segunda-feira, 25 de junho de 2012

Zerstörung: o belo em um plano arquitetonico


Seria Hitler um esteta implacável? Admirador febril da arte, Hitler utilizou   seus dons artísticos para desenvolver a política do belo, imprimindo em seus discursos o totalitarismo para manobrar a massa* oprimida e devastada pela 1ª Guerra Mundial.
            A Alemanha revivia tempos de horror no final da guerra, a economia paralisada, a política desgastada e um cenário falido onde corpos moribundos transitavam desordenadamente nas ruas de Munique. Em meio dessa instabilidade política, econômica e social, utilizar palavras promissoras que almejem a ordem, o novo e o progresso soou prudente para reativar esperanças no povo alemão.
            Antes de ser uma política, o nazismo foi estético, uma arte fielmente moldada nos rígidos contornos da ordem. Como relata no documentário de Peter Cohen (1989) “ Arquitetura da destruição”, Hitler arquitetou um novo modelo de homem para Alemanha. Embora, o gosto hitleriano tenha um toque aristótélico do belo, a sua influência romântica não podia ser desprezada. Poderíamos conciliar o belo, para Hitler, como algo “ na ordem, na simetria e numa grandeza que se preste a ser facilmente abarcada” (Poet., 7, 1450 b 35 ss.; Met., XIII,3, 1078b 1 apud Abbagnano, 1961) unido a criação espontânea do artista como parte da atividade criadora do Divino (Abbagnano, 1961).
            Nesse documentário, o belo e arte parecem se conciliar para Hitler, assim como no séc. XVIII em que as noções de arte e belo mostram vinculadas, como objetos de uma única investigação, essa conexão foi fruto do conceito de gosto, entendido como faculdade de discernir o belo, tanto dentro quanto fora da arte (Abbagnano, 1961).
            Assim, como foi ressaltado no documentário, o belo na propaganda nazista era evidenciado pela sua própria natureza em si, estava impresso no gene da raça ariana. A beleza dessa raça estava explícitas nos olhos azulados, cabelos aloirados, na altivez e na juventude dos  rostos alemães. Somente eles poderiam trazer o progresso e a vitalidade para a Alemanha, os que não correspondiam com esses moldes eram considerados meros dejetos que desestabilizavam a ordem totalitarista.
            Os médicos alemães foram instrumentos diretos no projeto arquitetônico de pureza racial de Hitler, como declara Cohen (1989) “ A maquiagem do culto nazista à beleza, encontrou seu caminho na câmara de gás”. Foi tempos de “sanitarismo antropológico” em que o assassinato em massa se estabeleceu como , utiliza o autor,  melhor forma de terapia para exorcizar a espúria incômoda da Alemanha. Programas de eutanásia, uso letal do monóxido de carbono foram suficientes para esterilizar a massa degenerada, formada por judeus , deficientes e doentes mentais, a fim de “preservar o corpo do povo”.


                                                                                                                        


 
1-massa- considerei o termo para denominar o povo alemão na determinada época. Essa termo foi empregado para denominar pessoas despersonalizadas, massificada por   sistema em vigor.




 
Referencia:
 Dizionario di filosofia (1961). Em português, Dicionário de Filosofia, Martins Fontes, São Paulo.






Um comentário:

  1. O conceito de belo, em seu sentido aristotélico, é um sentido até hoje usado pela maioria das pessoas, inclusive aquelas ditas questionadoras dos modelos aristotélicos. A noção do bom, do simétrico, serve como uma ferramenta de exclusão para tudo aquilo que é pensado como "não-belo". A sociedade é aristotélica. Os direitos humanos estão aí, mas nosso olhar é aristotélico. A diferença é que hitler acabou com milhões de vidas, mas assim como a sociedade, hitler apenas reproduziu valores elitistas, racistas e excludentes, fazendo de sua política, um ato de estética.

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