencia a vanguarda do vanguardismo. Segundo o autor, a vanguarda se encontra diretamente articulada com a prática histórica substituindo a utopia abstrata pela utopia concreta, ou seja, a uma utopia capaz de se completar em realidade deixando de “ser a moda de alguns para ser a linguagem de todos” (1978; p:32), uma vez que cria “uma linguagem, produto originário de significações existenciais próprias” (1978; p:15).
Já o vanguardismo, sobre a plataforma da participação política, não preserva a memória presente, passada e futura por se encontrar submetido meramente ao tecnicismo, veiculando apenas “uma visão mecanizada da linguagem e da história” (1978; p:20-21), se auto-apresentando como portador de uma única verdade. O vanguardismo se revela “como modo de produção textual fechado e unidimensional” (1978; p:19) mantendo traços caracterizados por retóricas monopolizantes.
É por isso que para Portella, a vanguarda tem que abdicar de sua postura de vanguardismo e assumir sua condição histórica. A vanguarda não deve se subjugar aos valores limitados às técnicas, visto que essa mera submissão representa o empobrecimento da totalidade da existência e a arte constitui força humanizadora e fenômeno fundamental da própria existência, uma vez que a arte é uma relação mediada entre sujeito e o objeto, e que por isso mesmo não comporta qualquer unilateralismo.
A vanguarda, constituindo-se enquanto reflexo do processo hstórico, para alargar seu campo expressivo, deve constantemente se rever e atualizar a noção de vanguarda e com isso sempre buscar criar novos parâmetros artísticos. Contudo, a vanguarda deve ter em mente que o novo não existe isoladamente, ou seja, “o novo não pode ser um simples corte sincrônico: o novo tem uma velha história (...) o novo deve necessariamente ser o renovado, a tradição questionada pelo presente e revitalizada pela ante-visão do futuro” (1978; p:29).
O novo está incluso no processo histórico, e para entendermos esse novo, precisamos compreender o processo anterior para transformarmos o passado em um futuro de forma crítica, afinal, “a história não é só presente, ou futuro, ou passado. O tempo é uma estrutura unitária, onde contracenam futuro, presente e passado” (1978; p:35). É por isso que para o autor, a vanguarda terá de “descartar-se de sua submissão a-histórica ao “mito do novo” (1978; p: 63).
Em se tratando da cultura de massa, Portella observa que a criação é um processo limitado, pois se reduz à esfera da reprodutibilidade do consumo. Para esclarecer isso, o autor nos mostra que a criação diante da sociedade de consumo tem como finalidade apenas criar outro produto nas prateleiras do mercado, dando-nos muitas vezes a ilusão de que existem inovações, mas que essas inovações promovem a modificação dos elementos do sistema, mas nunca do sistema em sua totalidade.
A criação na sociedade de consumo se expressa através da desestruturação dos esteriótipos que “não passa de uma mímica enganadora, em cima da qual se implanta a nova esteriotipia e preserva-se a demanda do produto” (1978; p:44). Ou seja, “criar na sociedade dos nossos dias passou a ser sinônimo de gerar intermináveis necessidades de consumo. (1978; p: 45). Portanto, “enquanto a criação subverte toda a engrenagem, o mecanismo do consumo modifica apenas as peças da engrenagem” (1978; p:45).
O que podemos perceber é que quando a vanguarda é pensada enquanto uma prática histórica, maior será o seu campo de imersão e compreensão social. Quando a vanguarda abdica em encarar o homem enquanto agente ativo e passivo da práxis, ela tende a descontextualizá-lo dificultando o diálogo e a reconciliação dele mesmo enquanto totalidade do seu ser. Ou seja, termina substituindo o pluralismo crítico pela dogmatização de uma suposta superioridade.
No que diz respeito à cultura de massa, Portella (1978) observa que assim como o vanguardismo, ela se encontra diretamente relacionada ao tecnicismo marcado pelo contexto industrializado. O autor atenta que as duas linguagens terminam por buscar o padrão ao invés de desenvolverem mensagens propicias para novas produções e interpretações. Porém, o que Portella vem mostrar é que o vanguardismo com toda a sua arrogância e prolixidade, diferente da cultura de massa, terminou por ser rechaçado da história.
PORTELLA, Eduardo. Vanguarda e Cultura de massa, editora Tempo Brasileiro, 1978.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Estudo sobre relacionamentos: Uma merda vazia.
As pessoas sao ridiculas. E as pesquisas tambem. Enquanto eu estava indo para Dublin, no onibus, lendo o jornal do dia, nao porque acredito no que esta escrito nas linhas, mas porque preciso aumentar o meu vocabulario. Nao sei se sou estupida, pois moro na Irlanda ha um ano e meu ingles nao e brilhante, ou se entender uma lingua e mesmo um trabalho dos diabos, pois e tanta expressao, tanta contextualizacao que a minha sensacao e que nunca sei de nada. Mas nesse dia, eu estava entendendo tudo, pois a materia que lia, falava sobre relacionamento. Fui associando ao que ja li, ha uns tempos atras, na Veja, IstoE e por ai vai.
Especificamente, tratava-se de um estudo cientifico que abordava relacionamento nos dias atuais. As pessoas estao preferindo o primeiro contato numa sala virtual, pois assim podem compartilhar de maneira mais direta os seus gostos, desejos, afinidades e ,inclusive, frustracoes. Nada contra voce tirar um domingo inoperante para fazer coisas inoperantes, como passar o dia no computador tentando encontrar nao uma alma gemea, mas alguem que possa compartilhar algumas bobagens do cotidiano. Mas o que me intriga, e que a tentativa de nos irmos diretamente para sala de bate-papo, apenas, forcosamente, para tentar enconrar um alguem que possa ser a sua suposta alma gemea e piada. A necessidade de ser feliz e construir um relacionamento virou moda, pois antes mesmo de expormos as nossas expectativas, perguntamos ao alguem que esta no outro lado, sua altura, peso, cor de olhos, tamanho da boca... para que dai possamos avaliar se estar nos padroes requerentes de felicidade abobalhada eterna (tudo isso nao passa de ilusoes criadas pela nossa ridicula cultura contemporanea que faz apologia ao belo). Gosto de voce porque voce fez bonito na vitrine, assim como meu casaco de pele. E bem por ai que funciona.
O que se torna mais ridiculamente esdruxulo e quando as vozes cientificas tentam legitimar esse circulo de bobagens. Talvez, por um momento pensei em ser mais um artificio para arrecadar dinheiro, arrancar os olhos dos leitores sobre as telinhas. Ja que eles nao se interessam mais em discursos razoavelmente mais inteligentes, produziremos o senso do comum senso para que assim os jornais voltem as ruas. Enfim, nao sei por que colocam fatos que todos ja estao cansados de saber ou que nao se da mais para acreditar, afirmados por grandes cientistas da Harvard, Cambridge sei la mais de que merda isso saira. Para que ser um grande cientista, estudioso de anos em uma faculdade renomada para repetir o que ja nao tem mais sentido, utilizando formulas mirabolantes pertecente a um desconhecido codigo genetico.
Se gosto de voce porque gosto. Se sinto atraida por um alguem porque sinto atraida. Claro que ha uma explicacao que cabem aos psicologos, sociologos, antropologos e mais aguns Ologos, pois eles precisam dissecar a estupidez humana para arrancar alguns trocados nesse mundinho ordinario. Mas tentar incutir que eu gosto do meu oposto e automaicamente, na mesma direcao besteirologica, um outro autor afirmar que gosto do meu semelhante, e uma tentativa absurda de cativar a burrice humana. Infelizmente, muitos de nossa especie acreditam nessas proezas. Talvez porque, como afirmava o sociologo ingles, Giddens, a sociedade anda sob trilhos em um trem desgovernado onde ninguem sabe ao certo de nada. Nao podemos prever o futuro antes, inimaginavel agora, pois a cada dia esse futuro se torna vago e escorregadio. Por isso utilizamos pesquisas vazias,cartoamante e astrologos para nos direcionar um futuro inexistente.
Nao sei por que insistimos em acreditar no mito do Primeiro Mundo como se tudo aqui, Europa e America do Norte, fossem mais desenvolvidos e plausiveis, se em pequenos textos jornalisticos nao informa nada que possam nos acrescentar.
Mito.
Uma merda vazia dentro de um vazo de vidro que se pode deslocar para qualquer lugar.
Especificamente, tratava-se de um estudo cientifico que abordava relacionamento nos dias atuais. As pessoas estao preferindo o primeiro contato numa sala virtual, pois assim podem compartilhar de maneira mais direta os seus gostos, desejos, afinidades e ,inclusive, frustracoes. Nada contra voce tirar um domingo inoperante para fazer coisas inoperantes, como passar o dia no computador tentando encontrar nao uma alma gemea, mas alguem que possa compartilhar algumas bobagens do cotidiano. Mas o que me intriga, e que a tentativa de nos irmos diretamente para sala de bate-papo, apenas, forcosamente, para tentar enconrar um alguem que possa ser a sua suposta alma gemea e piada. A necessidade de ser feliz e construir um relacionamento virou moda, pois antes mesmo de expormos as nossas expectativas, perguntamos ao alguem que esta no outro lado, sua altura, peso, cor de olhos, tamanho da boca... para que dai possamos avaliar se estar nos padroes requerentes de felicidade abobalhada eterna (tudo isso nao passa de ilusoes criadas pela nossa ridicula cultura contemporanea que faz apologia ao belo). Gosto de voce porque voce fez bonito na vitrine, assim como meu casaco de pele. E bem por ai que funciona.
O que se torna mais ridiculamente esdruxulo e quando as vozes cientificas tentam legitimar esse circulo de bobagens. Talvez, por um momento pensei em ser mais um artificio para arrecadar dinheiro, arrancar os olhos dos leitores sobre as telinhas. Ja que eles nao se interessam mais em discursos razoavelmente mais inteligentes, produziremos o senso do comum senso para que assim os jornais voltem as ruas. Enfim, nao sei por que colocam fatos que todos ja estao cansados de saber ou que nao se da mais para acreditar, afirmados por grandes cientistas da Harvard, Cambridge sei la mais de que merda isso saira. Para que ser um grande cientista, estudioso de anos em uma faculdade renomada para repetir o que ja nao tem mais sentido, utilizando formulas mirabolantes pertecente a um desconhecido codigo genetico.
Se gosto de voce porque gosto. Se sinto atraida por um alguem porque sinto atraida. Claro que ha uma explicacao que cabem aos psicologos, sociologos, antropologos e mais aguns Ologos, pois eles precisam dissecar a estupidez humana para arrancar alguns trocados nesse mundinho ordinario. Mas tentar incutir que eu gosto do meu oposto e automaicamente, na mesma direcao besteirologica, um outro autor afirmar que gosto do meu semelhante, e uma tentativa absurda de cativar a burrice humana. Infelizmente, muitos de nossa especie acreditam nessas proezas. Talvez porque, como afirmava o sociologo ingles, Giddens, a sociedade anda sob trilhos em um trem desgovernado onde ninguem sabe ao certo de nada. Nao podemos prever o futuro antes, inimaginavel agora, pois a cada dia esse futuro se torna vago e escorregadio. Por isso utilizamos pesquisas vazias,cartoamante e astrologos para nos direcionar um futuro inexistente.
Nao sei por que insistimos em acreditar no mito do Primeiro Mundo como se tudo aqui, Europa e America do Norte, fossem mais desenvolvidos e plausiveis, se em pequenos textos jornalisticos nao informa nada que possam nos acrescentar.
Mito.
Uma merda vazia dentro de um vazo de vidro que se pode deslocar para qualquer lugar.
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