quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Economia de Comunhão

***Caros amigos, como estou atolado na finalização de uma pesquisa, gostaria de já me desculpar de antemão por me restringir hoje a postar sobre o meu objeto.
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O Movimento Focolares nasceu em Trento, em 1943, com o propósito de um agir baseado no Evangelho em meio ao desgaste humano causado pela Segunda Grande Guerra. Segundo o seu site oficial, encontra-se, hodiernamente, em 182 países, tendo mais de dois milhões de agregados. Não obstante sua matriz cristã, o Movimento é de caráter ecumênico, envolvendo cristãos e não-cristãos, e seu empreendimento econômico mais visível a Economia de Comunhão, surgida em 1991 (Costa, 1998;Lubich, 2004).
Chiara Lubich atribui a duas experiências a inspiração para o nascimento da Economia de Comunhão. A primeira delas teria sido a observação da vida monástica efetivada na cidade de Einsiedeln na Suíca, onde, segundo a fundadora, teria-se presenciado a atualização do ideal beneditino “ora e trabalha”. A segunda diz respeito à leitura da encíclica Centesimus Annus, de autoria do então papa João Paulo II. Conforme Lubich, nela “o Papa reafirma a Doutrina Social Cristã, o direito à propriedade privada, a liberdade de associação e a salvaguarda dos direitos humanos sob todos os aspectos” (Lubich, 2004:12).
Tais experiências teriam instigado a efetivação de um fazer socioeconômico nas chamadas cidades-testemunhos, ou Mariápolis permanentes, com as quais se pretendia lançar protótipos de comunidades cujo modo de organização se daria de acordo com os princípios da primitiva comunidade cristã, embasando-se na comunhão de bens. Isto se daria uma vez que, segundo sua fundadora, “os primeiros cristãos a praticavam de modo livre e, como conseqüência – assim relatam os Atos dos Apóstolos – não havia entre eles indigente algum”. (Lubich, 2004:12).
A lógica socioeconômica que passou a ser implementada nas Mariápolis consistia em fazer as empresas lá estabelecidas gerarem um lucro que seria, para além de ser meramente repartido entre todos, posto em comum. Isto implicaria estruturar e oferecer trabalho aos mais desprovidos, em segundo reinvestir no desenvolvimento destas empresas e por fim aprimorar as estruturas das Mariápolis.
Esta experiência surgida no Brasil (na cidade-testemunho de Araceli), deslocaria a cultura do ter, acumular e desperdiçar para a cultura do dar.  Isto seria logrado através do direcionamento da empresa a constituir-se como comunidade de pessoas altamente responsáveis cujos lucros, como já supracitado, compreenderiam uma sociedade solidária aos hipossuficientes, gerando, em contrapartida, homens novos (pessoas renovadas pelo Evangelho, nas palavras de Paulo “e a renovar-vos pela transformação espiritual da vossa mente, e revestir-vos do Homem Novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade”) e incrementando a própria empresa.  
Costa (1998) chama a atenção para toda a reestruturação conceitual e burocrática por que as empresas que se entusiasmaram com a experiência da Economia de Comunhão tiveram de passar. Ilustra, assim, casos concretos que reforçam as novas características, quais sejam, a igualdade fundamental de todos os agentes, cultura da dignidade do trabalhador, nova organização na jornada de trabalho, uma nova forma de aproximação com os concorrentes – centrada na cooperação -, nova forma de relação com os clientes, cobrando taxas mais elevadas aos mais abastados e menores aos menos.

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